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Resenha: A História da Ciência para quem tem pressa

Há algum tempo, resenhei um outro livro da série …para quem tem pressa, e os motivos de ler este novo título continua o mesmo (querer leituras leves em meses de muito agito em meio a um emprego novo). A conclusão muda um pouco, porém.

Acho que não preciso explicar o mote da obra: ilustrar o desenvolvimento das ciências em sete capítulos, cada um dedicado a um ramo (astronomia, matemática, física, química, biologia, medicina, geologia). Ao contrário de A história do mundo para quem tem pressa, que se dizia global e era bastante euro-cêntrico, este exemplar sobre a ciência consegue ser mais diverso e chama a atenção para a importância da ciência chinesa, indiana e árabe, diversas vezes salientando como os europeus demoraram para alcançar o desenvolvimento oriental – e a culpada, segundo as autoras Nicola Chalton e Meredith MacArdle, é sempre a Igreja Católica.

Apesar de curto, o livro é denso de informações, sendo várias delas novas para mim. Eu já havia ouvido falar de Ptolomeu (o astrônomo que propôs um sistema geocêntrico que depois foi contestado por Copérnico), mas nunca havia me atentado ao fato de que ele era cidadão romano, e não grego, e ainda por cima viveu depois de Cristo. A leitura em geral é fácil e agradável.

Minha maior crítica é que, em cada capítulo, parece que as autoras supõem que o leitor já domina o tópico, e apenas resumem o conteúdo. Para um leitor que seja completamente leigo e avesso a matemática, a própria explicação do sistema de Ptolomeu, citado acima, fica bem confusa (eu, com Doutorado em Engenharia Mecânica, tive que ler várias vezes até entender – e este é um livro que se pretende popular). As explicações sobre geologia, então, passaram quase batido por mim.

Portanto: leia pelo caráter histórico, para entender onde os grandes nomes se encaixam na linha do tempo, mas não espere aprender de fato sobre ciência.

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Por que deixei meu emprego de professor

Vou fazer um anúncio quase 2 meses atrasado: eu deixei o meu emprego anterior de Professor Substituto em uma universidade estadual, e voltei à minha universidade (e cidade) de origem para trabalhar como pesquisador em um novo projeto.

Os anúncios são vários, mas a base é uma só: eu me sentia sem futuro.

Eu amei ser professor, fui muito feliz no meu ambiente de trabalho, e acho que tenho talento. Não pretendo abandonar o ensino, e um de meus projetos para 2023 é justamente reavivar meu canal de aulas no YouTube, modernizando os vídeos e criando verdadeiramente os meus cursos de Engenharia Mecânica. Mas a vida de professor substituto não é fácil: eu tinha uma caga horária de 17 horas-aula semanais, com 5 disciplinas por semestres, o que exigia mudar o assunto na minha cabeça várias vezes por dia, corrigir dezenas de provas e trabalhos por mês, e estar sempre revisando e preparando aulas.

O sinal de alerta veio quando percebi que, nas aulas, estava falando de tudo no passado: eu estudei, quando eu participei de tal projeto… eu comecei a me sentir perigosamente fora da Engenharia Mecânica como ela está ocorrendo agora. Em outras palavras: como todo bom professor, eu queria praticar e pesquisar em paralelo com o ensino – mas eu só ganhava por hora dentro de uma sala de aula.

Eu também comecei a me sentir desolado com a vida de concursos acadêmicos. Participei de alguns, não fui aprovado em nenhum, nem de perto. Sinceramente, comecei a questionar se era isso mesmo que queria, se estava disposto a caminhar nessa jornada de virar professor efetivo (ainda não tenho essa resposta). O que estava claro é que não era atuando a semana inteira como professor substituto que eu ia conseguir mudar isso.

Eu comecei a planejar a possibilidade de participar de algum projeto de pesquisa, ou mesmo de procurar um emprego de engenheiro, e a sorte me lançou as duas coisas ao mesmo tempo: um anúncio de vaga CLT, de Engenheiro, mas em um ambiente de pesquisa, com meus antigos colegas, com o meu orientador de sempre. Apliquei, e consegui.

Não sei o que é do futuro; minha prioridade agora é fazer um bom trabalho neste projeto e honrar a oportunidade dada. Estou trabalhando muito para me atualizar na Engenharia – que era o que eu queria. Estou feliz e animado com os próximos passos.

E você, leitor, teve alguma grande mudança de emprego e vida nesse ano? Quer promover essa mudança? Comente aqui embaixo!