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Resenha: A história do mundo para quem tem pressa

Não vou negar: eu comecei a ler A história do mundo para quem tem pressa não porque eu tinha pressa de fato, mas porque estava lendo dois outros livros (resenha em breve) muito pesados, e queria uma leitura mais leve. Consegui.

Dividindo em seis capítulos, a obra cobre desde as civilizações da Mesopotâmia até a independência da Nova Zelândia. Se a leitora está surpresa, como eu, em relação a escolher este ponto de finalização, minha hipótese é que a autora Emma Marriott falhou no próprio objetivo: prometeu um livro que vai além dos relatos típicos euro-centristas, mas não conseguiu se desvenchilhar do fato de escolher “o fim da colonização europeia na Oceania” quase como “o fim da história”, como se a Europa não tivesse mais para onde ir. Não nos enganemos: esse livro é totalmente contado do ponto de vista da Europa.

Além dessa falha de querer ser mais diverso que realmente é, acho que o livro assume que o leitor tem pressa demais. O subtítulo, Mais de 5 mil anos de história resumidos em 200 páginas, poderia ser corrigido para …em 250 páginas… e o livro teria muito mais impacto e profundidade.

Sendo raso assim, não há nenhuma grande tese ou argumento ensinado, mas não deixei de esclarecer algumas coisas, principalmente em relação a cronologia. Aprendi, por exemplo, que os astecas são muito posteriores aos maias (minha lembrança escolar das civilizações pré-colombianas fundiu-as em uma massa só, como se fossem todas contemporâneas), e que a habitação da Nova Zelândia pelos seus povos nativos é muito mais recente que a habitação da Austrália (em alguns milhares de anos).

Portanto: não espere de fato aprender muito sobre a história do mundo. No máximo, o leitor pode selecionar alguns tópicos e aprender mais sobre eles. Ou simplesmente encarar como uma leitura de entretenimento superior às redes sociais – o que de fato é.

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Adora e confia

Para encerrar essa semana que acabou, sem planejamento, sendo dedicada a reviver este blog e centrada na Oração como tema produtivo, capaz de re-energizar um dia ruim, aqui está uma das minhas orações favoritas.

Se neste final de semana a leitora estiver em um momento meio para baixo, apenas sente e leia em volta alta, pausadamente:

Adora e confia

Não te inquietes com as dificuldades da vida
Pelos seus altos e baixo, pelas suas decepções,
Pelos seus imprevistos mais ou menos sombrios.
Queira tu o que Deus quer.

Pouco importa que te consideres um frustrado
Se Deus te considera plenamente realizado, a Seu gosto.
Perde-te confiando cegamente neste Deus que te quer para si,
E que chegará até ti, ainda que jamais O vejas.

Pensa que estás nas Suas mãos,
Tanto mais fortemente acolhido,
Quanto mais caído e triste te encontres.

Vive feliz. Suplico-te.
Vive em paz. Que nada te altere.
Que nada seja capaz de te tirar a tua paz.
Nem a fadiga psíquica, nem as tuas falhas morais.
Faz com que brote, e conserva sempre no teu rosto,
Um doce sorriso, reflexo daquele que o Senhor continuamente te dirige.

E no fundo da tua alma coloca, antes de mais nada,
Como fonte de alegria e critério de verdade,
Tudo aquilo que te encha da paz de Deus.

Recorda: tudo o que reprima e inquiete, é falso.
Asseguro-te que assim é, em nome das leis da vida e das promessas de Deus.
Por isso, quando te sentires desanimado, triste,
adora e confia...


Pe. Teilhard de Chardin, SJ
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Ó homem, não descanses

Continuando o espírito do post de ontem, segue um poema, que é também uma oração, atribuída a Gandhi e que é ensinada nas Oficinas de Oração e Vida. Espero que isso dê energia para essa quinta-feira pós-feriado, quando o cansaço deve bater:

Ó homem, não descanses

Que estejas cansado ou não, ó homem,
Não descanses, não te detenhas em
Tua luta solitária,
Segue adiante, não descanses.

Caminharás por trilhas confusas e complicadas
E apenas salvarás algumas vidas tristes.
Ó homem!, não percas a fé, não descanses.

Tua própria vida se esgotará e se desvanecerá,
E haverá perigos crescentes pelo caminho.
Ó homem!, suporta tudo isso, não descanses.

Salta por cima das dificuldades, ainda que
Sejam mais altas que as montanhas,
E ainda que mais além só haja campos
Áridos e secos.
O mundo escurecerá e tu derramarás
Luz sobre ele e de dissiparão as trevas.
Ó homem!, ainda que perigue tua vida,
Não descanses.

Busca descanso para os demais.
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Resenha: Mostra-me o teu Rosto

Mostra-me o teu Rosto é um dos melhores livros sobre Cristianismo que eu já li.

A leitora que é cristã, sabe o que é realmente ser cristã? Sabe o que ir um passo além de cultos ou missas, rituais, procedimentos? Sabe orar, comunicar-se com Deus?

O prefácio deste livro expõe logo a sua tese: há cristãos que cumprem as regras da sua religião (seja qual denominação seja), dizem-se cristãos mas, quando querem algo a mais, vão buscar fora da Fé. A palavra transcendental virou sinômino de religiões orientais, de meditação, de experiências psicodélicas (muitas vezes associadas a drogas) – e que o Frei Ignácio Larrañaga quer mostrar é que o Cristianismo é místico e transcendental por natureza.

Para deixar claro: se você não se identifica com Jesus Cristo e quer mergulhar nas tradições budistas, hindus, de matriz africana, o leitor deve ir atrás e encontrar uma igreja que verdadeiramente o acolha. Mas se você se sente pertencente em alguma igreja cristã, é possível se aprofundar.

Mostra-me o teu Rosto deve ser lido como companhia dos momentos de oração, os Tempos Fortes como chamamos nas Oficinas de Oração e Vida, e não deixa de ser um curso – quase um livro-texto. O autor, sacerdote capuchinho, não deixa de expor teorias teológicas e trazer comentários da Bíblia, mas também propõe exercícios de oração – inclusive orar com auxílio da própria Bíblia, orar com mantras (sim, isso existe no Cristianismo), orar imaginando-se na companhia de Jesus.

Rotina matinal

A obra está divida em 6 capítulos (extensos demais, na minha opinião), que seguem bem a estrutura de um curso. Nos primeiros, Larrañaga introduz o que é orar e traz passagens bíblicas de personagens se comunicando com Deus (o exemplo mais é Moisés). Depois, propõe exercícios de como trazer isso para a vida cotidiana, e culmina com discussões cristológicas de quem foi Jesus e como imitá-lo.

Portanto, este é um livro para todos os cristãos – apesar do autor ser um padre católico, não creio que exista nada que seja proibitivo para outras denominações. Após um período, reconheço, meio relapso no hábito de orar, eu tenho tentado voltar a fazer isso logo que acordo – e isso dá a deixa para um dia melhor. Mostra-me… foi um um grande animador e incentivador deste hábito.