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Apps e programas que um pesquisador usa

Inspirado por uma série de episódios anuais do Cortex, aqui está uma lista dos apps e programas que eu, um pesquisador de Engenharia, uso diariamente (para fins de trabalho):

iPhone

  • Drafts – quando você abre o Drafts, ele imediatamente abre uma página em branco, sem eu precisar explicitamente criar uma nova nota. A minha versão de “manter cartões de anotações” o tempo todo comigo conforme recomendado por David Allen e Anne Lamott;
  • Todoist -para consultar minhas tarefas;
  • Outlook – app de email que uso por nenhuma razão específico para usar e nenhuma razão específica para deixar de usar. Meu relacionamento com e-mails é o seguinte: eu abro regularmente, arquivo 90%, mando 5% para o Evernote, respondo os 2% rapidamente no iPhone, e deixo os outros 2% para responder com calma no PC;
  • Kindle – para sempre ter um livro à mão (e leio muito coisa técnica);
  • PCalc – porque eu sou engenheiro, e como todo bom engenheiro, uso com modo RPN;
  • NetNewsWire – sei que a internet diz para não acompanhar notícias, por isso vou consultando ao longo do dia meus blogs favoritos (muitos deles relacionados ao trabalho);
  • Forest – um app que faz crescer uma árvore no seu celular e, se você sai do app para consultar o Instagram, email, WhatsApp etc, a árvore morre. Bom para se concentrar!

Windows

E é assim que eu trabalho.

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Estudando para concursos de professor com iA Writer

Como parte do meu ano de Ler e Escrever, eu ando escrevendo muito. Estou em preparação contínua para concursos de professor efetivo que devem ocorrer esse ano e, para quem não conhece as regras do jogo, concursos deste tipo envolvem diversas etapas, começando por uma prova escrita, onde dois pontos são sorteados e os candidatos devem escrever duas dissertações sobre os temas. Marco Mello obviamente dá uma boa visão geral de como funciona.

No último concurso que prestei, eu não passei na prova escrita, e acho que minha principal falha foi ter escrito textos genéricos demais, sem personalidade nenhuma. Para a próxima tentativa, eu estou decidido a escrever textos mais pessoais; um colega que já passou em um concurso deu a dica de ouro de escrever o seu livro-texto. Os meus livros-texto favoritos são aqueles que deixam passar claramente a voz do autor, como os livros do Frank White de Mecânica dos Fluidos ou de Termodinâmica do Adrian Bejan. Essa dica também é dada por (de novo) Marco Mello.

Para escrever coisas assim, eu preciso treinar. Assim, também em relação a concursos passados, eu não tenho apenas tomado notas, mas tenho escrito redações de treino. Essas não são necessariamente uma redação a decorar e depois reescrever de cabeça na hora da prova, mas uma maneira de já conhecer pelo menos uma maneira de contar uma história sobre o tema.

O app de notas que uso é Obsidian, que trabalha com uma pasta de arquivos no meu computador. Para poder usar os apps de iOS e iPadOS, minha pasta notes está no iCloud Drive. Eu tenho uma nota com uma lista dos tópicos conforme divulgado nos editais.

Os itens marcados acima são links para outras notas, onde eu já escrevi um rascunho sobre o tema. Mas como uma nota = um arquivo de texto em Markdown, e não um registro em um banco de dados, eu posso simplesmente abrir cada nota em outro editor. Neste ano, eu finalmente investi no iA Writer.

Na biblioteca do iA Writer, eu adicionei algumas subpastas da minha pasta principal de notas, onde estão os ensaios que estou escrevendo para praticar:

Por que pagar tanto e se importar tanto com um app? Porque ele facilita o foco; quando estou escrevendo livremente, eu vejo apenas o parágrafo que estou escrevendo:

Se eu fosse mais nerd do que já sou, eu poderia usar o recurso de análise sintática do app, que ressalta cada tipo de palavra (verbo, advérbio, adjetivos); se eu seguisse as ideias de Stephen King, eu então riscaria todos os advérbios, que geralmente não contribuem nada para a escrita:

Outro recurso essencial, para quem quer escrever textos de Engenharia, é poder formatar equações:

Eu tenho curtido muito o processo de escrever usando iA Writer, e recomendo fortemente a quem precisa ou quer treinar a habilidade de escrever.

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O poder de ser viciado em produtividade e organização

Um pequeno exemplo da vida real: meu pai está coordenando a pintura do meu antigo apartamento. Ele me manda uma mensagem perguntando a cor da tinta da porta.

Eu não lembro, mas meu sistema lembra.

O que eu preciso de fato lembrar é que essa informação está no Evernote. Então eu abro o app e procuro apenas por “tin”:

“Tinta pintura portas” parece ser a nota certa. E abrindo:

Sim, as portas eram verdes

Em 5 minutos o assunto estava resolvido. São momentos assim que minha mania de sempre ler sobre apps e métodos de produtividade parece que vale a pena.

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Aprendendo Notion para planejar semestres de aula

Uma das tarefas mais difíceis do meu trabalho de professor é planejar o semestre: preencher cada uma das horas do curso com algum tipo de conteúdo — de preferência, que avance o aprendizado dos alunos.

Quando as aulas do primeiro semestre de 2020 foram retomadas pós-interrupção pandêmica, eu apressadamente criei uma tabela básica no Notion, que listava os temas em cada dia:

Agora, antes de começar um semestre novo, quero realmente aprender a usar o Notion de maneira mais efetiva.

Por que Notion?

Eu nem lembro quando ouvi falar pela primeira vez desse aplicativo que promete ser tudo. O que é fácil notar é a quantidade de conteúdo criado exclusivamente sobre ele: era citado em podcasts e blogs, enchia a minha lista de vídeos recomendados no YouTube… Quando algo tem tanto hype assim, os meus instintos nerds não conseguem seguir a lógica de ser mais racional e me dizem que é hora de testá-lo de uma vez-

Thomas Frank e Ali Abdaal têm ambos vídeos excelentes sobre como usam Notion para planejar os seus respectivos canais, o que me convenceu de que este app é perfeito para isso: planejar um projeto ambicioso e criativo. A recente notícia de que o Notion agora é grátis para uso pessoal foi o incentivo final.

Eis o objetivo que eu me coloquei: eu quero algo que me permita criar uma lista de aulas para cada disciplina, com notas de aula para cada aula, e que me permita visualizar na forma de calendário.

Alguns recursos para ajudar a começar

Eu segui todas as instruções e tutoriais que aparecem quando você cria uma conta, e isso foi o bastante para criar o calendário mostrado anteriormente, mas queria mergulhar de maneira mais profunda para melhorar a partir do próximo semestre.

Eis os pontos principais:

  • Eu quero não apenas um calendário de aulas, mas uma visualização de lista que me permita visualizar cada aula dentro do contexto da disciplina, e.g. “Aula 1: Introdução”, “Aula 2: Lei de Fourier”;
  • Eu quero que cada “aula” conforme vista na tabela contenha notas que eu possa consultar durante as aulas, links para materiais relevantes que vou citar e disponibilizar, slides usados, exercícios

Para re-começar basicamente do zero, esse vídeo do Keep Productive é um bom primeiro passo.

Montando as páginas no Notion

O Notion funciona na base de tabelas, que são propriamente bancos de dados. Após alguma experimentação, eu criei uma tabela com os seguintes campos:

  • ID: a sequência daquela aula na disciplina; por exemplo, uma disciplina que tenha aula 1x por semana, durante as 18 semanas do semestre, vai ter aulas numeradas de 1 a 18;
  • Nome: o título daquela aula (e.g. “Ciclo Padrão de Compressão a Vapor”)
  • Status: uma propriedade do tipo “Escolha” que indica em que estágio está a preparação da aula: “A fazer”, “Notas no papel”, “Slides prontos”, “Ministrada”
  • Disciplina, identificada pelo código para ficar mais curto
  • Tipo: se a aula vai ser síncrona, ou é uma prova, ou uma apresentação de trabalho etc

O trabalho duro foi rever as aulas que dei nesse semestre, refletir sobre o que quero mudar para o próximo, e de fato preencher a tabela:

E isto que ainda está faltando as aulas de uma disciplina, que não tenho certeza que vou ministrar ainda

Facilitando a visualização

Para filtrar por disciplina, é fácil definir um filtro pela propriedade relevante:

Não vou negar: é bem divertido brincar com o Notion, até o momento eu que eu realmente vou ter de preparar cada aula dessa

Notas de aula

A outra função que quero aplicar no Notion é uma versão pelo menos rudimentar de notas de aula para consultar durante a aula.

O Notion vem com templates prontos, inclusive sobre educação. Para montar a tabela, eu comecei adaptando o template Lessons Plans para a tabela, e traduzindo o template de nota Lesson Plan (no singular) para usar para cada aula. Assim, clicando em cada linha da tabela de aulas, eu posso começar a rascunhar ideias para as aulas, usando os prompts do template:

Traduzido do template “Lesson Plan” embutido no Notion

Próximos passos

O semestre 2020-1 foi uma confusão em termos de notas: as primeiras aulas estão em notas rascunhadas que eu usava para escrever no quadro negro; algumas disciplinas já tinham alguns slides; e depois das aulas remotas, todas as aulas foram dadas completamente em slides.

Tudo indica que o semestre 2020-2 vai começar de forma remota também. Agora, o trabalho a ser feito é consolidar todas essas notas espalhadas nessa tabela central (que eu criei aliás para isso), preparar slides de apoio, e começar um novo capítulo da minha carreira de professor.

E o leitor, usa o Notion nos seus projetos?

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Como ministro aulas remotamente

Meu estilo de ministrar e gravar aulas remotamente é basicamente narrar em cima de slides e documentos e, quando as aulas são síncronas (eu e meus alunos ao mesmo tempo em uma vídeo-conferência), promover e moderar discussões sobre o assunto. Geralmente, disponibilizo vídeos e textos adicionais de outras fontes da internet.

Vamos aos detalhes então:

Apps

Keynote

Para cada disciplina, sigo um estilo visual no Keynote. Nos slides, coloco as informações chave e muitas imagens e gráficos; evito texto já que vou falar “ao vivo” para os alunos ou gravar uma narração.

Uma grande ajuda para preparar bons slides é o Presentations Field Guide, de David Sparks. É bom para reforçar alguns pontos, como usar os alinhamentos automáticos, ajustar a transparência de figuras para evitar um fundo branco, apps auxiliares para gravar vídeos e editar imagens, entre outros.

Estou desenvolvendo um sistema de criar slides automaticamente. A ideia surgiu nesse episódio do Automators, que me levou a esse AppleScript. O fluxo é:

  1. À medida que vou estudando o conteúdo de uma aula, vou desenvolvendo um mapa mental no MindNode;
  2. Quando estou satisfeito, exporto para OmniOutliner — primeiro exporto um OPML, que abro no OmniOutliner e em seguido salvo no seu formato padrão, para poder ter acesso a todos os seus recursos;
  3. Rearranjo o outline com base na regra do script: um tópico por slide;
  4. Quando estou satisfeito, invoco o programa, que pede o tema do Keynote e se o formato dos slides é panorâmico ou padrão;
  5. Então edito a apresentação até chegar no formato final.

PDFpenPro

Ultimamente, tenho usado o PDFpenPro para 2 coisas:

  1. Editar slides prontos que o meu orientador muito gentilmente me cedeu — acrescento textos, rearranjo figuras, etc.;
  2. Também uso as funções de escrita livre para gravar enquanto resolvo exercícios.

Screenflow

Para gravar a tela do meu computador e criar vídeos, uso o Screenflow. É caro como toda ferramenta profissional, mas fácil de usar ao mesmo tempo em que é acessível. Encarei também como um investimento, pois sempre quis aprender a fazer screencasts e aprender mais sobre produção de áudio e vídeo. Como todo nerd, comecei esse aprendizado com uma ferramenta superdimensionada.

Alguns recursos interessantes que de fato ajudam:

  • Filtrar o ruído de fundo;
  • Equalização automática do nível de volume, evitando um som inaudível ou estourado de tão alto:
Volume de som conforme gravado…
… e depois de equalizar os volumes
  • Atalhos de teclado fáceis e uma interface intuitiva para cortar pedaços de vídeo, como quando eu parei de falar, ou quando repito os “éééééé”:
Cortando um pedaço de silêncio muito grande
  • Poder aumentar o tamanho do mouse, ou mesmo eliminar de um trecho:
Aumentando o tamanho do ponteiro em 70%
  • Poder facilmente colocar textos explicativos durante a edição, se percebo que falei algo que não ficou claro:
Corrigindo uma pequena basteira que falei
  • Congelar o vídeo em um freeze frame para estimular os alunos a pensarem um pouco sem eles terem de pausar o vídeo — após alguns segundos, a narração e imagens continuam.

Seguindo recomendações que vi em praticamente todo lugar (mas essa página do MIT é um bom guia geral para começar a se preparar para dar aulas online), tento manter vídeos de no máximo 20 minutos. Dizem que o ideal mesmo seria 5-6 minutos, mas isso aumenta o número de vezes que tenho de parar e começar a gravar, e não sei o quão ótimo isso seria.

BBB

Big Blue Button é uma ferramenta open source de video-conferência. A Udesc usa em conjunto com o LMS Moodle (LMS = Learning Management System, sistema de gerenciamento de aprendizado); há muitos desenvolvedores na universidade mais que qualificados a gerenciarem os servidores, sem ter que pagar por um serviço comercial (que, na escala de uma universidade, certamente custaria muito caro).

Por que é interessante? O recurso matador para mim é poder fazer upload de um PDF e anotar em cima dele, como escrevendo um quadro (do que, aliás, sinto muita falta nesses tempos de aulas remotas). Há um chat integrado então posso ir acompanhando as dúvidas.

Nas últimas semanas do semestre letivo de 2020-1, parei de usar o Screenflow e tenho usado o BBB para gravar aulas também, entrando numa “sala” vazia e gravando. A qualidade não fica tão boa, mas não preciso me preocupar com editar, exportar, fazer upload. E posso anotar livremente em cima dos slides; depois que passei a usar o BBB exclusivamente, um aluno chegou a me mandar um email dizendo que a qualidade das aulas melhorou muito.

Um adendo sobre o fluxo de gravação de vídeos

O lado ruim de usar o BBB é que não tenho cópias dos vídeos. Nesse semestre tive de preparar muitas aulas rapidamente, então não sei se gostaria de reaproveitar essas gravações de qualquer jeito, e o semestre 2020-2 (a começar em novembro/2020) vai ser dedicado a melhorar os “primeiros rascunhos” de aulas. Com isso quero gravar vídeos mais definitivos, que possa reusar nos próximos semestres (eu estou nessa profissão para ficar).

O que me leva a pensar em como fazer upload efetivo. No meu mestrado cheguei a me aventurar na edição de vídeos, mas isso já faz 6 anos e esqueci tudo que aprendi naquela época. Assim, ter de aprender rapidamente a gravar e editar vídeos em tão pouco tempo foi levemente insano.

Para de fato disponibilizar os vídeos para os alunos, estava usando o método burro, que era criar páginas dedicadas no Moodle e fazendo upload manual dos vídeos ou usando a integração do Moodle com o OneDrive, que é meu serviço de nuvem — por nenhum motivo em particular a não ser vir com uma assinatura do Office e é usado como compartilhamento de pastas de fotos com minha esposa. A Udesc também fornece Office e tenho inclusive de melhor organizar essa separação entre arquivos pessoais e arquivos de aula.

Esse método é “burro” porque é bastante lento — de fazer upload e para os alunos assistirem, além de sobrecarregar o servidor. No semestre que vem, vou usar o YouTube ou a Microsoft Stream, que é a ferramenta institucionalizada de vídeos da Udesc.

Equipamentos

MacBook Pro 2017

Meu computador exclusivo para dar aulas é um MacBook Pro (13-inch, 2017, Two Thunderbolt 3 ports). Considero seu desempenho excelente para os usos dos softwares que listei acima.

Uso a webcam embutida para aparecer para meus alunos; é boa o suficiente, embora eu quero montar um setup com uma webcam melhor, até para poder usar um monitor externo para efetivamente dar aulas enquanto a tela do laptop fica como apoio (atualmente tenho de ficar alternando entre o Chrome com o BBB e algum material que esteja consultando, como exercícios).

Fones de ouvido

O headset que uso como ferramenta de áudio é o Kotion each G200 (veja foto de capa deste post). Acho ele meio pesado, mas nunca fico muitas horas com ele.

Eu queria um headset mediano, e aparentemente esse mercado é dominado pelo segmento gamer. Eu não amo o seu visual chamativo (mas, para ser sincero, também não odeio).

A qualidade do áudio é decente para um professor que está dando aulas pela primeira vez. E ele se conecta à interface de audio do laptop, então não preciso me preocupar com interfaces externas. Eu até comprei um microfone condensador para me aventurar, mas não considerei o quando a interface é realmente necessária (ele veio com uma mini placa de áudio USB que não adianta de nada). Um projeto para o futuro.

Métodos de entrada

Aguarde; amanhã haverá um post apenas sobre meu teclado, mouse e outros acessórios.

Ambientes

Por último, um comentário sobre o processo de gravação. Quando vou gravar um vídeo ou dar aula síncrona, enquanto estava numa casa maior em Florianópolis, eu usava um quarto cheio de almofadas e travesseiros para abafar o eco. Na minha casa atual em Joinville, não tenho um quarto extra disponível (e, como minha esposa pode facilmente atestar, minha voz alta tem o risco de acordar o bebê — um pecado capital para pais).

Assim, tenho gravado aulas na minha sala na Udesc. Não é perfeita, tem bastante eco e a iluminação não está nada arrumada…

Mas foi assim que eu consegui terminar o meu primeiro semestre como professor.

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Usando mapas mentais para planejar papers

Entenderam?

Sempre me espanta que mais pessoas não usem mapas mentais para planejar papers (e outros documentos escritos). É só a minha cabeça que contém ideias confusas demais e que precisam ser organizadas de alguma forma?

A imagem acima é do excelente MindNode (que eu acesso através do serviço Setapp), que infelizmente só existe para dispositivos Apple. Para Windows (para qualquer plataforma, na verdade), há o também bom MindMeister.

Meu fluxo de ficar desenvolvendo ideias até elas assumirem uma forma mais definida é totalmente influenciada pelo Presentations Field Guide, do David Sparks, e pelo episódio maravilhosamente chamado de Cooking Ideas do seu podcast Mac Power Users.

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Por que substituí o Spotify pelo Google Play Music

Se você me visitar em minha mesa de trabalho, provavelmente vai me encontrar com um fone de ouvido escutando a algum tipo de música instrumental, pelo simples fato de que eu não consigo trabalhar sem música. Escutar a compositores clássicos ou a faixas mais eletrônicas ou meditativas serve como um sinal para meu cérebro de que é hora de engajar em trabalho profundo e ajuda a me isolar de conversas e ruídos de máquinas (fundamental se você passa os dias em um laboratório).

Até o final do ano de 2016, minha escolha para isso era o Spotify, em parte graças à sua extensa coleção de playlists de “foco” (as minhas preferidas estão descritas no link anterior) e de outros gêneros — no Spotify, as playlists são “cidadãs de primeira classe” (como diriam os programadores) e descobrir e escutar seleções interessantes é o grande ponto forte desse serviço.

Mas…

Não me lembro exatamente como descobri isso, mas há alguns meses percebi que o Google tinha o seu próprio serviço de streaming de música, o Google Play Music, e que ele tinha um recurso muito interessante: você pode fazer upload das músicas que você tem em mp3 no seu computador e importar músicas do iTunes (o que chamou muito a atenção para mim, que ainda era usuário Mac). Os álbuns que eu tinha digitalizado (da minha época adolescente de comprar CDs físicos) ou comprado via iTunes Stores podiam fazer parte da minha biblioteca, juntamente com o próprio acervo do Play Music, e eu podia escutar a todas essas músicas indiferentemente no computador ou no meu smartphone Android.

Na época, fiquei muito interessado, mas ao mesmo decepcionado com as playlists do Play Music. O que era tão fácil e presente no Spotify parecia que estava escondido na interface nada amigável do serviço do Google (“Como assim não há dezenas de playlists de música clássica para eu escolher?”). Depois do mês de teste, abandonei o serviço; continuei com o aplicativo instalado no celular para ouvir a alguns álbuns que eu tinha já adicionado e que não estavam no acervo ao Spotify (felizmente, você não precisa assinar a versão paga do Play Music para escutar as suas próprias músicas, até certo limite) .

Esse ponto negativo perdeu muito de importância no final do ano passado, quando o Spotify anunciou os seus []novos termos de uso, que seguem a tendência de todas as start-ups e empresas baseadas na web de ficarem cada vez mais assustadores e sedentos de informação pessoal. Eu normalmente não me importo com isso (e sei que estamos trocando privacidade por conforto), mas achei que uma explícita menção a uma “quebra de sigilo bancário” era um pouco demais, mesmo que não tenha validade legal nenhuma.

E é por isso que desde o começo do ano tenho usado o Google Play Music como meu único serviço de música por streaming. Como já falei, o recurso de permitir upload das suas próprias músicas é um grande diferencial, e encontrei um substituto muito interessante das playlists (embora elas existam no Play Music): as rádios de artistas e álbuns.

De tanto escutar a música para foco no Spotify, já conheço alguns artistas e álbuns interessantes, em particular de trilhas sonoras de filmes. Ao selecionar um álbum no Play Music, você pode escutar a uma “estação de rádio” apenas com músicas e artistas relacionados ao álbum em questão, e você ainda pode dizer se gostou ou não de cada faixa que estiver escutando (imagino que, se não agora, isso vai alimentar algum mecanismo de inteligência artificial para lhe mostrar apenas o que você vai gostar, bem do jeito Google de ser). Aqui vão algumas sugestões:

Uma última dica: uma grande desvantagem do serviço do Google são os apps: o aplicativo para Android tem uma navegação um tanto confusa (mas funciona bem) e não existe programa oficial para desktop, mas o Google Play Music Desktop Player tem sido muito usado, principalmente por permitir usar as teclas de Play/Pause e de volume que alguns teclados possuem. Recomendo!

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Resenhas de apps

Drafts: a ferramenta perfeita de captura

Eu não gosto de dizer que eu preciso de um aplicativo ou programa para trabalhar. Não deve ser segredo aqui que tenho uma propensão ao vício em tecnologia, então eu preciso constantemente avaliar como estou usando meus apps, para ver se estou fazendo algo de útil ou apenas usando por usar.

Um iPhone pode ser um artigo de luxo ou um convite à produtividade. Conheço muitas pessoas que têm um celular de R$ 2000 para usar WhatsApp e algum jogo viciante na espera do médico; a minha cabeça de engenheiro abomina tal desperdício de tempo e dinheiro. Eu gosto de resolver problemas, e o uso de um smartphone é apenas uma extensão disso.

Um exemplo: eu gosto de passear com a minha namorada, e embora não tenha muita paciência para tirar milhões de fotos, sempre tiro algumas para deixar registrado aquele momento. Organizar as fotos em um iPhone é tedioso, difícil e ilógico; um celular naturalmente não foi feito para isso. Com esse computador de bolso, porém, é possível enviar automaticamente as fotos do iPhone com o seu computador, de maneira que você, ao chegar em casa pode organizar suas 1000 fotos sem precisar de cabos ou apertar um botão. Pergunte-me como.

Como no caso das fotos, o iPhone me facilita muitas atividade, mas eu não preciso de um para viver. Durante muito tempo eu conectei uma câmera ao computador e passei foto por foto.

Mas, num exercício hipótetico, se me fosse permitido violar minha regra, e escolher um aplicativo do qual eu realmente preciso, esse seria o Drafts.

O Drafts é basicamente um bloco de notas, com um detalhe que praticametente define esse app: quando você abre, ele te apresenta a tela branca acima, pronto para receber o seu texto. Você não precisa explicitamente criar uma nova nota ou abrir alguma já existente. Abrir o aplicativo significa criar um novo documento; uma vez no app, você pode navegar pelas suas notas.

O nobre leitor que me acompanha há algum tempo deve lembrar que revisei um livro chamado A Arte de Fazer Acontecer, que apresenta um método de produtividade e organização conhecido como GTD. Eu me concentrei mais no livro que no método em si, mas dei uma breve visão panorâmica. Escrevi:

Quando você está fazendo algo, seja relacionado ao seu trabalho (como preparar uma apresentação) ou à sua vida pessoal (como montar um armário), você se concentra nisso. Quando chega uma interrupção, você não pára e parte para outra atividade. Você anota a pendência numa caixa de entrada e continua o seu trabalho.

Esse processo de captura (como é chamado no jargão GTD) é o aspecto mais fundamental de organização. Não importa como você se organiza depois; na minha opinião, a chave de tudo é anotar tudo que chega até você.

O Drafts é a ferramenta perfeita de captura, devido à sua rapidez para criar uma nova nota. Tudo de que eu preciso me lembrar vai parar ali (tenho certeza que algumas pessoas, em especial minha namorada, devem estranhar quando tiro o iPhone do bolso por 15 segundos para escrever alguma coisa e depois volto a guardá-lo). Qualquer, absolutamente qualquer pensamento que eu tenha que não esteja relacionado ao que estou fazendo no momento vira uma nota no Drafts. Exemplos:

  • Eventos, festas, compromissos, com dia e horário (“Aniversário fulano amanhã 18:00”)
  • Ideias para textos (“Post sobre Drafts”)
  • Lembretes de tarefas para minha dissertação (“Corrigir figura no capítulo tal”)
  • Gastos (para depois eu adicionar ao YNAB) (“Mercado R$ 20,23”)
  • Pensamentos aleatórios (para depois adicionar ao meu diário)
  • Filmes que vi
  • Livros que li
  • Lista de compras para o mercado

Você poderia usar papel para isso, claro. Se você não tem smartphone, compre um caderno pequeno ou um bloquinho e tenha sempre consigo. Seu cérebro é para processar, e não para guardar. Mas o Drafts tem uma seguinda característica essencial, além da tela em branco rápida para você anotar: ações.

Uma coisa leva a outra

Vamos examinar o exemplo dos eventos. Encontro um amigo meu e ele me convida para seu aniversário. Imediatamente anoto:

Para agenda, eu uso um app muito bacana chamado Fantastical 2) (falei dele há pouco tempo). Ele não é nem de longe essencial, já que eu poderia usar a agenda nativa (ou até uma agenda de papel), mas ele tem um recurso interessante de permitir linguagem natural. Em inglês, você pode digitar uma frase exatamente como acima e ele vai entender, marcando um evento no dia especificado.

O Fantastical também tem um recurso avançado chamado esquema URL. Não se preocupe em saber o que é isso, apenas entenda que é uma maneira, no iPhone, de um aplicativo chamar outro. O Drafts também suporta esquemas URL, e isso permite criar ações. Eu tenho uma chamada “New Event” (gosto de configurar meus apps em inglês para treinar e porque não gosto das traduções que geralmente encontro), que pega esse texto do Drafts e manda para o Fantastical processar (lembrando que ele entende esta linguagem natural).

Após clicar nessa ação, e esperar os dois apps se falarem, como resultado, eu tenho um evento marcado na minha agenda. Tudo que eu fiz foi anotar, numa linguagem bem simples, e depois clicar num botão dentro do próprio Drafts.

Para montar essas ações, não se asuste com a complexidade. Existem muitos recursos que ensinam você a fazer isso e é possível encontrar muitas ações prontas; no próprio aplicativo, é possível ir até um diretório e procurar alguma coisa que você queira. Eu mesmo ainda estou aprendendo.

Todo dia eu faço tudo sempre igual

Rotinas ajudam a ligar o processo de captura com as ações. Ao longo do dia, eu já desenvolvi o hábito de anotar tudo; e, no fim da tarde, tenho uma rotina de processar essas notas. Para algumas, existem essas ações automáticas: mandar para o calendário, mandar para o meu gerenciador de tarefas, criar nova entrada no diário. Para outras ainda preciso copiar manualmente (o YNAB, por exemplo, não tem esquemas URL).

Se não tem smartphone, use um caderno. Se você tem Android, procure um aplicativo similar. E se tem iPhone, considere comprar o Drafts. Poder rapidamente anotar alguma coisa, e saber que após algum tempo essa informação estará no lugar certo, é a base do meu sistema de organização.

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Resenhas de apps para Mac

1Password 4 para Mac: proteja suas informações

A ideia por trás do 1Password é simples: você possui uma senha
difícil (one password), mas que possa ser lembrada de alguma forma, e
com ela você acessa todas as suas informações sensíveis: suas senhas da
internet, dados do seu cartão de crédito, documentos sigilosos,
configurações do seu email do trabalho, licenças de software, passaporte
etc.

Vamos pensar em um exemplo básico, geralmente usado como a descrição
básica do app: gerenciamente de senhas. Se você não usa algo assim, é
provável que você pertença a um dos seguintes grupos:

  1. você usa a mesma senha para tudo
  2. você nunca lembra das suas senhas

O item 2 é uma incomodação. Você vai fazer compras naquele site que você
não usou por três anos e não lembra da senha. Você clica em “Esqueci
minha senha” e espera pelo email, que às vezes demora, e gera uma nova
senha. Mas algum tempo depois o problema se repete.

O item 1 é realmente perigoso. O problema do uso da mesma senha em todos
os sites ser um procedimento popular é que é um procedimento popular.
Quando alguém rouba sua senha de algum serviço (digamos Gmail) vai
tentar usar a mesma senha no Facebook, Twitter, ou, pior, nos sites de
compra onde seus dados do cartão de crédito estão armazenados. Vez por
outra vemos vazamentos de senhas e é importante isolar as suas, para que
o problema em um serviço não afete outros.

O 1Password para Mac resolve esse problema combinando duas ferramentas:
ele pode gerar senhas grandes compostas de sequências aleatórias de
caracteres, evitando senhas fáceis de adivinhar como seu aniversário ou
variações do seu nome. E como você se lembra dessas senhas difíceis? Com
o segundo recurso fundamental: um banco de dados de todas as suas
senhas, armazenadas de forma segura, e que só pode ser acessado com sua
senha mestra. Você cria uma senha, de dificuldade relativamente grande,
que possa ser memorizada, e com ela acessa todas as suas senhas
aleatórias.

Vamos fazer um exemplo prático. Eu vou até algum site no qual quero
fazer login e clico no ícone da extensão do 1Password (que pode ser
instalado no menu do aplicativo):

1p-login

Eu digito a minha “senha mestre” e a extensão oferece alguns logins que
podem ser usados nesse site:

1p-after-login

A partir daí, o app preenche automaticamente o formulário e faz o login,
com a senha que você guardou para aquele site.

Para salvar uma nova senha, é fácil. Se eu digitar ou colar uma
senha e fizer login (em vez de usar a extensão para inserir uma senha já
salva), o 1Password vai se oferecer para salvar a senha na sua base de
dados (que é salvo no seu computador e pode ser sincronizado
opcionalmente).

Alternativamente, se eu quiser me cadastrar em algum site, posso usar o
gerador de senhas:

Gerador de senhas do 1Password

O gerador pode ser configurado para diferentes sequências de caracteres,
variando-se o número total de caracteres, a proporção entre letras e
números, o fato de ser pronunciável etc.

Esse é o princípio de funcionamento do app. Vamos agora examinar mais a
fundo algumas características.

Usos

Primeiramente o que guardar no app? Qualquer tipo de informação
sensível:

  • Senhas
  • Licenças de software
  • Cópias digitalizadas de documentos do carro e da sua casa
  • Dados da sua conta do banco
  • Dados de contas bancárias para as quais você transfere dinheiro
    regularmente
  • Configurações de servidores de email
  • Cópias de contratos
  • Números de RG, CPF, Passaporte

Por que ter esse tipo de informação guardada num aplicativo?
Primeiramente, é uma cópia de segurança. Se você precisa do seu número
de passaporte com urgência mas não consegue encontrá-lo, tem um acesso
fácil – inclusive, se ele for extraviado, você pode passar todos os
detalhes à polícia. Se seu documento do carro for perdido, você tem à
mão uma cópia digitalizada com o Renavam, número do chassi etc.

Em segundo lugar, é uma conveniência. Com alguns cliques você copia seu
número do cartão de crédito e faz uma compra, sem precisar abrir a
carteira.

1Password é extremamente útil.

3 versões

O 1Password 4 para Mac possui três versões que funcionam de maneira
complementar:

  • a extensão para browser (que a propósito funciona em todos os
    navegadores modernos)
  • o app completo
  • um app que fica na barra de menu, chamado de 1Password Mini

A versão Mini é uma novidade da versão 4 que funciona como uma interface
rápida ao programa. Com o atalho ⌘-⌥-\, você ativa uma versão
virtualmente idêntica ao do browser:

1p-mini-login

De fato, isso merece uma ênfase. Antes da versão 4, com um atalho
parecido (⌘-\) no browser, você ativava a extensão. Agora,
pressionando o mesmo atalho, você ativa o 1Password Mini, que, como
falei, tem funcionalidade idêntica. Em resumo: não sei por que a
extensão ainda está ali. O atalho continua válido, certamente para não
causar estranheza em usuários antigos.

(Sim, eu comecei essa resenha com uma funcionalidade inútil, mas achei
que era a melhor maneira de explicar a ideia do 1Password. Achei que, na
introdução a um app, eu dizer que posso completar o login de um site no
Safari com um app na barra de menu poderia soar mais confuso que já é).

Enfim, vamos firmar: com um atalho (repito, o atalho geral é ⌘⌥-\ ) é
possível acessar o 1Password Mini, e partir dali fazer operações rápidas.
Por exemplo, navegando com as setas do teclado pelo menu de logins e
dando Return em um dos logins salvos, você vai ser levado ao seu
browser padrão no site do login, já com o formulário preenchido. Ou,
dando Return no seu número de cartão de crédito, ele é copiado para o
clipboard, e pode ser inserido em algum documento que você esteja
preenchendo.

No fim, a versão menos usada por mim é o app completo. O princípio é o
mesmo: você desbloqueia o app com a sua senha mestre e navega na sua
base de dados. Por que usar essa versão e não a Mini? Penso em quatro
cenários especiais.

Primeiramente, usamos essa versão para cadastrar muitas informações de
uma só vez. Por exemplo, na primeira vez que usei o app, preenchi meus
dados pessoais, números de cartão de crédito, documentos etc. Eu me dei
a esse trabalho grande inicialmente para poder usufruir das informações
quando necessárias depois. A versão Mini é boa para navegar e copiar
algum dado, mas não é muito prática para inserir informação.

1p-categories

Outro uso é para editar o que o 1Password chama de notas seguras, que
podem guardar textos e arquivos de forma criptografada. Por exemplo, eu
tenho uma nota com o uma versão digital do documento do com carro, para
referência. Tenho outra com os dados para transferência bancária para
minha corretora de valores na Bolsa. É uma forma de você guardar
livremente alguma informação de forma mais segura que simplesmente um
arquivo no seu computador.

Criando nota segura no 1Password

Um terceiro uso para o app completo é uma auditoria de segurança. O
1Password indica senhas duplicadas, ou fracas demais, ou muito antigas,
como uma sugestão de você modificá-las. Um pequeno detalhe bastante
interessante.

Por último, o app permite a você definir favoritos entre os seus itens,
para eles ficarem de mais fácil acesso. Por exemplo, você pode marcar um
dos seus cartões de crédito, os dois ou três sites que você mais
utiliza, e alguma nota que você precisa consultar com frequência.

Segurança

E se alguém se apoderar do computador, consegue ler esses dados? Se ele
adivinhar a sua senha do login do Mac, e a sua senha do 1Password, sim,
mas a probabiliade disso acontecer é muito baixa – sem contar que é
assim que você acessa seus dados.

A base de dados do 1Password fica de fato armazenada no disco, mas ela é
criptografada (detalhes podem ser encontrados no site), significando
que o acesso ao que está armazenado dentro desse arquivo é bastante
difícil. Eu não tenho conhecimento para avaliar a qualidade da
tecnologia usada, mas aqui vai uma reflexão: o negócio da Agile Bits, a
companhia por trás do produto, é vender aplicativos que protegem dados.
Pense no dano gerado por uma denúncia de que a segurança é fraca; você
acha que investir em tecnologias modernas de criptografia não é uma
prioridade da companhia?

Mesmo assim, é interessante cada pessoa fazer uma avaliação sobre que
tipo de informação colocar, e acho que sempre é possível achar um
balanço entre segurança e conveniência. Por exemplo, você pode armazenar
o número do cartão de crédito, mas memorizar a data de vencimento e o
código de segurança, o que permite uma pequena camada de segurança. Pode
armazenar os dados das contas bancárias mas não as senhas.

Naturalmente, se você tem muito dinheiro na sua conta, ou se está em
posse de algum documento bastante sigiloso, talvez esse tipo de
informação não devesse estar de forma alguma digitalizada.

Outras plataformas

Essa é uma resenha do app para OS X, mas existem versões para iOS,
Android e Windows.

A sua base de dados pode ser sincronizada entre todas as versões por
Dropbox, iCloud (para OS X e iOS) e por WiFi. As considerações de
segurança são as mesmas: se alguém tiver acesso a sua senha do Dropbox,
ainda assim ele vai precisar da sua senha mestre. Ainda assim, faça uma
análise para decidir o que vai para a nuvem. Hackers existem.

A sincronização por Dropbox ainda tem uma funcionalidade interessante.
Se você estiver num computador onde não há o 1Password instalado, pode
fazer login no site do Dropbox, navegar até a pasta no aplicativo e
abrir um arquivo html, que é uma versão web, de funcionalidade reduzida
do aplicativo completo. Bom para consultar dados; essa versão (chamada
de 1Password Anywhere) não permite inserir nenhum dado. É apenas uma
maneira de visualizar dados num computador estranho.

A propósito: é bom ter a sua senha do Dropbox anotada em algum outro
lugar (físico, de preferência) para melhor usufruir disso. Se está num
computador sem 1Password, como acessaria a sua conta em primeiro lugar?
Também gosto de manter uma segunda cópia de senha de serviços mais
básicos como minhas contas de email e do iTunes.

Comentários finais

1Password 4 para Mac é um app essencial para mim. Como falei, todas as
minhas informações sensíveis (com algumas exceções de segurança) estão
lá, seja como uma cópia segura seja como uma mera conveniência.

Porém, 1Password é um app premium, ao preço de $50. Eu comprei em uma
promoção por metade desse valor, mas pela quantidade de tempo salvo nas
senhas o preço total já valeria.

Se você está disposto a equipar o seu Mac com apps excelentes, não se
estresse: dentro do seu orçamento, separe um valor mensal para guardar e
comprar apps. Quando juntar o suficiente, compre o 1Password.

Esse conselho é ainda mais válido com o OS X Mavericks, a nova versão do
sistema operacional dos computadores Apple. Essa versão (e o iOS 7)
possui embutida no sistema o iCloud Keychain, que permite a você salvar
e sincronizar senhas, e ainda possui um gerador de senhas simples.
Também funciona com números de cartão de crédito.

Eu não testei propriamente o iCloud Keychain, então recomendo ao leitor
que faça uma pesquisa aprofundada, mas acredito que possa ser uma boa
maneira de começar a usar senhas mais seguras. Repare porém que isso não
subsitui os outros recursos, como as notas seguras e as licenças de
software.

Para usuários de outros sistemas, nos meus tempos de Windows e Linux eu
usava o LastPass, que é muito bom (e também funciona no OS X).
Novamente, ele também não tem uma funcionalidade mais completa.

O mais importate é ser um usuário mais seguro. Evite senhas óbvias,
aprenda um pouco sobre criptografia para guardar seus documentos, tenha
cuidado ao dar o número de cartão de crédito a algum site. A tecnologia
é útil e só precisa de algum cuidado.

Categorias
Notas do autor

Sobre resenhas de apps

O leitor já deve ter lido duas resenhas de apps que já fiz: sobre o
Day One, um aplicativo para se manter um diário, e o YNAB, um
gerenciador de finanças com uma metodologia excelente por trás. Eu
escrevi ambas como um teste, e estou disposto a escrever mais, mas antes
deixe-me esclarecer por que faço isso.

Eu acredito muito na utilidade da tecnologia. Acredito também na
importância de se fazer pesquisa pura, como matemática, física avançada.
Porém, produtos que estão no mercado deve ajudar as pessoas de maneira
concreta.

Não vou negar que tenho um interesse particular por software. Acho um
feito incrível da inteligência humana que um grupo de programadores crie
um conjunto de instruções e, pronto, temos algo que obedece a nossos
comandos. Eu não sou programador profissional, mas sempre trabalhei um
pouco com isso, na época de faculdade, no estágio e agora no mestrado, e
quero realmente estudar mais a fundo. Exige uma capacidade muito grande
de se criar um modelo de uma ideia e implementar.

Essa febre por aplicativos pode demandar bastante dinheiro. Muitos
programas bons são baratos, mas eu realmente tenho de me controlar para
não gastar demais. É muito fácil ouvir falar de um app muito cool e ir
correndo lá comprar. Quando você faz isso com uma certa regularidade, e
levando em conta o fato de temos de pagar em dólar na nossa economia em
queda, o extrato do cartão de crédito pode se acumular.

Assim, quando eu compro um aplicativo, eu tenho extrair o máximo de
proveito. Tenho avaliar em como ele está ajudando em alguma tarefa real.
O que ele tem que me atrai? Em como ele é útil?

Eu descobri que uma boa maneira de assegurar para mim que um app
realmente é importante é escrever uma resenha. Uma nota pessoal sobre
como estou usando o programa. E, periodicamente, vou publicar algumas
aqui.

Repito: eu escreve essas resenhas de apps para mim, como um lembrete
pessoal do dinheiro gasto, e publico por achar que pode ser útil para
alguém.

É preciso deixar claro que eu sou usuário de produtos Apple, e minhas
resenhas vão se concentrar no OS X e no iOS. Também, ao contrário do que
fiz com a resenhas anteriores, vou escrever resenhas separadas para apps
que tenhas versões nos dois sistemas – mais ainda, uma resenha de um app
para iPhone vai ser diferente da resenha de um app para iPad. Acredito
que o uso de um app difere totalmente dependendo do dispositivo sendo
usado.

O grande autor de resenhas de apps do ecossistema Apple é Federico
Viticci do MacStories. Eu leio e adoro as suas resenhas, embore ele
seja bastante detalhado e longo. David Sparks e Shawn Blanc são
também ótimos blogueiros quando o assunto é divulgar apps. Recomendo
também a rede Appstorm.

Todos esses autores, porém, escrevem em inglês, e muitas resenhas não se
concentram nos casos de uso (pelo menos é minha impressão, esses autores
escrevem bem mas geralmente focam nos detalhes). Isso é extremamente
importante para mim, leitores: eu não quero divulgar um aplicativo
porque acho que ele é legal ou porque é bonito. Eu pesquiso muito antes
de comprar um (lendo principalmente os autores acima) e penso bastante
antes de comprar. Quando o faço, e quando a compra vale a pena, penso de
que forma esse programa pode ajudar outras pessoas.

Ou seja, minhas resenhas só vão ser publicadas depois de muito tempo de
uso, e com foco na utilidade. É do ponto de vista de um usuário.

Um autor em português que segue essa linha (e que serve de inspiração
para mim) é o Augusto Campos do BR-Mac. Se você é usuário brasileiro
de OS X, deveria segui-lo.

E, claro, vou continuar com outros tipos de textos. Lembrem-se de que
este é um blog sobre tecnologia, ciência e produtividade, de maneira
geral, e não um repositório de resenhas.