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Revisão do meu tema de 2020: O Ano do Novo

O meu tema para 2020 foi O Ano do Novo.

Nesse último dia do ano, parei para refletir e me assustei com a quantidade de coisas novas que passaram pela minha vida.

Eu aprendi a ser pai, e não há nem o que selecionar para falar do que foi novo porque tudo foi. Eu não sabia nada, e agora sei um pouquinho mais que nada. Não escondo de ninguém: a parte mais difícil foi lidar com o sono altamente irregular. Estou no processo de aceitar isso, ao mesmo tempo em que o sono do meu filho vai se estabilizando.

Eu e minha família fomos morar em uma nova cidade: Joinville. Em janeiro, peguei o carro e fui até lá, visitei meia dúzia de apartamentos, e escolhi um que parecia adequado. Mas meu cérebro estava acostumado a avaliar espaços e situações para um casal, e agora havia uma criança junto. Quando ele começou a crescer, e quando a pandemia estourou, a falta de espaço ficou evidente; não sabíamos nem se era seguro pegar o elevador para ir passear.

Mudamo-nos para a casa de praia da família, em Florianópolis, que fica vazia no inverno. E que experiência foi, morar na praia por um pouco mais de estação! Passear com ele todo dia pelas ruas vazias (e sem ter de compartilhar elevador) foi um dos pontos altos do ano. Viramos frequentadores conhecidos das lojas do bairro e, pela primeira vez na vida, eu morei em uma casa.

Na primavera, voltamos para Joinville, mas a experiência na praia me arruinou: eu queria ir para uma casa. Assim, mudamo-nos de novo e alugamos um casa. O ano de 2020 foi quando eu me tornei “dono de casa”, com todas as rotinas de manutenção mas com todo o espaço disponível.

Desde então, aprendemos de fato a morar em Joinville. Eu conheci novos lugares para correr; conhecemos novos restaurantes; já até consigo dirigir sem GPS para a maioria dos lugares.

Em 2020 também comecei um novo emprego, aprendendo a preparar aulas e em seguido re-aprendendo, desta vez online. Experimentei várias ferramentas novas: Moodle, BBB, Screenflow. Passei a usar o tão-falado Notion. Comprei livros novos, gadgets novos, montei o meu escritório.

O sistema de temas funciona. Minha vida em 2020 foi muito diferente de 2019. A cada decisão, eu tinha o tema em mente, o que levava a querer arriscar e experimentar.

Amanhã, eu vou contar para vocês o meu tema de 2021.

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Resenhas de livros

Frankenstein, ou como conhecimento superficial não conta

Frankenstein, ou O Prometeu Moderno, de Mary Shelley, foi o último livro de ficção que li em 2020, e um exemplo de como conhecimento superficial não é bem conhecimento.

O que eu achava que conhecia sobre a obra, baseado em apenas ouvir dizer: um cientista maluco cria um monstro chamado Frankenstein com parafusos na cabeça, grita IT’S ALIVE, e a criatura sai quebrando tudo.

Sobre o que o livro realmente é: o impacto de decisões erradas. Frankenstein é o estudante de filosofia natural (e não a criatura) que se vê no meio de uma briga de ego de dois professores, que resulta numa descoberta “mágica” (melhor dizendo, alquímica) sobre a origem da vida. Ele faz um experimento, fica horrorizado, e tem de lidar com o que acontece depois. É ele quem fica louco de arrependimento.

O ato da criação em si consome muito pouco tempo do livro, o que me leva a questionar a classificação de Frankenstein como “horror” ou “ficção científica”. Para mim, é um drama, cheio de reflexões sobre o sofrimento do protagonista, com toques de fantasia.

O que mais eu não sabia? Que esse é um livro suíço. A geografia da Suíça, com seus lagos, planícies e Alpes são parte importante da relação entre criador e criatura.

E, surpresa, o monstro não tem parafusos na cabeça. Ou pelo menos Mary Shelley não queria nos dar essa imagem vívida. Aliás, ambíguo é um adjetivo apropriado para descrever esse livro.

Por dentro das coisas

Donald Knuth tem uma frase que adoro, difícil de traduzir, mas que basicamente significa que o trabalho dele é conhecer os detalhes profundos de poucas coisas, e não uma visão geral de tudo.

Por uma questão de personalidade, eu também sou assim. Dê-me um livro e um fone de ouvido e me largue por horas e consigo ser feliz. Porém, na minha carreira, diversas vezes sofri pressão para abandonar essa abordagem em favor de um conhecimento mais raso porém mais amplo. Os resultados sempre foram ruins.

Conhecimento superficial não é conhecimento. Nunca há tempo para saber tudo que há para saber, e há que se tomar cuidado para não perder tempo demais pesquisando e de menos fazendo. Porém, acredito que geralmente é possível se organizar e realmente aprender alguma coisa, estudando-a efetivamente, tomando notas. Querer realizar uma tarefa com base em um vídeo rápido do YouTube vai exigir retrabalho depois para cobrir os detalhes que ficaram para trás. Mais valia a pena ter se dedicado a estudar com mais afinco antes.

Esse texto é para lembrar desse lema pessoal: Fábio, você é uma pessoa que gosta de estar on bottom of things. Ler o livro Frankenstein (que, sinceramente, é chato de ler) dá um conhecimento muito superior a ler todos os resumos e artigos na Wikipedia ou ver todas as adaptações.

Próximo passo: ler Drácula e ver o quanto eu realmente sei sobre vampiros