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O que eu aprendi em 2016

Um dos meus posts preferidos entre os recentes da Thais Godinho, que tem me inspirado nas últimas semanas a usar mais o diário para reflexões de final de ano (e pergunte à minha noiva, eu ando bastante reflexivo nesses dias). Esse texto também me faz traçar conexões com duas ideias:

  • Esse vídeo do CGP Grey em que ele dá a sua versão do segredo de uma vida bem-sucedida: incorporar revisões constantes e corrigir o que não está dando certo na sua vida
  • Um método de gestão que temos testado no nosso grupo de pesquisa, onde as nossas reuniões semanais e mensais são todas estruturadas em torno do que aprendemos em uma reunião e outra. A sua implementação tem tido alguns problemas, mas vamos passar por um treinamento formal em breve, depois do que pretendo escrever um pouco mais a respeito. O que eu posso atestar agora é que relatar o que se aprendeu tem tornado mais visível os avanços da nossa equipe.
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O Hacker Matemático

Texto muito interessante sobre como a matemática não é apenas uma ferramenta opcional para programadores, mas a base do conhecimento sobre computação. Gosto muito da parte em que o autor ressalta que os maiores picos de desenvolvimento tecnológico estão ligados ao uso avançado de matemática (nos dias de hoje, pense em Big Data, aprendizado de máquina etc).

Extendendo a análise à engenharia (o meu campo profissional), esse texto corrobora uma opinião muito forte minha: as disciplinas de matemática (Cálculo, Álgebra Linear) não são um ‘mal’ necessário, mas o alicerce da engenharia. Sei que isso pode provocar chuvas de comentários de estudantes de engenharia, que não entendem por que têm de passar por 4 (!) cursos de Cálculo (pelo menos na minha Universidade) antes de começar a fazer Engenharia de verdade, mas a maturidade nesse assunto vem com o tempo.

Eu sei que é estranho uma pessoa da minha idade falar desse modo, como se eu tivesse anos de experiência, por isso ressalto que essa é apenas uma opinião minha. Em favor do meu argumento, porém, há o fato de que todo o meu trabalho desde que me formei é estudar o que está sendo feito de mais avançado em engenharia (dentro das minhas áreas de estudo), e um padrão é muito evidente: os livros e artigos que mais impactam a comunidade científica estão recheados de matemática avançada. Porém, as principais ideias (não raramente derivadas de teoremas básicos do Cálculo) desses trabalhos não são abstrações; são resultados concretos, que podem ser aplicados no projeto de componentes de engenharia. A matemática ajuda a mostrar que esses resultados funcionam para uma variedade de situações.

O Cálculo também está por trás dos métodos de otimização, que são geralmente o ápice dos projetos de engenharia. Por consequência, são aquelas aulas e listas de Cálculo que ajudam engenheiros diariamente a projetar sistemas cada vez mais leves, mais potentes e mais energeticamente eficientes.

A matemática não “complica” a ciência e a engenharia; ela uniformiza e fornece uma linguagem universal.

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6 livros que moldaram a minha visão de produtividade

Surpresa: eu sou fascinado por produtividade. Eu invejo as pessoas que tiveram carreiras de sucesso e quero seguir os seus passos. O meu lado acadêmico me faz então sempre querer estudar mais do assunto, investigar o que determina que algumas pessoas tenham uma excelente vida profissional, equilibrada com a vida pessoal, enquanto outras ficam estagnadas.

Livros são uma parte fundamental desse processo. Eu sempre fui “a criança estranha que lê”, e depois me tornei o adulto estranho que lê — ao ponto em que acho que a melhor parte de ir à praia é poder ler um bom livro de frente para o mar (uma água de coco ou uma cerveja gelada certamente não atrapalham). As resenhas de livros que publico aqui reúnem alguns dos posts mais populares de FabioFortkamp.com e são os posts que mais gosto de escrever.

Nos últimos posts, tenho reunido as minhas observações sobre gerenciamento de tempo e estou tentando refinar alguns conceitos, até para eu mesmo entender qual a melhor maneira de eu trabalhar. Enquanto eu desenvolvo melhor os próximos textos, vou apresentar ao leitor os 6 livros que efetivamente moldaram a minha visão de produtividade e que servem de base para essa série de posts:

1. A Arte de Fazer Acontecer, de David Allen

Provavelmente nenhuma lista de livros sobre produtividade que tenha sido publicada na útlima década deixa de incluir esta obra, que já foi tema de resenha. Embora eu venha adotando uma versão mais relaxada do método GTD (tema do livro), a obra de David Allen é essencial para sistematizar alguns conceitos que mudaram a minha organização: anotar o que vem a cabeça em algum lugar que você revise, manter listas de todas as coisas que você tem para fazer, dedicar um tempo todo semana para fazer uma revisão geral dos seus projetos etc.

2. Vida Organizada, de Thais Godinho

Livro que condensa muitos posts do blog de mesmo nome, que já linkei muitas vezes aqui. Como mencionei em outro post, a principal ideia que esse livro me apresentou foi uma decomposição de cima para baixo de produtividade: comece refletindo sobre o que você quer atingir no fim da vida, identifique quais são suas metas de médio prazo e termine determinando quais os projetos importantes você precisa fazer neste ano para atingir os seus objetivos de vida.

3. Workflow Mastery, de Kourosh Dini

O autor é um psiquiatra e portanto essa obra-prima contém muitas discussões sobre como a mente encara o ato de trabalhar. Apresentou-me muitos conceitos importantes que serão abordados mais para frente neste blog, como a importância de rotinas e de fluxos de trabalho, e é a fonte da ideia de sessões de trabalho, que abordei em outro post.

4. Creating Flow with Omnifocus (2nd edition), de Kourosh Dini

Este é na verdade um manual do software de gerenciamento de tarefas Omnifocus, que usei muito quando ainda usava um Mac. Entretanto, a segunda edição foi publicada depois de Workflow Mastery, e Kourosh Dini não perdeu a oportunidade de aprimorar os conceitos desse livro e, mais importante, mostrar como implementá-los na prática. Mesmo sem usar Omnifocus, consigo reproduzir muitos métodos no Todoist, e pretendo explicar como em breve.

5. So Good They Can’t Ignore You, de Cal Newport

O que determina a felicidade e o sucesso profissional não é quanto que você ganha (já que nunca estamos satisfeitos com o nosso salário), mas o grau de controle, criatividade e impacto que você tem enquanto exerce o seu trabalho. Como essas características são raras, você precisa se diferenciar e se tornar raro e valioso para conseguir as melhores condições de trabalho. Para mais detalhes, veja a minha resenha. Esse livro proporciona um belo contraste com A Arte de Fazer Acontecer (primeiro item dessa lista) e livros afins por sua ênfase mais no simples ato de se tornar muito bom e menos em hacks e técnicas de produtividade,

6. Deep Work, de Cal Newport

Ainda estou terminando de ler essa obra, mas já tenho colocado em prática alguns conceitos. Continuando a linha de raciocínio de So Good, nesse livro o Prof. Newport mergulha no que é necessário para que nos tornemos realmente bons no que fazemos, e defende que a atividade básica que desenvolve as habilidades profissionais é o trabalho profundo: focado, intenso, livre de distrações, por horas a fio. Mais: como a concetração parece se comportar como um músculo, é preciso exercitá-la mesmo nos horários fora de trabalho (Abrace o tédio é o título de um dos capítulos). Desnecessário dizer, mas aguardem resenha em breve.

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Como arruinar a minha atenção durante uma apresentação de congresso

Nos últimos três meses tive o privilégio de participar de dois congressos acadêmicos na minha área de doutorado, um internacional e outro nacional, sendo que no final do ano passado também apresentei o meu trabalho de mestrado em um congresso nacional. Devo ter assistido a meia centena de apresentações de trabalho nesses eventos todos, e em muitas delas a minha atenção foi arruinada.

Eu sou ainda muito inexperiente em relação a participação em conferências, e não acho que sou um apresentador excepcional. O que segue é uma lista, do ponto de vista estritamente como expectador, de coisas que você pode fazer se quiser destruir o meu interesse pelo seu trabalho durante o próximo congressos.

Tente espremer todo o seu trabalho durante o tempo de apresentação

Um artigo submetido aos anais de um congresso tem entre 4 e 8 páginas (pelo menos na área de engenharia) e geralmente compreende um ano de trabalho. Uma apresentação, por outro lado, geralmente tem o limite de 15 minutos.

Vamos pôr em perspectiva: tentar resumir o trabalho de um mestrado ou doutorado durante 50 minutos (como é nas defesas do meu Programa de Pós-Graduação) é absurdo. Tentar resumir um ano de trabalho em 15 minutos é mais irreal ainda. A questão é: você não precisa relatar o seu trabalho de um ano durante esses 15 minutos. Os trabalhos que mais me chamaram a atenção durante esses congressos que frequentei não foram aqueles em que eu consegui efetivamente entender o assunto (porque o tempo é realmente curto para aprender), mas aqueles que me fizeram ir ler os respectivos artigos.

Se você tentar falar tudo o que é importante durante esses 15 minutos, a sua apresentação vai se tornar muito difícil de acompanhar; pior, se você passar do tempo, vai atrapalhar a agenda de todos os expectadores.

Copie parágrafos do seu artigo para os slides

Sinto que isso é um lugar-comum, mas eu vou repetir aqui: eu não consigo ler o que está nos seus slides e ouvir o que você está dizendo ao mesmo tempo. Assim, cada texto grande que você coloca rouba minutos da minha atenção sobre o que você está falando (e ouvir você é o objetivo de eu ir a uma apresentação sua).

Como falei no ponto acima, a sua apresentação tem um artigo como suporte. Os seus 15 minutos não são para eu ler o seu artigo, mas para você me convencer a lê-lo. Use e abuse de recursos que não estão disponíveis nos documentos escritos: muitas imagens (ao contrário dos papers, não há limite de figuras nos slides), animações, cores, explicações.

Uma das piores apresentações a que fui no último congresso foi uma em que o autor usou slides brancos com textos em preto de cima baixo, e o apresentador ficava olhando para a tela e lendo (acho que nos 15 minutos ele mostrou 2 figuras). Impossível prestar atenção.

Coloque um grande número de equações complexas

Eu faço Doutorado em Engenharia Mecânica e portanto não tenho medo de matemática, mas interpretar equações dá trabalho. Vou repetir: eu posso ler o seu artigo depois, com calma, de preferência escutando música clássica. Na sua apresentaçao, eu quero ter um panorama do seu modelo matemático, entender de onde você partiu e onde você chegou, e entender o que é possível inferir ou calcular com ele.

Se você põe equações cujos termos você não consegue explicar claramente em um minuto, vai ficar muito difícil de prestar atenção em você.

Tente me enganar

Eu, que sou um expectador mediano, consigo perceber quando o seu trabalho é uma enganação; que dirá de professores e pesquisadores mais experientes. Se eu, como alguém que está assistindo à sua apresentação, perceber que você está tentando fazer o seu trabalho parecer muito maior que é, você vai perder a credibilidade comigo, e não há motivo para eu prestar atenção em alguém que não é confiável.

Penso que uma apresentação de congresso não precisa ser revolucionária. Eu sei que a falta de recursos financeiros e materiais dificulta as pesquisas. Uma das apresentações mais interessantes a que assisti recentemente envolvou a repetição de um experimento clássico, mas variando um parâmetro ainda pouco explorado. O aparato experimental era simples, a ideia era simples, mas o trabalho era consistente e rigoroso, e representou um avanço no conhecimento (palavras de um colega meu, quando discutíamos essas questões).

O que você não deveria fazer é gerar dois gráficos de um experimento que você preparou em um mês, não representando nada de novo em relação ao disponível na literatura, e achar que está em pé de igualdade com todos os outros apresentadores do congresso.


Esses são desabafos mostrando que o eu acho que você não deveria fazer. Agora, se você quer dicas do que fazer, sugiro esse artigo do Prof. Matt Might, de onde tirei algumas das ideias acima.

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Spotify como ferramenta de trabalho

Há algumas semanas, em parte tentando economizar e parte como um exercício de penitência, eu cancelei minha assinatura do Spotify.

Existem duas situações principais em que uso o Spotify:

  1. Na esteira da academia
  2. Trabalhando

O primeiro foi fácil de resolver. Eu tenho uma seleção razoável de músicas na minha conta no iTunes, que podem ser exportadas para o app do Google Play Music no meu Moto X. Como essas músicas já foram compradas, eu não gastaria nada a mais para ouvi-las, e ficaria sem a possibilidade de experimentar música nova a cada dia, que era uma minúscula privação a que eu estava disposto a me submeter. Ou eu podia simplesmente escutar algum bom podcast.

Já a segunda situação foi bem mais difícil, e foi o que me motivou a assinar o Spotify de volta.


O Spotify já não é mais um luxo para mim, mas uma das minhas ferramentas de trabalho mais importantes. Se você tiver a chance de me observar no laboratório onde trabalho, frequentemente vai me ver com fones de ouvido, lendo, escrevendo ou programando. Além de ajudar a isolar parte do barulho de equipamentos e conversas e de servir como um sinal de “não perturbe”, a música efetivamente me ajuda a me concentrar. Não qualquer música, naturalmente, mas algo instrumental, clássico, calmo. Minhas playlists favoritas são:

Uma situação que tem se tornado típica é escutar a essas playlist mesmo longe do computador. De fato, o que me fez assinar de volta foi uma viagem que fiz a um congresso; estava levando material impresso para estudar e sabia que ir escutando música ia fazer diferença, e a conta Free do Spotify não permite sincronizar as músicas com celular para ouvir offline (como eu estaria no avião). Acredite: os trajetos de avião ficaram bem mais produtivos com algumas das playlistas acima a postos no meu bolso.

Para usar os termos do post anterior, escutar esse tipo de música é parte essencial das minhas sessões de trabalho.


O Spotify também é um excelente exemplo da diferença entre custo e valor. O Spotify me custa pouco (de tal forma que o valor economizado com o cancelamento da assinatura ia ter pouco impacto nos meus objetivos financeiros) mas me traz muito valor. Como Gustavo Cerbasi falou num vídeo recente, o importante não é simplesmente cortar gastos, mas cortar aquilo que não contribui na sua qualidade de vida. Como um exemplo de situação oposta, recentemente cancelei minha assinatura em um daqueles Clubes de Cerveja: por mais que seja interessante, eu achava que estava gastando muito dinheiro e não encontrava satisfação (frequentemente recebia cervejas que não eram do meu gosto, por exemplo). Economizar esse valor mensal foi uma decisão fácil.


E o leitor, costuma ouvir música enquanto trabalha? Tem algum estilo preferido? Respondam nos comentários!