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Resenhas de livros

Resenha: The Information

O que é informação?

Se você precisa dizer um “eu te amo” para a sua cara-metade, e a pessoa está do seu lado, é fácil – aparentemente. Física e biologicamente, o seu cérebro transmite sinais elétricos para as suas cordas vocais, que alteram a pressão do ar que sai dos seus pulmões; essas ondas de pressão se propagam no ambiente à sua volta e chegam ao ouvido da pessoa amada, e o tímpano transforma em sinais elétricos essas vibrações, e o cérebro alheio compreende as suas palavras.

Transmitir mensagens é uma atividade humana desde sempre (de “Perigo!” e “Há comida” a “Vamos no sushi hoje?”), mas há obstáculos. Se o interlocutor está a distância, o estraga-prazeres do atrito não vai deixar a sua voz se propagar por uma distância muito longa. A escrita resolveu parte do problema, mas criou outros: como codificar uma língua inteira em um alfabeto de 26 letras (e mais alguns símbolos, como espaço, pontuação, hífens)? E quando os humanos se acostumam a essa codificação, como transmitir uma mensagem escrita instantaneamente (em caso de guerras ou catástrofes, por exemplo)? E é possível transmitir a voz diretamente – como diabos alguém do outro lado do mar escuta a sua voz? Afinal, o que está sendo transmitido de fato?

É essa a pergunta que James Gleick tenta responder no pesado e excelente The Information (há também uma versão em português) – parte história (dos tambores africanos, da invenção do telégrafo e do telefone, com o clímax natural no início da computação) e parte resumo da Teoria da Informação, como diz o subtítulo. Esse é um livro para aprender, e muito. Você vai conhecer os grandes personagens (inclusive mulheres que deveriam ser mais conhecidos) que contribuíram para a arte de transmitir conhecimento.

A ideia central de The Information é a noção do bit, e as possibilidades do que está sendo transmitido é que determina o número de bits em uma mensagem. Se você precisa armazenar o resultado binário, como uma resposta Sim/Não de uma pergunta, você precisa de 1 bit (1 binary digit). Se você tem até 4 opções, precisa de 2 bits; para 8 opções, 3 bits, e assim por diante. Se você não tem nenhuma escolha, pode economizar bits; uma mensagem (em português) como “apartament” já está completa, já que a única letra a seguir possível é “o”, e você pode economizar pulsos elétricos na hora de transmitir essa última letra.

Uma popular série de brinquedos de heróis de pijama inclui os bonequinhos dos personagens e uma base que funciona com todos eles. Dependendo do personagem que é inserido na base, ela fica de uma cor diferente e emite um som diferente. Como os bonequinhos transmitem a informação para a base? Com um sistema de 3 bits (até 8 bonequinhos são possíveis de diferenciar, portanto), codificados com ressaltos nos pés:

Sistema de 3 bits para codificar a identificação de bonecos em uma base comum (que possui 3 orifícios). Observe que cada personagem tem um padrão diferente, onde cada pino pode estar presente ou não.

Um super jogo de tabuleiro também identifica os cartões com 3 bits:

Obviamente, comecei a prestar mais atenção nessas coisas justamente por estar lendo The Information.

Outro grande ponto alto, e que me deu várias ideias de leituras adicionais (um exemplo de livro centrífugo), é o capítulo sobre biologia e informação. O DNA é um grande código computacional, mas implementado com proteínas. Os meus dois filhos têm olhos claros, coisas que nem eu nem minha esposa temos – porque os nossos corpos só serviram como transmissores dessa informação.

O ponto fraco são os três capítulos finais, que sinceramente parecem mais uma exigência do editor. James Gleick parece forçado a discutir o tal excesso de informação – sendo que já há um excesso de excesso de discussões mais do mesmo. O próprio autor parece pensar que essa discussão não vale a pena.

The Information é um livro que exige bastante conhecimento científico (e gosto que Gleick não tem medo de inserir equações), mas que ensina muita coisa a que está disposto a dedicar as horas.

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Apps e programas que um pesquisador usa

Inspirado por uma série de episódios anuais do Cortex, aqui está uma lista dos apps e programas que eu, um pesquisador de Engenharia, uso diariamente (para fins de trabalho):

iPhone

  • Drafts – quando você abre o Drafts, ele imediatamente abre uma página em branco, sem eu precisar explicitamente criar uma nova nota. A minha versão de “manter cartões de anotações” o tempo todo comigo conforme recomendado por David Allen e Anne Lamott;
  • Todoist -para consultar minhas tarefas;
  • Outlook – app de email que uso por nenhuma razão específico para usar e nenhuma razão específica para deixar de usar. Meu relacionamento com e-mails é o seguinte: eu abro regularmente, arquivo 90%, mando 5% para o Evernote, respondo os 2% rapidamente no iPhone, e deixo os outros 2% para responder com calma no PC;
  • Kindle – para sempre ter um livro à mão (e leio muito coisa técnica);
  • PCalc – porque eu sou engenheiro, e como todo bom engenheiro, uso com modo RPN;
  • NetNewsWire – sei que a internet diz para não acompanhar notícias, por isso vou consultando ao longo do dia meus blogs favoritos (muitos deles relacionados ao trabalho);
  • Forest – um app que faz crescer uma árvore no seu celular e, se você sai do app para consultar o Instagram, email, WhatsApp etc, a árvore morre. Bom para se concentrar!

Windows

E é assim que eu trabalho.

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O melhor curso de programação para engenheiros (e que ninguém conhece)

Eu aprendi a programar na faculdade, e nos semestres finais eu só fazia os trabalhos com cálculos implementados em computador. Ao longo de minha carreira, utilizei diferentes linguagens, técnicas, e métodos, mas a programação sempre fez parte do meu trabalho.

Se você estuda Engenharia, você precisa aprender a programar.

Quando eu comecei no meu emprego atual, eu me deparei com um desafio que eu não tinha enfrentado antes: desenvolver programas não seria apenas um meio para outro objetivo (como escrever teses ou preparar aulas), mas é o trabalho; meu papel aqui é desenvolver, manter, testar e documentar softwares de Engenharia que outros pesquisadores e pesquisadoras usam. Eu precisava subir de nível na minha habilidade.

O caminho que escolhi é o projeto Open Source Society University, que prescreve um “caminho” para cursar Ciências da Computação com apenas cursos online. Eu não tenho essa pretensão, e nem acho que é possível. O meu objetivo é trazer conceitos mais rigorosos, efetivos e eficazes do mundo do desenvolvimento de software para a Engenharia.

E já no primeiro curso, o mais básico, surpreendi-me positivamente, e agora acho que todo estudante de Engenharia deve começar o quanto antes o curso online e gratuito How to Code: Simple Data, que usa o meu novo livro preferido de programação (também online e gratuito) How to Design Programas (2 ed.)

Esse não é um curso sobre uma linguagem específica, tanto que usa uma linguagem não muito popular chamada Racket. É sobre projetar programas, como um projeto qualquer de Engenharia: com requisitos, critérios de sucesso (como você sabe que o programa está correto? Você testa todas as suas partes). É sobre seguir um método, rigoroso e sistemático. Tanto no curso quanto no livros, os autores enfatizam a importância de documentar o que você está fazendo, com muitos exemplos.

Minha dica é essa: siga esse curso, tentando fazer todos os exercícios, e então busque traduzir os conceitos na linguagem que você usa nos seus projetos (provavelmente uma das minhas recomendadas). A qualidade dos programas que eu escrevo e o meu entendimento sobre eles aumentou exponencialmente.

Fora que programas em Racket é divertido.

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Linguagens de programação que todo pós-graduando deve saber: a Tríade da Ciência de Dados

Se você está iniciando em uma carreira de pesquisa, você vai ter de tratar dados experimentais ou numéricos e apresentar seus resultados. Não há escapatória além de aprender a programar, e isto vale para todas as áreas; John MacFarlane, por exemplo, é professor de filosofia e um grande nerd.

Para mim, existem três linguagens básicas que você deve saber e estudar continuamente, e vou apresentar na ordem em que acho que devem ser estudadas. Também, como eu sou o Fábio, eu vou dar dicas de livros, que ainda são muito superiores a simples tutoriais para realmente aprender algo.

Python

Se você está começando, este é um excelente primeiro passo. Python é uma linguagem simultaneamente fácil de aprender e poderosa; é bastante geral, e tem bibliotecas para processamento de arquivos, interfaces web e cálculo numérico e matricial.

Eu uso Python regularmente para meus projetos de Engenharia desde 2011. No meu mestrado, criei scripts para pegar os arquivos que o sensor de pressão da minha bancada escrevia e criar gráficos de pressão x tempo para cada teste que eu havia feito. No meu doutorado, criei dois programas que resolviam as Equações de Maxwell para duas geometrias diferentes de ímãs permanentes e calculavam o campo magnético gerado por cada uma. Atualmente, mantenho alguns programas de simulação de poços de petróleo e cálculo de propriedades de óleos.

Uma boa introdução geral é este livro, enquanto este aqui é excelente e mais voltado para área de dados.

R

Você pode usar Python para praticamente qualquer tarefa, mas sempre há benefícios em conhecer mais linguagens. Bjarne Stroustrup, criador da linguagem C++, diz que um salto fundamental para alguém que sabe programar é passar de uma para duas linguagens: o conhecimento de uma alimenta o estudo da outra.

Acontece isso comigo ao estudar R, uma linguagem voltada à Estatística. Embora eu não use muito scripts em R em si, o conhecimento que tenho da linguagem me faz pensar melhor na organização das tabelas de dados, e em como posso juntar todas as simulações que faço em uma única tabela que é filtrada e transformada (e.g. calcular a média de todas as linhas da tabela mestre que correspondem a uma mesma condição de pressão) para diferentes tarefas. Esse conhecimento me acompanha mesmo quando escrevo os programas em Python.

Estes dois livros são excelentes e fundamentais para começar a estudar dados de maneira mais séria.

Julia

Julia é uma linguagem bem mais moderna que as outras, e bastante focada na rapidez de execução. Novamente: ao estudar e praticar Julia, eu posso tanto escrever scripts nessa linguagem como pensar em como acelerar meus programas em Python e R. Se você já tem um sistema que quer otimizar, sugiro fortemente aprender Julia; o ecossistema de bibliotecas está crescendo rapidamente.

Uma boa introdução a Julia é este livro online.


Se você quer aprender mais sobre alguma dessas linguagens, diga aqui nos comentários!

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Por que uso o PyCharm ou: uma história sobre complicar para simplificar

O que vou falar aqui não combina muito com o Ano de Simplificar, mas vale a pena ser dito: às vezes, complicar torna a vida mais simples.

O meu trabalho envolve programar muito em Python, como vários outros pesquisadores do mundo. O editor da moda é o Visual Studio Code, que tem um visual mais minimalista e de fato é muito bom.

O problema é que apenas o editor não é suficiente para meu trabalho: eu preciso de um terminal de linha de comando e de ferramentas de controle de versão. O VS Code têm tudo isso, mas aí a sua simplicidade começa a sumir… E é aí que eu resolvi abraçar a complexidade e usar um editor mais profissional, PyCharm.

PyCharm não é um programa simples ou fácil de usar: há inúmeros painéis, menus, caixas de diálogo, atalhos. Mas agora, tudo que eu preciso está em um só programa – e aos poucos, estou aprendendo a navegar nessa complexidade e me tornando mais produtivo e eficiente no meu trabalho.

E no seu trabalho? Que passo adicional em relação à complexidade a leitora pode adotar que vai tornar a vida mais simples, na verdade? Que software/metodologia/ferramenta o leitor está com medo de abraçar pela complexidade, mas que vai facilitar a vida?

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Equipamentos que uso para dar aulas presenciais

Há alguns meses, no meio da pandemia e com aulas remotas, eu compartilhei que equipamentos eu usava para ministrar aulas online. A pandemia não acabou, mas a época de aulas remotas sim, então este é um update de como tenho feito agora, em sala de aula.

Eu sou professor de Engenharia; minhas aulas têm muitas equações, muito gráficos, alguns vídeos e fotos de equipamentos. Assim, eu tento equilibrar o uso do quadro negro e o uso de slides; em algumas aulas, eu apenos escrevo e resolvo exercícios no quadro-negro, em outras só discutimos o que aparece nos slides, mas mais comumente equilibramos os dois:

Aliás: eu adoro escrever em giz (muito melhor que caneta)

Para escrever em si, minha universidade fornece o giz, mas para me lembrar do que devo escrever, eu geralmente levo uma cópia dos meus livros-texto, um caderno de anotações e o meu iPad Air 3a geração.

Para projetar slides, fotos e vídeos, uso o meu laptop Samsung com um passador de slides Logitech R400 e um Adaptador USB-C (tipo C) para HDMI e VGA UCA09 da Geonav (algumas salas não têm o projetor de fácil acesso, mas apenas um cabo VGA).

Estudantes: como tem sido a volta das aulas presenciais?

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Apps e equipamentos para ajudar a manter o foco no meio da loucura

O mês de março foi uma pequena loucura.

Tudo estava indo razoavelmente bem, depois de várias reflexões sobre foco – mas no final do mês, uma combinação de doenças (leves, mas que requisitaram cuidados), eventos grandes familiares, e recomeço do semestre letivo (e tudo acontecendo ao mesmo tempo agora) quase me tirou do eixo; eu senti que não estava dando conta. Felizmente, tudo voltou a uma rotina razoavelmente tranquila.

Para continuar seguindo os dias fazendo o essencial, eu resolvi experimentar o app Sunsama, por recomedação do canal Keep Productive.

Este app puxa tarefas do Todoist (e outros serviços) e eventos das suas diversas contas de calendário) e permite a você reordenar, priorizar, e distribuir ao longo do dia. O Sunsama tem um modo de planejamento que estimula você a pensar, entre as milhares de tarefas do Todoist, quais são realmente importantes; você também pode estimar quanto tempo cada tarefa leva, e depois conferir com o tempo real (há um timer que você pode acionar quando começa a trabalhar em algo). Ainda estou refletindo se vale o preço, depois de testar por um período grátis.

Além de ter um aplicativo mais poderoso para ajudar a planejar o dia, também tenho tentado seguir com minhas rotinas básicas: meditação, escrever no diário, fazer um pouco de exercício todo dia.

Parte da loucura e da angústia era também por causa do meu laptop, um MacBook Pro 2017 de 13 polegadas, que está começando a dar sinais de velhice e cuja bateria falhou de vez. Como vou fazer para dar aulas, agora presenciais? Desde o começo do ano estou perdendo o sono, pensando se compro outro MacBook, se compro outro computador mais barato, ou se mando consertar a bateria. Em março, eu finalmente levei para fazer um orçamento para troca da bateria – e o preço era duas vezes mais absurdo que o absurdo original que eu estava esperando. Foi a gota d’água; nessa inflação, eu me recuso a gastar esse dinheiro com apenas a bateria. Pelo mesmo preço, eu comprei um computador novo em folha, mais poderoso que o meu antigo:

Shocking news: um laptop cinza-preto de plástico

Este é um Samsung Book i7, 8GB de RAM, 256 GB de SSD. Está me servindo perfeitamente. Para alguém que estava usando exclusivamente macOS há 2 anos (e que antes disso estava usando Macs e PCs de maneira paralela por uns 3 anos), voltar a usar Windows, mas agora numa versão (11) que nunca tinha usado, foi uma variação interessante.

Uma cara muito macOS em um notebook Windows

Sinceramente, um dos motivos que me levou a querer voltar para Windows foi justamente a questão do foco. Com esse jeitão meio corporativo, o laptop me convida a sentar e preparar aulas e é isso. Com macOS, eu percebia que às vezes estava mais interessado em automatizar a preparação de aulas, e acabava esquecendo o objetivo final. Talvez seja o efeito psicológico de que, durante todo o meu doutorado e pós-doutorado, eu estava usando Windows para “atividades acadêmicas”, então o meu “cérebro acadêmico” automaticamente se sente em casa no Windows.

E claro, não vamos nos esquecer das portas:

Repararam no hub USB-C pendurado ali e que agora tenho que tirar da mesa?

O verdadeiro teste vai ver como essa máquina se comporta de maneira portátil, indo da minha sala para as salas de aula e de volta, e se vou aguentar transportar os 1,6 kg todo dia por aí – no final de abril volto a reportar. Com o perdão da analogia barata, comprar um notebook poderoso e pesado assim me tirou um peso emocional – o problema de ter um laptop funcional para começar um novo semestre, e com aulas presenciais, está resolvido. Em uma aula de Transferência de Calor, usei justamente um vídeo que assisti quando estava pesquisando para comprar o laptop como exemplo do problema de resfriamento de componentes eletrônicos.

O grande desafio de abril será justamente esse – será que sei dar aulas numa sala de aula ainda? Como vou balancear usar um laptop com escrever e desenhar livremente num quadro-negro? Para os meus leitores e leitoras que ainda têm ou dão aula – o que vocês preferem, slides ou “cuspe-e-giz”? Vamos conversar aqui nos comentários!

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Meu setup no Todoist: tarefas a fazer em um iPad

Não é deja vu: eu já escrevi sobre trabalhar com um iPad, incluindo quais apps uso, que tipo de tarefas dá para fazer, quais acessórios carrego comigo. Mas naquele texto eu prometi uma continuação falando do meu setup no Todoist: como sei no que trabalhar no iPad? Com um ano de atraso, aqui vai.

Vou tentar documentar uma sessão típica de trabalho. Neste mês de janeiro, estou tentando avançar em projetos profissionais importantes, sem estresse, nas minhas férias. Para evitar sobrecarga, eu foco em dois grandes projetos por dia: de manhã, estudar tópicos variados para concursos (e também para sempre me aprimorar), e de tarde em papers a serem publicados. Hoje à tarde, então, eu abri meu Todoist e abri minha etiqueta de Channel2, que é como chamo os meus projetos vespertinos:

Eu ordeno as tarefas com as mais antigas no topo, para evitar apenas fazer o mais urgente e esquecer tarefas que criei lá atrás. Após notar que realmente não há nada urgente, eu percebo que é preciso ler um artigo, e que esta tarefa está categorizada a ser feita no meu iPad Air. Eu sigo totalmente o conselho da Thais Godinho de usar o recurso de “projetos” do Todoist como na verdade “listas” genéricas. Os meus projetos são gerenciados no Trello.

Então, mãos à obra:

Eu leio, com toda a atenção, enquanto uma música de foco do Headspace fica tocando. Após ler o bendito artigo, tomar notas, refletir, sublinhar algumas passagens, eu decido que minha leitura está completa. Essas notas, porém, precisam ser processadas, isto é, virar notas no meu Zettelkasten e referências no artigo que estou escrevendo. No Todoist, eu crio uma nova tarefa a ser feita outra hora, mas em outro contexto:

Mas, se eu tenho tempo sobrando, ainda estou disposto a trabalhar, o que mais é possível fazer no iPad? Para aproveitar o contexto em que estou, eu tenho um filtro no Todoist onde listo tudo que é possível fazer no iPad:

Deixem nos comentários se querem saber como funciona esse filtro

Ok, parece que é hora de ler mais um outro documento, então vamos lá:

Dessa maneira, se meu computador está desligado, ou se estou em outro lugar que não o meu escritório, sempre há algo significativo a fazer com a ferramenta que tenho em mãos.

Querem ver mais posts sobre Todoist?

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Como eu atendo alunos remotamente

Ontem eu completei um ano como professor, e se posso resumir meus aprendizados numa frase de impacto para fingir que eu sou sábio, seria: Meu trabalho é ensinar alunos, e não dar aulas.

Com minha obsessão não saudável por produtividade, às vezes enxergo minha rotina como um processo industrial de preparar notas no Notion e slides no Keynote; estudo, escrevo, monto apresentações, seleciono exercícios, passo para o próximo tema. Ministrando cinco disciplinas e tendo um bebê para criar, às vezes ajuda ser focado assim; porém, de vez em quando tenho de parar e pensar: no que posso ajudar mais meus alunos? Todos esses processos garantem que meus alunos estão aprendendo? Se não, por mais que gaste horas na frente do computador, não estou realizando meu trabalho.

No meu primeiro semestre como professor, eu não tinha condições de manter nenhum tipo de office hours, tal era o volume de trabalho; quando necessário, eu atendia alunos ao final das aulas ou por email. Isso me incomodava bastante, de maneira que priorizei estabelecer uma maneira de ter horários regulares para estar disponível para os alunos para eles poderem perguntar o que for, sem estar limitado a 15 minutos aqui e ali.

Captura de tela do calendário, mostrando um evento “Atendimento alunos” entre 17:00 e 18:00

Minha solução para atender alunos remotamente: todas às segundas- e quintas-feiras, por uma hora em cada dia, eu estou disponível para um chat com meus alunos no Microsoft Teams, o sistema de reuniões que minha universidade utiliza. Eu periodicamente lembro os alunos desse esquema durante as aulas remotas, e passo todas as instruções. Como faço: eles devem sempre iniciar por texto, para evitar que algum aluno me ligue do nada e estou conversando com mais alguém.

Esse esquema tem funcionado muito bem, embora os atendimentos ainda sejam raros. Sei que meus horários ainda são parcos; esse é um esquema em desenvolvimento. Mas o que me deixa contente é que eu consegui priorizar isso, mesmo supostamente não tendo 2 horas por semana a mais para dedicar a isso. Você tem mais tempo do que imagina.

Sim, leitora: eu também estou cansando de ter de fazer tudo remotamente. Quando as aulas presenciais voltarem, com certeza vou pensar num esquema seguro de atender alunos na minha sala. Por enquanto, porém, temos de dar um jeito de resolver os problemas da maneira que seja possível.

E o leitor, anda saturado de reuniões online?

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Métodos de entrada no meu computador

Este texto é uma continuação do post sobre como ministro aulas
Por métodos de entrada, quero falar de todas as formas pelas quais interajo com o computador.

Sobre o computador em si

Minha máquina principal, e sobre a qual vou falar aqui neste texto, é um MacBook Pro 2017 13’’, comprado quando eu morei na Europa em 2017. Eu adoro esse computador: é leve, potente, não deu problema até agora, roda macOS (um sistema operacional simplesmente fantástico).

Sobre os embutidos no computador em si

Eu gosto do teclado embutido do MacBook Pro. Ele é confortável de digitar, não faz muito barulho (o que é ótimo quando esse mesmo computador mora na mesma casa de um bebê — embora eu esteja louco para experimentar um bom teclado mecânico e avaliar como é a experiência) e nunca deu problema, apesar de sua má fama.

O trackpad embutido também é ótimo. Ele responde bem, permite um fácil deslizamento, é enorme sem comprometer o peso do laptop, e é uma ótima plataforma para os vários gestos permitidos pelo macOS (como deslizar com quatro dedos para trocar de app em modo Tela Cheia). Esses gestos podem até ser personalizados, e novos gestos podem ser criados. Quando estou “no modo laptop”, i.e. sem monitor externo, nunca pego um mouse para usar o laptop.

Meu teclado externo de preferência

Quando estou usando o laptop em modo “Desktop”, sentado numa mesa em frente a um monitor externo, o teclado que uso é o Logitech MK 220. Minha escolha por esse foi simples: eu gosto da Logitech, e queria um bom custo-benefício.

Foi uma escolha acertada: é confortável de digitar, tem várias media keys que permitem controlar brilho, volume, reprodução de música, silencioso.

Usando este teclado, minha velocidade média de digitação é de 57 palavras por minuto, bem na média, portanto. Claramente, tenho algo a melhorar.

Também uso vários atalhos de teclado no próprio macOS que eu mesmo criei, geralmente para abrir apps (e.g. Cmd+Shift+Ctrl+Option+L abre a janela do BusyCal para que eu possa rapidamente criar um evento — e tenha em mente que eu remapeei a tecla Ctrl do lado esquerdo para a combinação Cmd+Shift+Ctrl+Option; quer saber mais sobre isso? Deixe nos comentários!

Também uso extensivamente o Alfred e diversos workflows para abrir programas, procurar arquivos, navegar pelo meu histórico de copiar e colar, invocar meus Bunches

Meu mouse de preferência

Uma extravagância que cometi nessa quarentena foi um Mouse Trackball Logitech Mx Ergo. Eu acho que ouvi falar de trackballs em algum episódio de Cortex, provavelmente nesse, e, intrigado, comprei um.

A grande vantagem de um trackball é que você não precisa mover o braço para mover o ponteiro, e usa apenas o polegar para mover a bola — e, ainda por cima, o mouse é ergonônico, elevado:

Duas fotos lado a lado, mostrando o mesmo mouse em duas posições: horizontal e levemente inclinada
As duas posições do Logitech MX Ergo

Um mouse poderoso desse ainda vem com vários botões que podem ser personalizados com o app da Logitech. Sinceramente, ainda não me acostumei a usar esse poder. Apenas sentar confortável e ergonomicamente, com o mouse numa posição fixa, já vale.

Magic Trackpad (externo)

Uma das minhas coisas favoritas da Apple é que eles fabricam exatamente isso: um trackpad externo, para usar todos os gestos de que falei acima mesmo com o computador montado a um monitor, sem que eu interaja olhando para o laptop.

O fluxo de trabalho de trabalhar num app usando o teclado, e erguendo levemente o braço para a esquerda para alcançar o trackpad (muitas vezes enquanto minha mão direita continua usando o teclado) para rolar páginas é sensacional.

Mesa digitalizadora

Essa tem sido uma ferramenta essencial para dar aulas. A One by Wacom é uma forma de efetivamente desenhar na tela do computador, e tem sido muito usada.

Ainda estou me acostumando com esse método, essa mesa é a mais simples da Wacom, e minha letra ainda é feia. Mas, como o site acima propagandeia, seu uso abriu novas formas de interagir com o computador.

Conclusões

E chego ao fim desse texto com essa mensagem: eu gastei tempo documentando tudo isso para mostrar que, mais que gadgets, essas ferramentas são ferramentas de criatividade. A mesa digitalizadora mudou a minha concepção de aulas remotas, permitindo-me rabiscar livremente em cima de documentos e apresentações. O bom teclado e o bom mouse me fazem querer sentar e trabalhar para preparar boas aulas.

Volto sempre ao que Austin Kleon diz: as ferramentas importam e as ferramentas não importam.