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Resenhas de livros

O Médico e o Monstro e eu e você

Como parte da minha assinatura Amazon Prime, tenho acesso a alguns ebooks gratuitos todo mês no regime de empréstimo: posso ter 10 títulos na minha biblioteca do Kindle, e se quiser mais tenho de devolver algum. Geralmente são livros ditos “clássicos”, e o fato de que estou lendo mais livros desse tipo meio que já justifica os R$9,90 mensais.

Um dos títulos que li recentemente foi justamente O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson. Eu não sei o leitor, mas eu não era nenhum um pouco familiar com a história, e na minha cabeça o Monstro da história era algo do tipo um lobisomem, ou um The Hulk: uma criatura gigantesca, incapaz de controlar a raiva, de aparência abominável. Minha grande surpresa é que o monstro do título é um ser humano, apenas… mau.

O livro é muito curto, uma novela, e de leitura fácil. A lição principal, porém, é muito relevante.

Eu já falei aqui de saúde mental, da minha luta contra depressão e ansiedade. Eu estou mais que ciente de que essa luta é para a vida toda. Eu não me sinto mais deprimido, mas a doença só está adormecida, e desponta com sinais conhecidos: pessimismo, senso de tragédia, mau humor. Felizmente, anda controlada. Eu aceito e acolho meu lado deprimido, meu lado que tem pensamentos violentos, o meu lado que diz para não aceitar uma vida que não seja perfeita.

Porque se eu não aceitar o meu lado mau, ele aflora, exatamente como no livro. O médico da história tenta separar as suas personalidades boa e ruim, com resultados catastróficos — o lado mau sempre vai vencer pela trapaça e pela violência. Dr. Jekyll não era Edward Hyde, mas o continha.

O Setembro Amarelo está acabando, mas não existe tempo certo para falar de sanidade mental. Se você tem pensamentos sombrios, são só isso, pensamentos, e não quer dizer que você é sombrio. Se você não consegue ver a diferença, procure ajuda: familiar, terapêutica, médica, espiritual. É literalmente um caso de vida ou morte.

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