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Revisão do meu Ano de Ler e Escrever

O meu tema para 2022 foi Ler e Escrever.

Vou ser sincero: este não foi um dos meus anos favoritos. A mudança de emprego e de cidade adicionou muito estresse na minha vida, do qual ainda não consegui me recuperar. Pelo menos há um novo integrante na família para alegrar as coisas.

A minha prioridade era ler livros, e eu li 34 livros neste ano; nada mal, mas muito abaixo da minha meta de 60 (5 por mês), um número ambicioso inspirado por Cal Newport. Se ele, com 3 filhos e 2 empregos, consegue ler tanto, por que eu não consigo? É sinal de que não priorizei tanto assim. Voltando ao parágrafo anterior: o estresse me fez querer ver mais séries e ler menos livros, o que em teoria é OK; mas eu chego ao final do ano me sentindo não OK com isso. Em 2023, eu quero intensificar ainda mais o hábito de leitura, e baseado nesse ano, já aprendi que isso significa me importar menos em “ler livros físicos” e mais adotar o pragmatismo do Kindle. A leitora pode conferir algumas das minhas resenhas de livros aqui.

Leitura para mim inclui estudo, e nesse ano eu foquei em alguns concursos, todos sem sucesso. Isso me fez refletir também: é isso que quero para minha carreira? Continuar estudando e fazer concursos? Apesar do resultado ter sido um fracasso, o método é um sucesso: reforçar um tema para o ano me ajudou a justamente prestar atenção. Eu priorizei estudar como parte do meu Ano de Ler e Escrever, percebi que não deu certo, mas eu não deixei de seguir o tema. Eu li muitos livros-texto e escrevi muitas notas; missão cumprida.

Por último, o grande resultado da parte de escrita, e a que mais deu certo, foi a minha páginas de notas de aulas, que evoluiu para um segundo blog, em inglês e muito mais técnico que esse aqui, e eu encerro o meu Ano de Ler e Escrever me fazendo esta pergunta: meus blogs estão dando certo? Vale a pena continuar em 2023?

Amanhã vamos saber o meu grande tema para o próximo ano…

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Antônio

A maior notícia do ano, para mim, aconteceu quase no final: há alguns dias, o João Pedro ganhou um irmão, Antônio.

Não é novidade para ninguém que lê este blog que ser católico é parte da minha identidade. Assim, na hora de escolher algo importante como o nome dos meus filhos, não consigo deixar de me voltar para os grandes personagens bíblicos e santos que passaram por este mundo, em busca de inspiração. Que eu saiba, não existe nenhum personagem chamado Antônio na Bíblia, mas houve um grande homem que carregou esse nome.

A escolha deste nome está muito ligada à nossa situação de vida durante grande parte da gravidez do Antônio. Recentemente, eu e minha família nos mudamos para Florianópolis, mas a experiência de esperar o Antônio vai estar sempre muito ligada à nossa antiga cidade, Joinville. Eu amei morar lá, e amei fazer parte da Paróquia Santo Antônio. Indo nas festas do padroeiro, aprendi que Santo Antônio de Pádua, muito além do reducionista “santo casamenteiro”, era um grande professor – justamente a minha profissão durante boa parte da gestação do pequeno Antônio.

E assim, o pequeno Antônio chega para nos lembrar dessa importante fase da nossa vida, e para iluminar o nosso final de ano. E eu começo 2023 aprendendo a ser “pai de dois” – com todos os prazeres e dificuldades que isso traz.

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Resenhas de livros

Resenha: Music: A Subversive History

O que a imagem acima, de um porto em atividade, tem a ver com a resenha de um livro de música? É esse justamente o ponto de Music: A Subversive History, de Ted Gioia.

Eu cheguei a essa obra por conta da excelente newsletter de Gioia e de uma entrevista com ele, que menciona o livro. Ted Gioia é um músico de jazz que, tendo de abandonar o piano por conta de problemas na mão, tornou-se um crítico de música excepcional, ao apontar grandes álbuns que nenhum algoritmo recomendaria (como ele fala repetidamente na sua newsletter – sério, vão lá assinar) e falar de detalhes que parecem adjacentes às músicas, mas que são fundamentais (a sua formação em filosofia provavelmente ajuda).

Liverpool é a terra dos Beatles, obviamente, e New Orleans o berço do jazz. Separadas por milhares de quilômetros de distância, e de culturas bem diferentes, estas cidades pobres e na periferia do poder são também cidades portuárias com um grande vaivém de pessoas, cada uma com sua tradição musical.

É isto que Music quer mostrar: que o desenvolvimento musical não vem de salas de concerto elitizadas, mas dos marginalizados. O que hoje associamos ao poder nasceu revolucionário. Hoje falamos de Mozart como um gênio que ninguém mais ouve, mas no seu tempo ele era uma celebridade que escrevia cartas (para seu pai) reclamando de seu apetite sexual voraz – alguma coincidência com nossa obsessão em acompanhar a vida amorosa dos músicos de hoje?

Gioia põe muita ênfase nos aspectos rituais da música. Como católico, eu posso confirmar com facilidade que a música na Missa faz parte do ritual, e não é um mero acessório (ainda que, para voltar ao mesmo tema, música na igreja era considerada subversiva até pouco tempo atrás). Os rituais das religões antigas envolviam muita percussão e sacrifícios (literais) – e Gioia fecha o livro se perguntando se o comportamento errático de músicos de rock não é também uma forma de auto-sacrifício, de entregar a própria vida pela música.

Acho que deu para entender que o livro é muito interessante. Porém… é longo demais. É muito fácil se cansar na leitura, e dá para perceber que o autor se perdeu no meio de tanta pesquisa e teve dificuldades em cortar detalhes e anedotas, sendo que em vários capítulos o ponto já estava estabelecido.

Assim, por mais que seja um deleite ver um mestre da escrita como esse escrevendo sobre temas verdadeiramente fascinantes, não posso recomendar a leitura do livro a não ser que você esteja realmente preparado, quase para estudar o livro.

Mais uma vez: assine a newsletter, e veja se você quer mergulhar fundos nos tópicos que ele traz.