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Diário dos dias de hoje

Segunda-feira, 11 de maio de 2020, 11:00: meu empregador passou a aceitar formulários que antes eram preenchidos a mão apenas no formato digital. Gasto alguns minutos aprendendo a usar os sistemas. Faz algumas semanas que meu empregador me deu acesso a uma assinatura digital.

Segunda-feira, 11 de maio de 2020, 14:00: nosso plano de saúde nos avisou que um formulário preenchido no computador é inaceitável, e precisa ser preenchido a mão, a caneta (a marca não foi especificada). No momento estou numa casa sem impressora, então pus minhas roupas de sair, peguei uma das minhas máscaras, e sai, no meio de uma pandemia, para imprimir 6 folhas de papel. Aproveitei para comprar fraldas. Na volta, gastei 30 minutos desinfetando o envelope, o pacote de fraldas, minha carteira, minhas chaves, minha máscara, meu celular, a mesa onde pus tudo isso, e tomando banho. Pelo menos depois comi um pedaço de bolo e assisti um pouco de um filme sobre o 11 de setembro.

Segunda-feira, 11 de maio de 2020, 21:00: esqueci de avisar, hoje é meu aniversário. Para comemorar, pedimos Poke, e pus a máscara para receber o entregador. Aí lembrei que ele provavelmente nem tem plano de saúde de que reclamar. Que dias são esses?

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Notificações positivas, Parte II

Acho que o iFood lê o meu blog e sabe que eu gosto de notificações desse tipo.

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Quaresma nerd

Para os cristãos como eu, estamos na Quaresma. E por que não usar elementos do dia a dia para nos lembrar disso?

Vaso de flores artificiais, mostrando flores brancas e roxas

Como bom marido que sou, sugerir incluir a cor roxa na decoração da casa

Screenshot do Todoist no iPhone, usando um tema de cor roxa
Meu Todoist, talvez o app que mais uso durante o dia, também me lembra diariamente da Quaresma

Captura de tela do aplicativo PCalc no iPhone, mostrando detalhes em roxo
E se for para fazer contas, que tal um toque de roxo quaresmal também?

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Arte na barbearia

Tudo é arte.

Essa foi minha impressão ontem, quando estava na barbearia. De um lado da minha cadeira, ouvi um barbeiro discutindo técnicas de afiação de tesouras com um cliente. De outro, um grupo de barbeiros queria ver as ferramentas “inovadoras” que um barbeiro novo trouxe para o local.

Quando eu falo de criatividade aqui, sempre acabo pensando muito em trabalhadores do conhecimento, de escritório, com tarefas como “preparar apresentação”, “escrever relatório”, ou mesmo mais específicas, como programar, projetar uma casa ou equipamento. E, na minha grande ignorância, sempre pensei justamente em barbeiros como o oposto disso, como um simples trabalho manual. Como eu estava errado; é claro que existe muita arte na barbearia.

A propósito: esse tipo de observação foi grandemente facilitada pela minha mente estar muito mais vazia nesse mês.

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Enquanto isso, num dia de trabalho no Chrome…

Captura de tela do Chrome mostrando abas fixas

Depois que o Vlad Campos mostrou em algum post ou vídeo como fixar abas no Chrome, não consigo viver sem. A imagem acima mostra as abas que estão sempre abertas: vários quadros do Trello, Calendar, Drive, WordPress (para eu mostrar meu trabalho de maneira mais intensa) e Todoist.

E o leitor, que sites mais usa?

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Uma das melhores trilhas sonoras para trabalhar

Podem falar o que quiser, La La Land é um dos meus filmes favoritos, e essa trilha sonora é espetacular.

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Querido Arthur

Querido Arthur,

Você e eu nos conhecemos tão pouco, mas talvez seja por causa da sua
pouca idade. Você mal fez nove meses; como esperar que me conheça?

Você, quando crescer, talvez não vai lembrar do domingo passado, Dia dos
Pais, 2013. Talvez agora já não lembre do domingo passado (eu realmente
não sei como é a memória de um bebê, Arthur). Mas eu me lembro. Você
estava no colo de alguém, e quando eu fui brincar com você, você quis ir
para o meu colo, e dali não quis mais sair. Passamos uma meia hora
juntos, talvez um pouco mais. E assim nos conectamos.

Veja, você é filho do meu primo, mas é mais que isso. Vamos centrar uma
árvore genealógica em mim. No topo estão meus avós, depois os seus
filhos (meus pais e tios), depois os netos, nível no qual eu e seu pai
estamos. Na próxima linha, só existe você. Ou seja: num universo
centrado em mim, você é a Próxima Geração. É o primeiro filho de um
primo meu, o primeiro sobrinho-neto do meu pai, o primeiro bisneto dos
meus avós. Você tem responsabilidade, Arthur, mas você dá conta.

No dia anterior ao Dia dos Pais, perdemos alguém muito próximo à nossa
família, uma pessoa muito querida que vai fazer falta. Ficamos todos
tristes. Mas quando você chegou… todos riram. Você faz todos rirem.
Você faz os seus bisavós (meus avós paternos) rirem como eu nunca vi.
Você despertou um lado no seu bisavô que eu não conhecia; no meu colo,
você brincou com ele, riu quando ele se escondeu atrás de mim (e logo em
seguida reapareceu). No meu colo, você sorriu quando a sua bisavó falava
com você, e fez ela sorrir também, um sorriso de felicidade pura, de ver
a Próxima Geração (a quarta, a partir dela). Você tem esse efeito.

Juntos, passeamos pela casa na qual seu avô (meu tio) e seu tio-avô (meu
pai) cresceram. Nós tocamos as folhas do jardim, cheiramos as flores,
observamos a terra. Você fazia uma cara de espanto a cada nova sensação,
e, claro, queria tocar tudo! Subimos no segundo andar da casa e vimos o
quintal de cima (será que você já viu o mundo de tão alto, Arthur?).
Exploramos a coleção de discos da sua bisavó (que pena que não chegamos
nos livros.) Eu lhe segurei para você tentar andar pela casa.

Pode parecer tolo, Arthur, mas acho que lhe ajudei a explorar o mundo.

Muito já se fala no seu futuro (claro, porque, como falei, você é o
futuro da nossa família). Querem saber o que você vai ser, como vai ser.
Não se preocupe com nada disso, Arthur. Apenas seja. Continue fazendo o
que você já faz, trazendo alegria. Nós sempre precisamos.

Um beijo,

-Fábio

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A vida deles com Alice

Vivemos num mundo intolerante. Nós, brancos, de classe média,
heterossexuais, odiamos aqueles que são diferentes por perturbarem o
nosso mundo. Odiamos os gays por “tentarem destruir a família
brasileira”, os religiosos por “enganarem a população”, os ateus por
“pregarem o mal”, os pobres por “sugarem os nossos impostos com o
Bolsa-Família”, os ricos por “explorarem a classe trabalhista”, os
negros por… não sei por quê, mas tem gente que ainda os odeia.

É um mundo de ódio e de hipocrisia. E parece que estamos piorando.

Mas nada se compara à situação de pessoas com necessidades especiais.

São pessoas que nasceram com alguma diferença genética, ou que sofreram
algum tipo de acidente. Na maior parte das vezes, não é culpa deles, e
ainda assim os odiamos. Reclamamos do excesso de vagas reservada para
eles no shopping. Tiramos sarro da menina que usa a linguagem de sinais
nas propagandas oficiais. Sentimos vontade de enganar o cego. Reclamamos
quando o ônibus demora muito tempo para que algum cadeirante possa
subir. Chamamos alguém de autista como xingamento.

E sentimos pena quando algum amigo tem um filho com necessidades
especiais.

Eu nunca tive nenhuma experiência desse tipo, nem com pessoas próximas
de mim, então não consigo nem imaginar o que é ter de lidar com isso. É
um desafio duplo: você tem de lidar com a situação em si e com a reação
das pessoas a ela. Da cara de pena, da cara de nojo disfarçada, da cara
de “ainda bem que não foi comigo”.

Quando alguém passa por isso e opta por compartilhar coisas boas, só
podemos sentir alívio. Alívio de que ainda existam pessoas assim.

Num mundo tão intolerante, é iluminador ler algo como o Nossa Vida com
Alice
.

Eu cheguei a esses blogs (o que eu indiquei e o que vocês estão lendo
agora) por causa da avó da Alice. A Soninha, além de ser provavelmente a
melhor professora de literatura do Brasil, foi a pessoa que mais elogiou
e incentivou a minha escrita. Constante e continuamente. Chegou um ponto
em que eu queria escrever apenas para mostrar para ela (e ela
provavelmente não sabe disso).

Sem o elogio de alguém que estuda os melhores livros por profissão,
talvez FabioFortkamp.com não tivesse nascido.

Não tenho medo de dizer: foi um choque descobrir que a neta dela (e
claro que ela falava das filhas nas aulas) nasceu com Síndrome de Down.
Quem não se espantou?

Aos poucos, porém, acompanhamos a luta. Sejamos realistas: ter um filho
com Síndrome de Down é difícil. Logo a Carol (a mãe da Alice, e filha da
Soninha) resolveu começar a compartilhar suas experiências. Ler aquele
blog me dá um senso de realidade, um senso de tamanho dos meus
problemas, um senso de alegria.

Não é querer se mostrar. É querer enfrentar o preconceito. É muito fácil
dizer que lutamos sem fazermos algo de fato. E ela faz. A escrita dela
clarifica, sem borboletas voando e arco-íris permanente. Ela escreve
sobre o desfio diário, o acompanhamento médico, a rejeição das escolas,
as alegrias de ser mãe, as risadas do bebê, os choros da mãe.

Você deveria acompanhar. No mínimo, para ter menos preconceito.

Boa sorte, Carol.