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Algumas atualizações sobre meu destralhamento digital

Em março, eu estou sem redes sociais e sem outras tecnologias digitais. E isso tem me feito ficar muito mais calmo e mais focado.

O que mais tem causado efeitos benéficos foi ter saído de grupos de WhatsApp. Olhando agora com essa perspectiva de quem está fora, percebo o WhatsApp como um simples substituto de SMS via WiFi que saiu totalmente de controle. Naturalmente, eu perco informações, mas as realmente importantes acabam chegando a mim, sem prejuízo da minha vida como um todo. A Thais Godinho, recentemente, fez ótima reflexão sobre isso. 

Falando nisso: eu parei de ler blogs, mas resisti a cancelar minhas diversas newsletters, porque são leituras que aprecio muito — e foi de onde tirei o link acima. Estou enganando a mim mesmo?

Também tenho aumentado muito a minha capacidade de gerar ideias ao caminhar sem escutar podcasts e audiolivros — esse tempo em solidão e silêncio, aliás, era um dos benefícios que eu estava mais buscando.

Última observação: agora que não tenho por que pegar o celular a cada momento de tédio, eu estou chocado como absolutamente todos à minha volta fazem isso o tempo todo…

 

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Notas do autor

Um mês de desintoxicação digital

Motivado pelo excelente Digital Minimalism, de Cal Newport, no mês de março de 2019 eu estou dando um tempo de todas as tecnologias opcionais:

  • Instagram
  • Twitter
  • Grupos de WhatsApp (com exceção dos absolutamente essenciais: minha família mais próxima e os guias das Oficinas de Oração e Vida)
  • Podcasts
  • YouTube
  • Sites de notícias
  • Blogs
  • Jogos
  • Streaming (quando estou sozinho)

O que quero com isso? Redescobrir o valor dessas coisas. Como vai ser minha vida se eu parar de conferir como foi o final de semana dos meus amigos através dos stories, e começar a perguntar cara a cara, como fazíamos nos tempos de escola? Se eu não deixar de trabalhar para ver qual meme ou piada sem graça foi enviada para mim? Se eu dedicar menos atenção ao governo Bolsonaro e à Venezuela e mais aos livros? Se eu ocupar menos minha cabeça com outras pessoas falando nela e dar mais vazão às minhas ideias? Se, por não ter acesso aos meus tios falando do meu avô, eu me forçar a ir visitá-lo mais vezes?

Parece louco?

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Simplifique suas compras

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações, seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

Eu sei que parece ridículo um estudante que mora com os pais falar de compras e finanças, mas preste atenção.

Quer você ganhe uma bolsa de R$ 500 ou um salário de R$ 20 000, o seu dinheiro ainda assim é finito. Você pode fazer o possível para viver dentro dos R$ 500, e conseguir, ou pode gastar mais que os seus R$ 20 000 e viver cheio de dívidas. Dinheiro precisa ser administrado.

Baseado nas pessoas que conheço, um dos comportamentos humanos mais previsíveis é que as pessoas sempre querem ganhar mais. Quem está satisfeito com o que ganha? Assim, quando você vê algo que quer comprar, mas não pode, surgem problemas. Você se torna infeliz no trabalho, porque ele não está lhe permitindo comprar o que você deseja. Você se torna invejoso das pessoas que ganham mais e podem (na sua cabeça) comprar tudo o que querem. Essa angústia atrapalha a sua vida, e não lhe permite viver suas prioridades; por exemplo, se você quer passar mais tempo mais com sua família, talvez não possa trabalhar tanto, mas com isso não vai ter tanto dinheiro para comprar tudo que quer. O que é mais importante para você?

Por outro lado, se você tiver dinheiro sobrando e comprar tudo que quiser, você cria outros problemas. Você não consegue mais manter seus ambientes limpos, porque precisa de lugar para guardar suas coisas. Também precisa de tempo para cuidar da manutenção de tudo, o que tira tempo das coisas que importa.

Assim, quando queremos comprar e gastar demais, nossa vida fica complicada.

A solução de Leo Babauta para isso é escapar do materialismo:

This message to continually buy, buy, buy … and that it will somehow make us happier … is drilled into our heads from the days of Happy Meals and cartoons until the day we die. It’s inescapable.

Well, almost. You could go and live in a cabin in the woods (and that actually sounds nice), or you could still live in our modern society, but find ways to escape materialism.

Não se trata aqui se fazer pregações contra o capitalismo ou algo do tipo. Como Leo diz, a solução não é ir morar na floresta, mas saber frear o nosso desejo de consumo.

Evite propagandas

O primeiro passo para gastar menos é querer gastar menos, ou melhor ainda, não querer gastar mais.

A propaganda tem um objetivo: fazer você querer comprar. Não vamos ser ingênuos e dizer que a propaganda é “a raiz de todo o mal”, e os publicitários são criaturas malvadas que querem que você gaste todo seu dinheiro por sadismo. É apenas um trabalho: alguém fabrica um produto, quer que as pessoas conheçam esse produto, e contrata outro para fazer propaganda.

E propaganda nem sempre é ruim. Se você precisa comprar uma geladeira, e abre uma revista e vê uma propaganda de algum modelo novo de geladeira, pode ficar interessado e resolver seu problema. Ou você está procurando um presente para sua mãe e vê um anúncio de promoção da sua loja preferida de cosméticos.

O problema é você criar o desejo de comprar baseado na publicidade que vê. Um produto repentinamente vai resolver um problema que você nem sabia que tinha.

É pior ainda quando você tem fraqueza por algum tipo de item e fica constatemente em contato com propagandas. Se você tem compulsão por sapatos, não deve se arriscar olhar um catálogo de sapatos, porque você vai querer comprar todos, e não vai ter dinheiro, e vai se frustrar…

Eu me considero uma pessoa de gostos simples. Não tenho fetiche por roupas, não gosto de “baladas”, gosto do meu carro simples e econômico. Como já devo ter falado algumas vezes aqui, minha fraqueza são apps (e a tecnologia em geral). Se eu não tomar cuidado, todo dinheiro que sobra vai para comprar algum aplicativo novo que saiu, e que de repente vai me ajudar a ser megaprodutivo.

Quando você se interessa por esse mundo tech, é usual seguir minhas pessoas no Twitter e muitos blogs e podcasts que vivem falando justamente dos apps e gadgets novos que saíram e mudaram a vida de “toda a gente” (saudades de Portugal).

A minha solução então foi parar de seguir essas pessoas. Se alguma pessoa só usava o Twitter para dizer “look how cool is this app“, o que basicamente inclui todos os blogueiros do mundo Apple, ela saia da minha timeline. Se um blog ou podcast é só uma longa conversa sobre apps e mais apps, eu tiro ele da minha lista.

Eu continuo gostando do assunto, mas eu não me exponho a essa propaganda frequente. Eu continuo lendo alguns blogs e acompanho o mínimo de lançamento de apps, pesquisando com calma se algum me interessa. Não quero ninguém me obrigando a comprar nada, nem me dizendo que eu preciso de uma tela Retina.

Assim, se você acha que está gastanto demais com algum item, simplesmente se afaste. Não visite aquele site de viagens que vive fazendo propaganda de mochilas, nem leia aquele revista de moda com “dicas irresistíveis”. Sempre haverá alguém dizendo que você tem de comprar. Apenas diga não.

Mantenha uma lista de desejos

As compras por impulso são as grandes inimigas, como deve ter ficado claro. E existe uma solução que também funciona surpreendemente bem, tanto que aparece em praticamente todos os livros e blogs sobre finanças pessoais.

Basicamente, você deve manter uma lista de desejos, anotando tudo que você quer comprar.

Quando você vê algo que deseja (e claro, não é um item de necessidade primária como comida), pare e anote. Dê a si mesmo um tempo para pensar naquela compra (pelo menos um mês). Se ao final desse período você concluir que tem dinheiro para comprar, e acha que o produto vai ser bom, compre. Mas pode ser que você simplesmente desista, e perceba que foi só um pensamento passageiro. Você conseguiu vencer o impulso.

Vou dizer como eu faço. Eu uso o Evernote (recomendo visitar o site do Vladimir Campos, Embaixador de Viagens do Evernote), e mantenho um caderno com tudo que quero comprar. O principal para mim, claro, são apps. Mas também marco os livros que quero comprar, até alguma roupa, algum restaurante que quero ir. Uma vez por mês, quando dou uma organizada geral nas minhas finanças, eu olho esse lista e vejo o que está há mais de um mês lá. E compro o que quero — sem impulso.

Também recomendo definir categorias para seus gastos, de onde você tire fundos para os itens da sua lista de desejos. Se algo não cabe no seu orçamento mensal, guarde um pouco por mês. Mas não crie dívidas desnecessariamente. Já falei que gosto do YNAB para gerenciar minhas finanças.

Eu sou nerd e gosto de usar essas coisas tech ( que já admiti que são uma tentação para mim) , mas você pode começar com um caderno de papel e anotar tudo que quer comprar, e criar uma planilha bem simples para seus gastos (o Gustavo Cerbasi tem um modelo que eu gostava bastante antes de usar o YNAB — procure nessa página por “Orçamento Familiar Mensal”).

Invente programas que não envolvam dinheiro

Por fim, uma pequena dica que pode ter um impacto grande. Tente se divertir sem gastar muito. Và à praia, dê uma caminhada, faça um piquenique. Veja a programação da cidade. Muitas vezes existem eventos culturais de graça, ou uma promoção de cinema. Ou simplesmente fique em casa, veja um filme, pratique suas habilidades de cozinha.

É claro que é bom sair, ir jantar num restaurante, especialmente se você está num relacionamento. Mas valorize esses momentos, escolhendo lugares bons, e aproveitando os outros momentos. Você quer a companhia da sua namorada ou apenas impressioná-la com seu dinheiro?

Conclusões

Aí está, o que fiz para escapar um pouco do materialismo. Funciona para mim, “apenas um estudante que mora com os pais”, mas como falei, não vejo como isso não é universal. Você só não pode deixar que comprar e gastar se torne uma atividade importante demais na sua vida. Simplificar é poupar nosso tempo e nossa atenção para o que realmente importa.

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Simplifique sua vida digital

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

Na nossa caminhada para simplificar nossa vida, chegamos a uma etapa que é
crítica para mim e para todos que tendem a se viciar em tecnologia.
Temos que simplificar nossa vida digital.

No manifesto, Leo se concentra em dois
tópicos da área de tecnologia: usar a nuvem, para evitar os problemas de
sincronizar múltiplos dispositivos e poupar espaço no computador (ele se
refere principalmente ao Google Docs), e simplificar o número de coisas
que você guarda ou acessa no computador – menos fotos, menos emails,
menos arquivos.

Aqui vou tomar um ponto de vista mais direcionado: quero simplificar o
meu uso de computadores e outros gadgets.

É normal usar um computador (claro, se a tarefa pede isso), mas há
alguns problemas. É normal querer um smartphone por achar que ele vai
acrescentar, mas não é normal se desesperar se o seu smartphone estraga.
É normal gastar dinheiro em algum app que você vai usar, é um problema
gastar dinheiro demais comprando aplicativos só porque todo mundo usa. É
normal você bater uma foto do encontro com os amigos e compartilhar no
Instagram, mas registrar cada garfada (e a cor do seu esmalte) é
ridículo.

Sempre que você gasta tempo demais com tecnologia em detrimento das suas
prioridades, é preciso simplificar.

Para mim, simplificar a vida digital tem três etapas.

Simplifique os seus dispositivos

Algumas pessoas têm um notebook, um computador de mesa, um smatphone, um
tablet, um e-reader, um tocador de mp3 e sabe-se lá o que mais.

Em primeiro lugar, veja se você não pode reduzir esse número. O
propósito de se ter um dispositivo poderosos (como o iPhone) é ele poder
executar várias funções ao menos tempo. Ter menos dispositivos significa
menos gastos com manutenção, menos chance de roubo e ter de carregar
menos coisas.

Existe um limite, porém. Dependendo das suas necessidades, ter um
dispositivo dedicado pode ser um grande ganho de experiência. Por
exemplo, um tablet pode servir para ler livros digitais, mas um e-reader
especializado (como o Kindle ou o Kobo) é mais leve, tem bateria muito
mais durável, não induz à distração e tem tela menos cansativa aos
olhos. Repito: depende da sua frequência de uso. Se você praticamente só
usa o tablet para ler livros (no app do Kindle ou no iBooks, por
exemplo), pense em vender e comprar um leitor digital — muito
provavelmente você vai ganhar dinheiro.

Outro ponto é algo sobre o qual já falei: use o dispositivo certo
para a coisa certa. Não tente ter todos os aplicativos no seu
computador, no tablet e no seu smartphone. Isso é caro e inútil. Observe
o seu uso e instale aquilo que é pertinente.

E não se esqueça: talvez você não precise de um smartphone, muito menos
de uma tela Retina
.

Simplifique os seus programas

Isso é uma extensão da seção anterior. Você não precisa ter os melhores
e mais caros aplicativos, e nem os que todo mundo usa.

Um exemplo prático e pessoal: Evernote. É um bom serviço com bons
aplicativos, mas simplesmente não se adapta a mim. Para os leigos,
Evernote é serviço de armazenamento de notas, e suporta texto, PDFs,
fotos, websites. É um gerenciador de informações universal, mas a minha
filosofia é usar apps que fazem a sua tarefa bem feita. Guardo minhas
notas de texto, meus PDFS e minhas fotos em pastas sincronizadas pelo
Dropbox. Já falei do 1Password, que gerencia minhas informações
mais sensíveis. Os sites e tudo que acho de interessante na Web estão no
Pinboard.

Eu poderia usar o Evernote porque muitos usam (e quem acompanha blogs
tech sabe o quanto ele é popular na blogosfera e no Twitter). Mas não é
bom para mim.

Outra coisa que faço é desinstalar programas sem remorso. Se eu
realmente precisar deles, posso instalar de novo, mas até lá eles não
ficam ocupando memória e espaço na tela.

Uma dica de ouro que roubei do Brett Terspstra e do Michael
Schechter
foi criar um arquivo de texto contendo todo as funções que
realizo no computador, seguido do programa que uso, e sugiro fortemente
que o leitor faça isso. Sente e defina o que você faz em um computador:
organiza suas fotos, vê filmes, escreve, processa emails ou qualquqer
tarefa especializada. Para cada item, faça uma pesquisa breve sobre as
opções de apps e serviços, decida por uma e aprenda a usá-la — e não
fique mudando. Revisite essa nota mensalmente, para ter um documento
atualizado de auto-avaliação.

Simplifique seus arquivos

É fácil inundar nosso computador com arquivos em uma estrutura bagunçada
e depois perder tempo demais tentando encontrar informação.

Novamente, não existe receita para isso, e você deve ver a estrutura que
mais se adapta a você. Minha sugestão: comece com pastas abrangentes:
documentos, fotos, músicas, videos. A partir daí, vá especializando,
conforme seu uso. Eu, dentro da pasta de documentos, tenho uma pasta
para rascunhos de textos para FabioFortkamp.com, um pasta para a
faculdade, uma para meu mestrado… dentro desta, por exemplo, tenho uma
para os desenhos, outra para a dissertação, uma para manuais dos
equipamentos. Vá adaptando aos poucos.

O importante, enfatizo, é não perder tempo procurando. Se a sua
estrutura não se adapta ao seu pensamento, mude.

Como mencionei, a dica do Leo é para usar ferramentar online, como o
Google Docs, porque isso o permite trabalhar de qualquer lugar e não se
preocupar com organização de arquivos. Como abomino ter de depender do
Google, acho que com uma estrutura bem feita e com serviços como o
Dropbox você pode alcançar esses objetivos.

Em resumo

Computadores são ferramentas poderosas, mas não podem roubar atenção das
outras coisas. E, se você usar o computador como uma ferramenta de
trabalho, não deve perder tempo com coisas inúteis, para poder se
concentrar em fazer algo.

Simplificar a minha vida digital é uma tarefa contínua. As dicas que dei
aqui são as que me permitem fazer um uso mais racional da tecnologia,
usando os programas certos, organizando a informação para quando eu
preciso, evitar preocupações decorrentes disso. Espero que elas possam
ajudar o leitor também.

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Simplifique sua vida: ambientes

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

Limpar os ambientes tem dois efeitos, na minha experiência:

  1. Você questiona a necessidade de ter tanta coisa e se concentra em
    manter o essencial
  2. Você não se sente distraído com tanta poluição visual

Minha mesa aqui no laboratório onde faço mestrado era extremamente
bagunçada. Eu tinha pilhas de livros e papéis quase literalmente na
frente de mim. Hoje na minha mesa há:

  1. Um computador
  2. Uma pilha de papel para rascunho em cima de alguns poucos livros
    aleatórios
  3. Um porta-canetas
  4. Um violão em miniatura que ganhei da minha namorada

E devo dizer, a sensação de sentar numa mesa tão limpa é muito boa. Eu
posso trabalhar nas minhas simulações, ou escrever trechos da minha
dissertação, sem achar que tem um livro caindo em cima de mim.

Para simplificar nossa vida, é fundamental limpar nossos ambientes. Se
você se sente perdido no meio de tanta bagunça, e têm dificuldades para
encontrar espaço, é por que tem coisas demais. Você ter a coleção
inteira de livros de algum autor é muito bom, mas questione os custos
disso. Ter enfeites é bom, e melhora a qualidade do ambiente, mas
selecione alguns.

No meu quarto, há uma estante onde eu guardava (acredite) caixas de
cabos, teclados antigos, mouses etc. Chegava a ser cansativo acordar e
dar de cara com uma coleção de periféricos jogados numa prateleira. O que eu
fiz? Transferi essas coisas para um armário, que foi feito justamente
para guardar coisas aleatórias, e coloquei alguns livros naquele
ambiente (o que ajudou também a organizar um pouco minha prateleira
principal de livros).

A regra básica que funciona para mim é essa: superfícies abertas e
visíveis não foram feitas para armazenar seus pertences, a não ser que
eles tenham algum efeito decorativo
.

No seu excelente livro Workflow, Kourosh Dini fala em três
aspectos que um objeto deve ter:

  1. Estar disponível (i.e. existir)
  2. Estar acessível quando necessário
  3. Estar invisível quando desnecessário

Um livro em uma prateleira, em vez de em cima de uma mesa, pode estar
perfeitamente acessível, e ausente da nossa visão quando não precisamos
dele. Outro exemplo: as suas chaves num claviculário atrás da porta; não
está jogada em cima da mesa e está à disposição para quando vai precisar
dela, ao sair de casa. Esse é o ideal: alcançar estes três pilares de
organização. Tente aplicar esse conceito a todos os seus pertences.

Lembre-se: ter menos coisas materiais é muito bom. Ninguém vive na mesma
moradia por muito tempo, hoje em dia, então pense na hora de mudança.
Ter menos coisas também permite a você escolher morar num lugar
pequeno e com poucos armários.

Em ação

  1. Limpe suas mesas, prateleiras, estantes, enfim, todas as suas
    superfícies visíveis
  2. Se você tiver certeza de que precisa manter dos objetos que forem
    retirados, transfira-os para armários fechados, mas de forma
    organizada. Ponha papeis em caixas etiquetadas, dedique porções dos
    armários para coisas específicas, tenha uma gaveta para todos seus
    cabos/acessórios.

Eu não sou nenhum especialista em organização, estou justamente narando
a minha jornada para simplificar minha vida. Para dicas mais específicas
(e muito melhores), visite o blog Vida Organizada.

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Simplifique sua vida: consumo de informação

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

Assim como passar a manhã toda respondendo emails não é nada
produtivo, passar a noite toda na frente da TV provavelmente não é (a
não ser que você seja um fã verdadeiro).

O excesso de informação que chega até nós foi um dos principais
motivadores para essa minha jornada para simplificar. Abrimos um jornal
(ou sua página na web), e vemos centenas de notícias, notas, colunas.
Entramos no Twitter e a nossa linha do tempo está recheada de links e
comentários sobre o iPhone dourado. Abrimos nosso Facebook e alguém
ainda acha que os memes são legais. Acompanhamos alguns blogs e nosso
leitor de RSS tem 200 itens não lidos.

Não pode ser assim. Simplificar a nossa vida envolve consumir menos
informação.

O perigo de querer manter-se informado

Leo Babauta toca nesse ponto sensível e eu realmente me questionei. Eu
era daqueles que achava absurdo uma pessoa não ler jornal; como assim,
você não sabe o nome da Chanceler da Alemanha? Eu achava que saber
exatamente o que está acontecendo é a única maneira de evitar que outras
pessoas nos enganem.

Vamos combinar: o que muda na minha vida se eu não soubesse que a Angela
Merkel é a chefe de governo da Alemanha?

Nichts, como diriam os alemães.

Nós não precisamos saber de tudo. Você não precisa saber os detalhes
do último escândalo. Não precisa monitorar as contratações do seu time.
Não precisa saber todos os recursos do novo iOS ou do novo Android. Se
você quiser realmente saber de tudo, vai precisar gastar uma quantidade
absurda de tempo. É melhor então se conformar e adimitir que não é
possível ficar sempre atualizado. Eu tenho achado muito mais eficiente
dedicar um tempo para pesquisar mais sobre algum assunto, se eu quiser
saber mais.

E entro em sites de notícias uma ou duas vezes por dia, checho o Twitter
uma vez a cada três ou quatro horas, e mantenho uma lista de apenas doze
blogs que eu realmente quero acompanhar. O resto é supérfluo.

Em ação

Pense nas maneiras pelas quais informação chega até você, e reduza esse
número ao máximo. Sugestões:

  • Dedique um tempo específico para ler notícias. Leia um pouco de
    manhã e um pouco à noite, mas não tenhe ficar acompanhando os
    acontecimentos durante o dia.
  • Limpe a sua linha do tempo no Facebook e no Twitter. Siga menos
    pessoas.
  • Se você acompanha blogs por RSS, evite excessos.

E vá fazer outras coisas.

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Simplifique sua vida: comunicação

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

O primeiro item prático do manifesto (e note
que não estamos seguindo aqui item por item, estou apenas explorando
alguns) é simplificar a nossa forma de comunicação.

Você, quando definiu a sua lista de prioridades, provavelmente incluiu
as pessoas da sua vida, seu trabalho e seu hobby. Muito provavelmente
lidar com email não está nessa lista, e portanto é supérfluo.

Comunicar-se é necessário, e é importante ter um sistema funcional que
permita a você conversar com as pessoas. O que não é necessário é ter 3
contas de email para conferir e ter 10 conversas abertas no
Skype/Facebook/Gmail/MSN (a não ser, naturalmente, que seu trabalho
exija isso). O tempo que você gasta acompanhando todos os seus canais de
comunicação é tempo que você não dedica a coisas importantes.

Você deve também evitar as complicações de ter de pensar qual meio
utilizar. Se quero falar com alguém, devo mandar um email, ou ligar, ou
mandar um SMS, ou mandar uma mensagem no Facebook? Um exemplo prático:
por mais que eu goste do WhatsApp, estou encontrando cada vez menos
utilidade para ele. O grupo de pessoas em volta de mim não tem WhatsApp
em sua totalidade, o que o torna inútil para conversas de grupo.
Recentemente, quis organizar um churrasco com meus amigos, e comentei no
WhatsApp. A maioria topou. Quando fui mandar um email, um número maior
de pessoas, que não têm WhatsApp, respondeu que naquele dia específico
não poderia. Quanta dor de cabeça! O app é ótimo para conversas
individuais simples, mas ele não é essencial para mim. Estou mantendo
mas usando cada vez menos.

Cada tipo de conversa deve ter seu canal. Eu telefono o mínimo possível
(mais para marcar compromissos ou para coisas urgentes), uso o email
para mensagens longas e/ou importantes, SMS e Whatsapp para mensagens
curtas individuais, e só. Por enquanto, tem dado certo.

Em ação

Faça uma lista das formas com que você se comunica e avalie se aquela é
a melhor forma; você não pode correr o risco de ficar sem saber de algo
importante porque ficou uma semana sem entrar no Facebook. Escolha
alguns meios e utilize-os de forma eficiente. E não deixe o email aberto
o dia todo.

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Simplifique sua vida: monitore seu tempo

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

Uma vez que você já definiu suas prioridades e seus
compromissos, é hora de comparar a sua realidade aos seus objetivos.

Nosso cotidiano é uma infinidade de tempo perdido: trânsito, filas,
consultórios. Além disso, perdemos muito tempo fazendo coisas de que não
gostamos de forma ineficiente. Se você (como eu) odeia falar ao
telefone, vai naturalmente procrastinar na hora de fazer uma ligação:
vai misteriosamente demorar na hora de encontrar o número, vai
desistir no segundo toque alegando que ninguém atendeu…

Todos queremos gastar o mínimo de tempo possível fazendo coisas chatas e
o máximo fazendo aquilo que nos agrada. Para sobrar tempo para o que nos
interessa, é preciso então cortar o tempo que gastamos fazendo o que não
nos interessa. Mas por onde começar?

Nós na engenharia temos o hábito muito chato de querer medir, ou pelo
menos estimar, as coisas. É esse hábito que nos permite fazer nosso
trabalho. Como alguém pode projetar uma ponte sem saber qual o peso que
ela deve suportar? Como alguém pode criar algum meio de aumentar a
eficiência de um sistema sem saber a eficiência atual? Como alguém pode
projetar um sistema de refrigeração sem saber em qual temperatura o
sistema vai trabalhar? É preciso ter valores para algumas grandezas e
tomar decisões com base neles.

Portanto, se você quer eliminar o supérfluo, as atividades que estão
complicando sua vida, é preciso primeiro avaliar como você gasta seu
tempo e identificar os pontos problemáticos. Você talvez ache que gasta
tempo demais no trânsito, e então usa um caminho alternativo. Mesmo
assim você continua chegando atrasado. Então você mantém um registro dos
seus dias e descobre que demora duas horas para sair de casa de manhã. O
gargalo não é o deslocamento, mas o tempo que você demora no banho.

Em ação

Por um a três dias, mantenha uma folha de papel por perto (ou algum
aplicativo) e relate suas atividades: acordar, tomar café, tomar banho,
sair de casa, chegar no trabalho, responder emails, fazer o seu
trabalho, chegar em casa, fazer faxina, lavar a louça, assistir TV,
dormir.

Identifique as atividades nas quais você demora mais e veja se essa
situação está de acordo com os seus objetivos.

Preparação

Essas primeiras três etapas (identificar prioridades,
assumir compromissos e monitorar seu tempo) são as
etapas de preparação para nossa jornada rumo à simplificação. Agora você
já conhece as suas prioridades e como sua vida está em relação a elas.
Já sabe o que quer manter e o que quer simplificar. É hora de partir
para a ação.

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Simplifique sua vida: compromissos

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

Uma vez que você definiu as suas prioridades, é hora de identificar
seus compromissos.

Continuando no exemplo do texto anterior, você decidiu
que fotografia é uma prioridade. O que você precisa fazer, então, para
manter esse hobby? Precisa conservar suas lentes, aprender a usar um
programa de edição, manter a sua coleção organizada…

Pode parecer estranho ter compromissos em algo que deveria ser
simplesmente prazeroso. É uma questão de organização: você sabe que
gosta de sair e tirar fotos, mas para isso é preciso ter as suas lentes
em ordem quando precisar delas. Para aproveitar as partes boas, você
precisa cuidar de alguns detalhes pequenos.

Esse exercício é ótimo para identificar perdas de tempo, principalmente
no seu trabalho. Você sabe que tem o compromisso de escrever relatórios
periódicos, e eles contêm diagramas e gráficos, mas eles não são
responsabilidade sua. Você apenas tem de escrever o relatório (de forma
decente). Então, você conversa com algum desenhista ou projetista da sua
empresa, que esteja na mesma equipe que você, e delega essa tarefa para
ele. O tempo que você gastaria fazendo todos aqueles desenhos, coisa que
você odeia, é gasto buscando mais informações sobre o tema do seu
documento, por exemplo. Mas isso só pôde acontecer quando você
percebeu que tem o compromisso de escrever e não o de desenhar. O seu
chefe não se importa que outra pessoa, mais capacitada, faça esses
desenhos, mas quer que você escreva o documento para poder explicar para
ele depois.

Também funciona para tarefas domésticas. Talvez você more com alguém que
goste de tarefas mais administrativas, como fazer compras, pagar as
contas etc. Você odeia ir ao supermercado, mas não se importa em ligar
uma música e fazer uma faxina geral. Então, vocês conversam, e você
assume o compromisso de manter a casa limpa enquanto seu colega cuida
das compras e das contas. Ir ao banco era algo supérfluo para você, e
você pode usar esse tempo para outras coisas.

Novamente, você só pôde fazer isso porque parou e pensou.

Em ação

Para todas as atividades correntes na sua vida, faça uma lista dos seus
compromissos. Se sua família é uma proridade, o que você precisa fazer
para melhorar sua relação com ela?

É importante que você reconheça que você deve dar atenção às suas
prioridades, mas não deve se esquecer das outras coisas. No meu caso,
por exemplo, eu não vivo obcecado com dinheiro, mas sei que é preciso
dar atenção: fazer um orçamento mensal, anotar meus gastos, cuidar de
poupança e investimentos etc. O objetivo, naturalmente, é gastar o
mínimo de tempo nisso.

E, não custa lembrar, comprometa-se com o mínimo de coisas. Isso é uma
jornada para simplificação..

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Simplifique sua vida: prioridades

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta
.

No primeiro texto da série, eu escrevi que, apesar de ter poucos
compromissos e responsabilidade, eu sinto como a minha vida fosse muito
complicada, o que é um reflexo da maneira errada como conduzimos nossa
vida. Ao menor descuido nosso, o excesso de coisas materiais, tarefas e
informação nos dominam.

Simplificar é eliminar o excesso. É simples: temos uma quantidade finita
de horas por dia e anos de vida. Moramos em casas e apartamentos
finitos. Ganhamos um salário finito (embora alguns jurem que seu salário
seja infinitesimal. Piada de engenheiro). Não podemos ter tudo nem fazer
tudo. Temos que ter prioridades, e esse é o primeiro item do
manifesto.

Certo, você quer eliminar excessos. Quer ter mais tempo para fazer o que
gosta. Então, precisa identificar o supérfluo.

Eu sei que essa etapa parece aquilo que acontece quando você começa a
estudar algum idioma. Você quer logo aprender o equivalente do verbo to
be
e o professor insiste em lhe perguntar por que você quer estudar
aquilo. Como se você já soubesse!

Acredite em mim, sempre achei isso chato, mas nesse caso é necessário.
Vamos começar com um exemplo prático hipotético.

Suponha que você tenha alguns hobbies, digamos fotografia, música, e
corridas. Você se sente estressado porque não consegue dividir o tempo
entre seu trabalho, seus relacionamentos e essas atividades. Aí você
senta, pensa na vida, e descobre que seus relacionamentos são
importantes porque vocês fica rodeado de pessoas boas e que lhe amam.
Seu trabalho é importante, e quanto mais você se dedicar a produzir algo
de qualidade (o que não significa trabalhar mais horas), mais você será
valorizado financeiramente. As corridas que você faz são importantes
porque é o seu momento de desestresse, de superação, e está fazendo
muito bem para sua saúde. A fotografia é importante porque sempre lhe
dizem que você tem um olhar bom, tira retratos excelentes, e você
percebe que adora ler revistas, blogs e livros especializados. E a
música é importante porque… porque… E aí você percebe que ganhou uma
guitarra quando adolescente, você nunca conseguiu avançar nos estudos,
mas como ela está ali, no seu quarto, olhando para você, você se sente
mal por nunca tocar. De repente, você percebe que a música foi um hobby,
mas já passou. Você não arranja tempo para treinar porque você sente que
não vai adiantar, e percebe que quer voltar a tocar mais por obrigação
que por vontade, e que é melhor se dedicar a outras coisas.

Quando você admite para si que não se importa em largar a música, você
se sente libertado. Em vez de ficar com o pensamento de que precisa
treinar, você senta e lê aquele livro novo de fotografia que você
comprou. Em vez de sair e comprar cordas novas, já que você acha que tem
a obrigação, você sai para correr. Sem culpa.

Não quero discutir a minha lista de prioridades por achar que isso é
algo bem pessoal, mas posso dizer que essa parte da música é verdade
para mim. Sem pensar explicitamente nisso, eu percebi que, por mais que
tocar violão seja legal, não é uma prioridade para mim. Eu prefiro sair
com minha namorada, ou com meus amigos, ou ir em uma festa de família
que ficar treinando. Prefiro escrever que ficar aprendendo uma nova
música.

Também percebi, por exemplo, que ler livros é uma absoluta prioridade
para mim, enquanto que ficar vendo TV indefinidamente não é. E isso está
me ajudando a romper o hábito de ligar a televisão à noite,
substituindo-o por um livro (especialmente ficção, que anda meio
negligenciada por mim).

Em ação

Aqui está o que você precisa fazer: sente-se com um caderno ou com algum
app no seu dispositivo de escolha (eu usei o Day One, já que ele é
meu repositório de textos pessoais como esse), e faça uma lista das 5
coisas mais importantes na sua vida.

Não tente mentir para si mesmo. Identifique o que lhe faz feliz ou
acrescenta algo.

Importante: isso não é uma lista de sonhos. O seu trabalho, mesmo que
não seja a maior fonte de felicidade, provavelmente é importante, já que
ele lhe permite fazer tudo o mais. Aliás, se ao fazer esse exercício
você descobrir que não consegue listar aquela atividade na qual você a
passa a maior parte do seu dia entre as cinco coisas mais importantes,
talvez seja hora de procurar alternativas.

Se você eliminar o supérfluo, o que fica?