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Como a meditação me ajuda

No dia 22 de fevereiro de 2019, eu defendi meu Doutorado — e naturalmente, muitos posts virão sobre isso. E o primeiro deles é sobre algo que me ajudou muito no processo: meditação.

Reconheço que tinha um certo preconceito contra meditação, por achar “esotérica” (na falta de termo melhor) para mim. Basicamente, não via como aquilo pode ajudar efetivamente ajudar. Eu estava bastante errado.

Meditar, pelo menos na minha prática, é apenas sentar de maneira confortável, fechar os olhos e respirar. Contar as respirações. Imaginar uma cena agradável. Ouvir os sons à sua volta. Sentir o contato do corpo com o assento e com o chão. Sentir calor ou frio.

Posso afirmar sem exagero: aprender a meditar mudou minha vida.


Um das primeiras conclusões que tirei com a terapia e o tratamento contra ansiedade é ver como eu perdi completamente a capacidade de parar, e logo vi que não sou o único. A tal correria é uma epidemia, e é bem grave. Como disse meu psiquiatra:

Tomo mundo precisa, de vez em quando, ficar um tempo numa rede, tomando uma água de coco e não fazendo mais nada.

Por experiência própria, digo: se você não para de vez em quando, se você não relaxa verdadeiramente (e invejar os outros no Instagram não é relaxar), seu corpo e sua mente vão entrar em colapso.

Meditar não é propriamente não fazer nada, mas é um poderoso instrumento de aprendizado. Você aprende a ficar cada vez mais tempo sem necessitar de estímulos visuais, sonoros, gustativos.


Agora já faz parte da minha rotina matinal: eu acordo, tomo café, vou para a academia, tomo banho, sento para meditar e só então venho trabalhar. Às vezes 3 minutos, às vezes 10. Às vezes medito mais um pouco no meio de uma tarde tumultuada.

Os benefícios da meditação logo começaram a se propagar para além das minhas sessões. Muitas vezes, passei a caminhar nos meus trajetos sem escutar nada por um fone de ouvido, mas apenas apreciando os sons ambientes. Reparando nas cores das áreas arborizadas. Entreouvindo as conversas mundanas das pessoas.

Eu uso e recomendo fortemente o Headspace, mas você pode encontrar muitos sites, áudio-livros e apps de meditação.

Você já parou para respirar hoje?

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Como usar seu calendário de maneira efetiva

Há algumas semanas, tivemos uma discussão generalizada aqui no laboratório. De minha parte, reconheço que errei em vários pontos: fui grosso com outras pessoas, perdi a calma, e agi em prol maior dos meus interesses em relação ao do meu grupo de pesquisa. E esse episódio horrível foi agravado por uma falha pontual na minha organização: eu esqueci-me de adicionar um lembrete para uma arrumação de salas no meu calendário, o que me impediu de ajudar meus colegas durante esse evento.

A questão é: como não estava no meu calendário, não estava no meu radar, e na prática é como se esse evento não existisse no espaço-tempo. Ao mesmo tempo, muitas pessoas me consideram uma pessoa bastante organizada; o meu calendário é justamente o método que uso para me lembrar de coisas importantes. No espírito do post onde falo sobre como agendo minhas metas, pensei em complementar, mostrando o que eu coloco no meu calendário e como, na minha opinião, a leitora pode usá-lo de maneira mais efetiva.


A Thais Godinho, nesse ótimo vídeo, fala sobre como ela coloca “informações importantes” no calendário, e não só compromissos fixos. E esse é o grande pulo do gato, originado do sistema GTD: seu calendário não serve apenas para eventos, mas pera lembretes gerais. No meu Google Calendar, tenho um calendário específico de Informações para o dia

Screenshot de calendário do dia 28, mostrando item "Entregas Natuorganics"

Toda quinta-feira é o dia de entregas da Natuorganics. Ao final do dia, quando eu reviso meu calendário, eu me lembro desse fato e então, ao chegar em casa, confiro com o porteiro se foi entregue corretamente.

Outras informações que entram no meu calendário:

  • Datas de vencimento de contas (para eu verificar se há saldo na conta/cartão, e também para facilitar a busca por informações, se eu quiser saber quando vence tal assinatura
Lembretes no calendário mostrando data de vencimento da Assinatura HBO Go, Domingo e Segunda de Carnaval, Aniversário da minha amiga Amanda e outros lembretes diversos
  • Aniversários (como na imagem acima). Em vez de depender do Facebook, que tal, a cada vez que você souber que é aniversário de alguém, você colocar um lembrete no calendário, para repetir anualmente, e que seja o seu sistema de lembrar e mandar parabéns (de maneira mais pessoal, e não numa torrente de mensagens similares)?
  • Aniversários de casamento/namoro. Minha capacidade de lembrar da datas exatas, na minha visão, não reflete meu amor pela minha esposa; minha capacidade de planejar uma surpresa/viagem/jantar com antecedência, reflete.
  • Rotinas de trabalho. Essa dica eu tirei desse excelente curso do Kourosh Dini, e consiste em definir lembretes semanais para trabalhar num tipo de tarefa. Na imagem abaixo, toda quinta é o dia em que eu preparo a nossa reunião (“Kata”) semanal e o dia em que eu, preferencialmente, faço coisas exclusivas do meu laboratório (falar com alguém, resolver algo na secretaria/administração etc).
Lembretes no calendário para conferir tarefas do meu laboratório e preparar nossa reunião semanal
  • Rotinas mais mundanas como trajetos e, acreditem se quiser, dormir. Para entender melhor, ouçam esse episódio do Cortex, mas a ideia é ter uma visão muito clara no calendário do que é realmente tempo livre e do que parece, mas não é, totalmente livre.

E, claro, entram no meu calendário eventos como consultas e reuniões, além de um calendário compartilhado com minha esposa com eventos sociais. Como o leitor pode ver acima, eu uso cores que já estão gravadas na minha memória de maneira a identificar claramente o que é um compromisso marcado, o que são informações, o que são rotinas mais “livres” etc.

E agora, os comentários abaixo estão abertos para os leitores me chamarem de maluco ou, idealmente, de me sugerirem mais métodos de organizar meu calendário…

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Bem vinda, Irmã Insônia!

Até mais, Irmã Dor-de-Dente! Bem-vinda, Irmã Insônia!

Eu, parafraseando ousadamente São Francisco de Assis

Dizem que São Francisco de Assis, no leito de morte, proclamou: “Bem-vinda, Irmã Morte!”.

Longe de mim querer me comparar ao santo. Entretanto, nessa semana tenho meditado e orado muito em cima dessa atitude de abandono. Como reconhecer, nas coisas que dão errado, a vontade de Deus?

Na noite passada, fui dormir com uma grande de dor de dente. Ao acordar, já não sentia nada na boca, mas em compensação não era nem 5:00 e eu não conseguia dormir. Por quê? Não sei. Lembrando das minhas orações nas noites recentes, levantei, proclamei a frase acima e fui tomar o café da manhã mais calmo que tive em muito tempo, em companhia de Cal Newport.

Meu tratamento contra a ansiedade e a depressão tem sido longo e árduo. Eu ainda tenho muito a melhorar, principalmente na minha relação com os outros. Mas algo posso reconhecer, sempre com humildade: eu venho aprendido, cada vez mais, a aceitar o que não posso controlar.

Se você também quer melhorar nessa entrega, consulte as Oficinas de Oração e Vida na sua cidade.

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O ano da intencionalidade de David Sparks

David Sparks, um dos meus autores favoritos sobre tecnologia e o mundo Apple, declarou que esse é também é o seu ano da Intencionalidade:

Revisitando os meus últimos anos, o ponto em que eu mais frequentemente falho é quando eu mergulho em um projeto sem pensar ou fico divagando por dias (e às vezes semanas) sem uma intenção clara

David Sparks

Quem sabe isso não é só uma falha pontual de algumas pessoas. Você, leitor, sabe para onde está indo na vida?

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Quando vale a pena gastar conscientemente mais em um serviço?

Quando ele não tem valor para você.

Valor é uma dessas expressões que de tão repetidas, em toda parte, perdem um pouco o sentido. No submundo da gestão, fala-se muito em definição de valor, sem precisamente explicar o que é (em termos simples, pelo menos). Para mim, valor é simplesmente o que importa.

 Neste último final de semana, minha esposa e eu estivemos envolvidos em um acidente de carro. Nada grave, ninguém se machucou, mas o nosso carro estragou um pouco. E aí vem aquela sequência de processos: ir atrás de seguro, fazer orçamentos, tirar tempo de outras coisas para lidar com essa emergência. Como o estrago foi mais que um simples amassado, fui primeiramente na Concessionária fazer um orçamento. Quando veio o valor, muito maior que o esperado, na hora resolvi pagar de modo particular e resolver isso. Por quê?

Porque o carro não tem valor para mim. É só um objeto, que precisa ser arrumado. Apesar de ser Engenheiro Mecânico, eu não me interesso por carros, não gosto de dirigir, e encaro tudo relacionado a isso como mera utilidade.

Eu poderia fazer diferente. Poderia rodar toda a cidade atrás de mais oficinas, poderia voltar para casa com aquele orçamento e verificar como pagar através do seguro. Poderia otimizar minuciosamente o custo.

Mas o que se passou na minha cabeça naquele minuto depois que o vendedor entregou-me o orçamento foi o seguinte raciocínio: minha vida é bem boa. Eu e minha esposa temos um estilo de vida saudável. Vamos a pé para nossos trabalhos. Eu amo cozinhar, e preparo refeições quase todo dia para que tenhamos uma alimentação boa sem precisar pedir comida ou ir a restaurantes. Como lazer, vamos à praia ou a algum show ocasionalmente. Recebemos amigos e nos encontramos com nossa família. Minha vida já está otimizada em muitos aspectos; para esse problema em questão, do carro necessitando de conserto, já que eu não dou valor a ele, e já que graças a Deus temos reservas muito maiores que o valor do conserto, eu vou abrir mão da otimização e optar pela conveniência. Vou deixar o carro aqui, agora, e vê-lo arrumado ao fim da semana.

E esse é mais um capítulo do meu ano da intencionalidade. Uma decisão baseada não em apreensões e ansiedades, mas com reflexão, ponderando o que é importante para mim.

O leitor acha que fiz errado?

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Um podcast sobre vida de artista… que fala do que já tratamos aqui

Novamente, numa dessas coincidências da vida, o Nerdcast 660 tratou da vida e rotina de artistas gráficos, e muito do que é falado em Roube como um artista foi discutido: usar a raiva e a frustração como combustível criativo; copiar o trabalho dos outros até criar o seu estilo; ter um trabalho “chato” até poder viver da sua “arte”.

Se você gostou da minha resenha e se interessa por esses assuntos, vale a pena conferir!

E esse próprio post é uma prática de criatividade: eu mesmo fiquei impressionado com a minha capacidade de conexão entre os livros do Austin Kleon e Jovem Nerd!

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Minha prática de manter um caderno/diário/journal

Na metade de 2018, eu troquei de carro e, pela maneira como essa heurísticas cognitivas funcionam, todo carro que passava na rua era do mesmo modelo que o meu — ou era assim que parecia.

Similarmente, desde que escrevi que 2019 seria o meu ano da reflexão e da intencionalidade, tudo que leio ou consumo de maneira geral parece apontar para isso, em especial para um aspecto crucial desse propósito: manter um caderno ou diário. Depois de muito acompanhar o trabalho do Austin Kleon e ler os seus livros mais de uma vez, resolvi ler Roube como um Artista mais atentamente, e a sua principal recomendação está lá: mantenha um “arquivo de roubos”, capturando toda ideia interessante com que você se depara. Aí a Thaís publicou uma resenha entusiasmada de O Método Bullet Journal, e quando eu fui ler, o choque: o Bullet Journal não é para publicar resenhar floridas no Instagram, mas para facilitar que você reflita sobre sua vida. Motivado especialmente por esses livros, comecei no final do ano passado a manter um Bullet Journal mais atentamente, depois de alguns anos de maneira bem “irregular”, escrevendo mais listas pontuais de tarefas ou resumos de livros/artigos. Agora, quase não se passa um dia em que não registre o que aconteceu no meu dia e expressando, mesmo de forma resumida, minhas emoções.

Cadernos modelo Neon da marca Tilibra
Meninos não vestem rosa… mas podem ter caderno rosa?

A legenda da foto acima não é mera ironia. Desde que comecei meu tratamento contra depressão e ansiedade, uma coisa já ficou clara na terapia: como homem numa família rígida, eu nunca aprendi a lidar com minhas emoções. Por isso, o exercício de dizer para o papel como determinado evento fez eu me sentir tem valor inestimável. Qualquer colega meu de trabalho pode atestar que eu ainda tenho problemas em modular a maneira como me expresso em relação a algo que me desagrada, mas acreditem — seria bem pior sem esses artifícios terapêuticos.

Usar um diário para desabafar não é novidade; mas como falei, estou rodeado de referências a esses benefícios. Austin Kleon resumiu bem: “é um ótimo lugar para ter má ideias”. Cal Newport recomenda escrever cartas para seu futuro eu (mas, como eu, também acredita que devemos escrever para seu eu presente). Greg McKweon diz que, ao usar um journal (diário, em inglês), você se torna o jornalista da sua vida e sabe onde discernir o essencial.

Mas o meu Bullet Journal não é apenas uma ferramenta psicológica. Ainda estou aprendendo a fazer um planejamento do mês, visualizando todos os principais eventos e tarefas numa página:

Registro Mensal do Bullet Journal, mostrando minha agenda e metas para o mês
Todo dia, eu mantenho o Registro Diário, registrando minhas tarefas, tento fazer meu planejamento a la Cal Newport, e ainda registro algo pelo que sou grato no dia de hoje:

Quando leio no Kindle ou escuto um áudio-livro, eu anoto no meu Bullet Journal as principais ideias que aprendi:

Enfim, esse é o meu começo da prática de manter um Bullet Journal, algo que tem sido de muita ajuda no meu dia a dia. Eu já escrevi antes sobre manter um diário, mas fazê-lo de maneira analógica tem um outro poder muito maior de calma e reflexão.

Quanto a ferramentas, eu adoto esses cadernos Neon da Tilibra. E tenho muitas canetas espalhadas pela minha casa, minha mochila e minha mesa no laboratório, de maneira que não consigo recomendar apenas uma marca.

Como o leitor deve perceber, eu estou numa fase obsessiva sobre cadernos, Bullet Journals, diários e criatividade, por isso vou adorar ler qualquer comentários nesse sentido!

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Artigos

Quem eu sou profissionalmente

Nunca tinha parado para reparar como os livros na minha mesa refletem quem eu sou profissionalmente: eu sou um Engenheiro Mecânico, que estuda eletromagnetismo, publica seus estudos em LaTeX, e gosta mesmo de programar em Python o dia todo.

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Um método natural contra o estresse

Várias situações no trabalho estão elevando bastante o meu nível de estresse. Hoje achei um método de combater isso: tomar o caminho mais longo para casa e sentir a natureza me abraçar um pouco.

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Resenhas de livros

Resenha: Roube como um artista

O objetivo principal de Austin Kleon em Roube como um artista é dar dicas de como ter mais ideias (boas). Os seus principais argumentos são baseados na sua experiência como escritor e no contato que ele tem com outros artistas, seja ao vivo ou por meio de obras diversas.

O ponto central do livro é o imperativo presente no título: para ter mais ideias, é preciso estar exposto a elas, capturá-las, e então produzir algo novo. Kleon cita diversos músicos, pintores e escritores que usam dessa analogia do roubo, da cópia modificada. Para isso, é bom ter algumas ferramentas, como um bom diário, um caderno onde você possa anotar coisas que lhe chamaram a atenção, ou qualquer forma de manter um registro. Se você for escultor, tire fotos e mantenha um álbum com suas obras preferidas. Para um caso mais “cotidiano” de um engenheiro de simulação, guarde artigos interessantes no Evernote, por exemplo.

O “roubo”, nesse contexto, se diferencia de um plágio por abraçar as influências, dando crédito a elas e melhorando. Não é difícil perceber que J.K. Rowling usou de muitas fontes sobre fantasia e mitologia, mas adapatou a um mundo de bruxos bons e em um universo infanto-juvenil. Quem escuta Oasis não demora a notar semelhanças com os Beatles, mas como se as suas músicas fossem adaptadas para os anos 90.

Cerque-se do que roubas. Abrace suas influências. Aprofunde-se no seu autor favorito. Não tente criar o seu jeito; deixe ele crescer organicamente, à medida que você se torna mais consciente das coisas que você lê/escuta/ouve/estuda. E não tenha medo de não ser original:

“Tudo que precisa ser dito já foi dito. Mas, já que ninguém estava ouvindo, é preciso dizer outra vez.” – André Gide, escritor francês

Com base nesse ciclo “Expôr-se, capturar, adaptar”, Kleon sugere mais algumas dicas básicas:

  • Trabalhe mais com meios analógicos. Nesses tempos digitais, esquecemos de estimular o tato e as sensações diferentes que temos quando lidamos com o mundo fora do computador. Vale a pena ter um ambiente livre de telas para simplesmente rabiscar ideias em papel (até usando o seu caderno acima), ler um livro, recortar figuras ou fotos e montar um mural etc. No mesmo sentido, é importante ter hobbies diferente do seu trabalho, para estimular o seu cérebro.
  • Saia mais de casa. Isso vale tanto para coisas modestas como ir trabalhar num café; quanto para sonhos de vida como ir morar fora do país ou se mudar de cidade. Essa mudança de ambientes e de conforto pode ativar novas ideias que você nunca teria percebido.
  • Use a vida diária como estímulo criativo. Escreva sobre um filme que lhe comoveu; reclame no seu diário sobre algo com que você ficou indignado; cozinhe uma refeição como uma versão melhorada do que você comeu de ruim.

Pessoalmente, entendo que, ao ser mais criativo, você produz trabalho de mais qualidade, impacto e significado — qualquer trabalho. Assim, fico feliz em recomendar a leitura desse livro, mesmo com alguns poucos defeitos; o que mais me frustra é a falta de referências a estudos que provem os argumentos dele (mas também talvez seja a minha mente de pesquisador) — talvez eu deva roubar as ideias de Kleon e adicionar rigor científico, não acham?.