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Como usar seu calendário de maneira efetiva

Há algumas semanas, tivemos uma discussão generalizada aqui no laboratório. De minha parte, reconheço que errei em vários pontos: fui grosso com outras pessoas, perdi a calma, e agi em prol maior dos meus interesses em relação ao do meu grupo de pesquisa. E esse episódio horrível foi agravado por uma falha pontual na minha organização: eu esqueci-me de adicionar um lembrete para uma arrumação de salas no meu calendário, o que me impediu de ajudar meus colegas durante esse evento.

A questão é: como não estava no meu calendário, não estava no meu radar, e na prática é como se esse evento não existisse no espaço-tempo. Ao mesmo tempo, muitas pessoas me consideram uma pessoa bastante organizada; o meu calendário é justamente o método que uso para me lembrar de coisas importantes. No espírito do post onde falo sobre como agendo minhas metas, pensei em complementar, mostrando o que eu coloco no meu calendário e como, na minha opinião, a leitora pode usá-lo de maneira mais efetiva.


A Thais Godinho, nesse ótimo vídeo, fala sobre como ela coloca “informações importantes” no calendário, e não só compromissos fixos. E esse é o grande pulo do gato, originado do sistema GTD: seu calendário não serve apenas para eventos, mas pera lembretes gerais. No meu Google Calendar, tenho um calendário específico de Informações para o dia

Screenshot de calendário do dia 28, mostrando item "Entregas Natuorganics"

Toda quinta-feira é o dia de entregas da Natuorganics. Ao final do dia, quando eu reviso meu calendário, eu me lembro desse fato e então, ao chegar em casa, confiro com o porteiro se foi entregue corretamente.

Outras informações que entram no meu calendário:

  • Datas de vencimento de contas (para eu verificar se há saldo na conta/cartão, e também para facilitar a busca por informações, se eu quiser saber quando vence tal assinatura
Lembretes no calendário mostrando data de vencimento da Assinatura HBO Go, Domingo e Segunda de Carnaval, Aniversário da minha amiga Amanda e outros lembretes diversos
  • Aniversários (como na imagem acima). Em vez de depender do Facebook, que tal, a cada vez que você souber que é aniversário de alguém, você colocar um lembrete no calendário, para repetir anualmente, e que seja o seu sistema de lembrar e mandar parabéns (de maneira mais pessoal, e não numa torrente de mensagens similares)?
  • Aniversários de casamento/namoro. Minha capacidade de lembrar da datas exatas, na minha visão, não reflete meu amor pela minha esposa; minha capacidade de planejar uma surpresa/viagem/jantar com antecedência, reflete.
  • Rotinas de trabalho. Essa dica eu tirei desse excelente curso do Kourosh Dini, e consiste em definir lembretes semanais para trabalhar num tipo de tarefa. Na imagem abaixo, toda quinta é o dia em que eu preparo a nossa reunião (“Kata”) semanal e o dia em que eu, preferencialmente, faço coisas exclusivas do meu laboratório (falar com alguém, resolver algo na secretaria/administração etc).
Lembretes no calendário para conferir tarefas do meu laboratório e preparar nossa reunião semanal
  • Rotinas mais mundanas como trajetos e, acreditem se quiser, dormir. Para entender melhor, ouçam esse episódio do Cortex, mas a ideia é ter uma visão muito clara no calendário do que é realmente tempo livre e do que parece, mas não é, totalmente livre.

E, claro, entram no meu calendário eventos como consultas e reuniões, além de um calendário compartilhado com minha esposa com eventos sociais. Como o leitor pode ver acima, eu uso cores que já estão gravadas na minha memória de maneira a identificar claramente o que é um compromisso marcado, o que são informações, o que são rotinas mais “livres” etc.

E agora, os comentários abaixo estão abertos para os leitores me chamarem de maluco ou, idealmente, de me sugerirem mais métodos de organizar meu calendário…

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E por falar em ter coisas a mão…

O meu nível de querer ter coisas à mão é assim: no laboratório, uso o cano de ar comprimido para pendurar flanelas e ter sempre algo para dar uma limpada rápida na mesa.

Até panos de limpeza à mão

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Como montei meu Home Office ao estilo GTD

No meu último post sobre GTD (em inglês devido ao meu experimento de tentar converter esse blog para o inglês), eu falei por que aprender GTD. Em resumo: esse método me ajudou a me recuperar de um período muito estressante e de prazos perdidos e começar uma época de grandes realizações com menos estresse. As conclusões atingidas naquele post se propagaram: depois daquilo, eu me casei, terminei de escrever uma Tese de Doutorado (atualmente em edição), consegui ser aprovado no Programa de Talentos para Inovação, tudo isso enquanto curto a vida de maneira geral.

O método GTD preconiza 5 hábitos para você processar todo tipo de informação que chega na sua vida e transformá-la em itens acionáveis. Entretando, David Allen diz no livro oficial que, antes de começar a se aventurar no método, é bom ter todas as ferramentas disponíveis. De fato, uma das ideias do livro com que eu mais me identifico é essa: a perda de produtividade por não ter uma caneta ou uma pasta de plástico à disposição é enorme. Assim, eu fiz os meus esforços para montar um Home Office de maneira bem funcional. Admito que o que vou descrever não é perfeito, e que estou sempre tentando melhorar. Como falei no último post, esse tipo de texto é só uma maneira de eu mostrar meu trabalho.

E para quem não tem Home Office?

Vou ser o primeiro a declarar: eu sou incrivelmente privilegiado por morar num apartamento onde posso montar meu Home Office. Sei também que ele irá sumir quando vier o primeiro filho, e fico muito tranquilo com isso. Mas, já que tenho essa oportunidade, tento aproveitá-la da melhor maneira, e trabalho muito frequentemente em casa.

O que vou descrever aqui se aplica a qualquer ambiente de trabalho, na verdade, e vou incluir fotos do meu “ambiente secundário”, no laboratório onde trabalho. Aposto que, se a leitora for um trabalhadora do conhecimento (i.e. não braçal) deve ter uma mesa para si em algum lugar da empresa.

Se não tiver acesso a isso, vale a pena organizar a ideia de ter uma escrivaninha que caiba em algum cômodo da sua casa. David Allen toca muito na importância de ter um ambiente próprio para “controlar a sua vida”. Faça aos poucos. Na Dinamarca, eu morava em uma kitinete de 49 m² com minha esposa, e meu Home Office era um canto da mesa que já existia no local:

Home Office na Dinamarca

Uma mesa funcional

Falando agora realmente do meu Home Office, é assim que eu vejo ao sentar para trabalhar:

Home Office vista frontal

O primeiro detalhe que eu espero que fique muito visível é que o ambiente está pronto para eu trabalhar. Meu laptop está instalado numa posição boa, o monitor está bem ajustado, o conjunto mouse/teclado/Magic Trackpad está numa posição confortável, meu caderno de anotações está a postos, as caixas de som estão bem posicionadas.

À direita, o leitor vê a minha impressora, e se preciso lidar com papel, tudo está ao alcance da mão: grampeador, régua, fita, canetas, clipes, post-its, blocos de papel.

Outro item de suma importância é um conjunto de “bandejas” para acomodar papéis e outros objetos:

Bandejas no Home Office

A bandeja de cima é o que o método GTD classifica como uma caixa de entrada: itens aleatórios sobre os quais não dediquei atenção ainda. Sempre que eu chego em casa com correspondência ou algo físico a que eu precise dedicar atenção (nem que seja guardar num lugar especial), eu coloco na bandeja, para posterior processamento. O mesmo vale para qualquer pedaço de papel no qual eu tenha escrito alguma coisa que precisa ser transformada em outra coisa.

Na gaveta do meio, entram os Materiais de Suporte a Projetos, i.e., tudo que eu precise usar para projetos ativos na minha vida. Ali estão folders de conferência que preciso estudar com atenção, ingressos para shows já comprados, papers a ler.

Na gaveta de baixo, estão materiais de anotação. Uma cópia do excelente Roube como um artista: o Diário e um bloco de notas.

Aposto que o leitor há de concordar que isso é melhor que ter papeis jogados sobre a mesa.

Como comparação, aqui vai uma foto da minha mesa na Universidade. Parte da minha personalidade nerd é querer ter ambientes consistentes em diferentes lugares.

Estação de trabalho na universidade

E nas gavetas?

Naturalmente, nem tudo cabe na superfície da mesa. Minha incrível esposa organizou minhas gavetas, mantendo sempre o princípio de ter todo tipo de pequenos acessórios à mão. Na primeira gaveta mantenho itens frequentemente acessados ou coisas mais avulsas:

Gaveta no escritório com itens avulsos ou frequentemente acessados

(Detalhe especial para a rotuladora, uma das minhas melhores aquisições recentes).

Na segunda, estão suprimentos, como uma meia dúzia de elásticos e pastas vazias para usar sempre que quiser arquivar…

Gaveta no Home Office com suplementos de escritório

… algo na minha gaveta de documentos:

Gaveta no Home Office com pastas de documentos

Conclusões

Sim, querido leitor: eu gosto de ter tudo à mão e organizado. Com um ambiente robusto assim, fica muito mais fácil desenvolver os hábitos de produtividade.

Mas me digam: o que acharam do meu setup?

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Como gerenciar uma agenda caótica

O Thomas Frank, cujo canal do YouTube eu adoro, recentemente publicou um vídeo sobre como gerenciar sua agenda em tempos caóticos. Embora o vídeo não seja ruim, para mim faltam dicas realmente eficazes.

Como alguém que está a dois dias de casar, a uma semana de uma viagem internacional e a um mês de defender uma tese de doutorado, essas são as minhas dicas para quem quer gerenciar uma agenda caótica.

Use um calendário e uma lista de tarefas

A sua mente normalmente já é ruim para se lembrar de tudo que tem de fazer; quando há coisas demais a fazer, essa situação só piora.

Não importa a sua profissão, você precisa de um calendário. O Google Calendar é grátis, excelente e tem aplicativos para qualquer plataforma. Além disso, bons programas de calendário podem se conectar a ele. No macOS, estou experimentando o BusyCal; no iOS, meu favorito é o Fantastical, embora o próprio app do Google Calendar não seja ruim.

Sistemas de calendário em geral fazem diferenciação entre eventos regulares, com horário marcado, e eventos “de dia todo” — esse último é ótimo para colocar simples lembretes.

Para começo de conversa, todos os seus compromissos têm de estar no seu calendário. Quanto eu digo todos, eu quero dizer inclusive:

  • Consultas de qualquer tipo
  • Aulas de qualquer tipo
  • Lembretes para vencimentos para contas
  • Jantares e almoços com a família
  • Lembretes para fazer check-in para viagens
  • Lembretes para aniversários de outras pessoas
  • Tempos de deslocamento para compromissos

Eu admito que pode ser demais, mas no meu calendário estão também eventos como “dormir” e “almoçar”. Pode parecer loucura, mas isso garante que eu, ao examinar e planejar um dia, eu possa imediatamente ver quais os meus horários realmente livres. Eu uso um sistema de cores que me permite identificar quais são os compromissos realmente marcados (principalmente se envolverem outras pessoas), quais são apenas meus hábitos e quais são apenas “desejos” meus de fazer alguma coisa (como correr em um determinado horário.

Você precisa também de uma lista de tarefas. Como já falei aqui, eu uso o Todoist. Se a sua agenda está realmente caótica, não se preocupe muito em organizar suas tarefas por “projetos” ou “contextos” (embora isso seja muito útil, e pretendo continuar falando sobre GTD aqui). Insira tarefas que não tenham horário ou dia predefinido (que entrariam no calendário), adicione prazos (se realmente existirem)

Nos intervalos entre seus muitos compromissos, examine regularmente o calendário e sua lista de tarefas, e assim a chance de você se perder no meio do caos diminui bastante.

Nota: sim, você pode gerenciar esse tipo de coisa com uma agenda de papel. Eu apenas acho conveniente usar esses serviços por eu estar sempre perto de um computador ou de um celular e tudo ser sincronizado entre todos os meus dispositivos.

Priorize o essencial mas mantenha seus compromissos

Como falei, vou casar daqui a dois dias, mas mesmo assim hoje fui ao meu laboratório entregar um material para meu colega, simplesmente porque eu havia assumido esse compromisso. Mesma coisa para minhas Oficinas de Oração e Vida — por mais que eu esteja cheio de coisas para fazer, isso não muda o fato de que a cada semana eu tenho 15 pessoas esperando que eu as ajude a orar melhor.

Claro que, para haver tempo para fazer tudo, eu tive de abandonar alguns compromissos, como algumas reuniões nas quais eu não era tão essencial assim. Também ajuda o fato de que eu já sabia que seria assim faz tempo, então adiantei muito minha Tese no mês passado e mantive a serenidade quando passei dias sem escrever nada, quando a agenda começou a ficar lotada. Voltando a falar do Todoist, só recebe prazo o que realmente precisa ser feito em determinado dia.

Não esqueça do corpo e da mente

Sim, estou no meio do caos, mas eu medito todo dia (usando o ótimo Headspace), oro todo dia por no mínimo trinta minutos, e entre os compromissos que eu abandono (como falei no item anterior) não estão minha corrida e a musculação.

Cair na tentação de parar completamente de fazer exercícios pela falta de tempo é uma péssima ideia: o sedentarismo só vai deixar com menos energia.


E o leitor, como mantém o controle como a agenda pega fogo?

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Why learn GTD

2017 was a mixed year for me. For 6 months, I lived in Denmark during an external stay for my doctoral studies, and this experience was wonderful. Professionally, I became a colleague of researchers I truly admire, complemented my numerical studies with some important experimental work, re-evaluated my work ethics. On the personal side, I tried to learn Danish while also practicing my English, ate a lot of bread, met some new friends, and experienced of the most exciting cities in the world in the wonderful company of my wife.

The preparation, however, was an emotional hell. For starters, me and my wife had visa issues. I also missed an opportunity to book accomodation months before going, and when I finally found a place, I missed the deadline for the security deposit for our new home (luckily there was no consequence). Since 2016, I had been trying to follow a “simple” productivity system, inspired by the works of Kourosh Dini, with some daily routines and review practices, but clearly it was not enough. I am a huge fan of Dini, and I follow his work closelyto incorporate his ideas about creativity in my own work, but I needed something more suitable to lots of projects with multiple deadlines.

And that’s the story of why I decided to revisit the productivity classic Getting Things Done: The Art of Stress-Free Productivity, by David Allen, whose first edition I read in 2009. I bought the new edition just before traveling to Denmark, to make this period an opportunity to learn to be better organized. During my daily train commutes, I read this book very actively, taking lots of notes and trying to implement its practices. My period abroad was an excelent experimentation opportunity.

I will use this blog to document my GTD setup and what I’ve learned from the book. I’m by no means a GTD expert; this is a pure example of showing my work of reading Getting Things Done analytically. I did become a lot more organized and productive in this process. I’ve already mentioned my great experience there, but in more specific terms, while I was in Denmark I accomplished a few things:

  • Published the first journal paper from my doctoral studies
  • Submit one conference paper and have it accepted
  • Prepared one poster and one talk for another conference
  • Travelled with my wife to several countries, after my study period ended
  • Managed to host my family and some friends as they visited Copenhagen
  • Participated in two bike trips around the city
  • Completed my first street run

In addition to that, I kept regular contact with my family in Brazil, continued to work in my numerical studies, attended Mass regularly and hang out with friends often. The GTD method was essential to that, and now I hope to help others. This series is a not a substitute for the book; it´s mainly intended for people who have read the book and need some practical examples, or for people considering to read the book and who would like to know a little more about the method.

To understand GTD, there are three fundamental principles:

1. Learn to manage open loops

The GTD method is a productivity system. It tells you how you should manage your projects and tasks, with the basic goal of higher producivity with lower stress. According to Allen, productivity is simply a ratio of outputs and inputs: how much you can accomplish (in terms of results) for a given investment of time and energy. Being productive is valuable for two reasons:

  • For fixed input, you accomplish more or perform a better and more complete work, in the same time it would take to do a poor job if you were not productive
  • For fixed output, you need less time to conclude something you have to but don’t want to do

The challenge is being productive without the stress and overwhelm of trying to do too much. The first basic argument from the book is that the key to being productive and stress-free is managing open loops. You feel anxious about your work when you do not control it. Some piece of information comes to you: a worry about a family member, a request from your boss, the fact that something is broken at your home, an email about a paymemt due. You know you should do something about it, but you don’t know what. In addition, you have unfinished projects: a report, a party to organize, a talk to prepare.

Keeping these open loops on your head is a bad idea. You have no guarantee that you will remember to do the appropriate things at the right time, as you cannot control what you remember and what you don’t (try it). And these worries take energy out of your mind, preventing you from doing good work. The goal of the GTD method is, in its own terms, to help you engage with your work, achieving the state of flow, the state of play as Kourosh Dini calls it in his texts. In a sense, the GTD method is all about creating conditions for deep work . The GTD term for this is mind like water: your mind is so relaxed that, when requested, it reacts in a proportional way, but then goes back to equilibrium. When you are working, you work, and don’t think of anything else.

The core of the method is to provide a system where you store information, ideas and worries out of your mind, and to develop habits that allow you to not worry about open loops. This was what caused most of my problems: I had lots of deadlines (for submitting the visa application, for mailing documents, for paying fees) that were not properly recorded, and I often had to act in a hurry when it was almost too late. I also was underutilizing the concept of contexts (as we’ll see in later texts), the notion that I can do different things in different places; I would maintain a list of sequential tasks and would postpone some of them until others were completed, when in reality I could do some things while waiting for others.

2. Start bottom-up

The second main argument from the book is that the most effective way to manage open-loops is bottom-up: first manage your day-to-day actions and commitments, and only them re-evaluate your commitments and higher priorities.

This is not exactly common sense, and is against “modern” advices on productivity. Most gurus advise you to do something like a “personal mission statement”, and then to only work on goals that align with this mission. However, decision-making takes time on itself (as discussed in Kourosh Dini’s excellent Workflow Mastery) , and it’s impossible to find time to important things like this in the midst of a daily chaos.

Based primarily on his experience as a coach, David Allen states that first you have to be able to manage daily activities. If you have to do a report for next week, you need to take care of that. If you have a meeting in an hour, you have to be there in time, even if it does not align with your personal values. However, if you learn to be productive, you start to take less time to do your work (as discussed in the first principle above) and to be less stressed, and it is with this energy and time that you attack on your higher levels of focus.

Fancy techniques, trendy apps and productivity hacks don’t work because they don’t give you more time — or worse, they may help you processing your email in less time, but then you will want to fill this time with new responsibilities (something I experience myself all the time, and I bet most readers do too) and then new worries. What we need is, according to the author, a systematic approach of managing these worries.

Another important proposition, related to this argument, is that the key to manage open-loops is to manage actions: if something is on your mind, then you must find what your should do, physically, to resolve that loop. If I’m worried about a birthday party, then I need to put the date on my calendar and then a reminder to buy the gift; when the time comes, all I have to do is go to the party. We’ll talk about this concept of next actions in future posts.

To summarize: if you have an open-loop in your head, draining energy, you have to act on it. As you learn to do this, you begin to take control of your days. Then, you can take time and energy to analyze your long-term goals and values. Doing that in the reverse order may only create more worries.

3. To close open loops, apply the 5 steps

We’ve already established that, to be productive and stress-free, we have to manage open-loops, so that worries don’t pop in our heads when we are trying to engage in the work. But how do we manage these open loops?

David Allen states that there 5 habits or processes that you have to master and apply to every piece of information that comes to you. The author argues that they are “commom sense, systematized”, and are the result of years in coaching successful individuals. Personally, I think that the examples the author gives to show that these steps are “natural” a little bit forced, and he is trying to prove the conclusion he wants. The GTD method is used for many years and many people have already proved that the method work; we don’t need to fit it into a precise explanation of how our mind works.

The 5 steps of the GTD method to control the workflow are:

  1. Capture
  2. Clarify
  3. Organize
  4. Review
  5. Engage

To recap: open loops are created with stuff (to use a term from the book) that comes to your attention. Some other examples:

  • You’re reminded by the newspaper that it’s tax season
  • Any colleague request you to do something
  • Your wife kindly suggests it’s time to visit her family again
  • You feel ill and should see a doctor
  • You receive an email about a job opportunity
  • You get work assignments after an important meeting
  • You need to study for an exam that was just announced

For every item like this, you apply the 5 steps, defining concrete things to do, until you close all loops.

In the next posts, I will detail how I set up my GTD system and how I implement these habits.

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O que você pode fazer?

Já deve estar ficando claro que uma das minhas mais recentes obsessões é a intersecção entre a religião e a produtividade. Como já falei aqui, os momentos em que mais oro, em que mais estou em harmonia com Deus e com minha própria espiritualidade, são justamente os momentos em que mais me sinto produtivo. Isso obviamente não é nenhuma mágica; como um trabalhador do conhecimento, minha mente é meu instrumento de trabalho, então se minha mente está sã (o que se consegue com a prática regular da oração), então meu trabalho vai bem.

A experiência de organizar uma estadia de 6 meses na Dinamarca colocou todos os meus nervos à prova. Eu me considero uma pessoa insensível, mas nesse período de dois meses tive mais crises de choro que todo o resto da minha vida adulta. Claramente, eu precisava de ajuda, e três frentes me ajudaram:

  1. A oração cada vez mais intensa
  2. O tratamento psicológico
  3. A organização mais refinada

O que me supreendeu é que essas três frentes convergiram para o mesmo ponto, a mesma pergunta a ser feita:

O que você pode fazer?

Quando você aprende a se perguntar e a responder a essa pergunta, a nossa vida só tem uma direção — de melhora.


Já falei em outro texto que sou ligado a um movimento da Igreja Católica chamado Oficinas de Oração e Vida. Na ocasião do falecimento da minha avó, as Oficinas me ajudaram a me levantar da queda. Nas Oficinas se ensina a orar, e orando se aprende a viver. Entre as muitas modalidades de oração que se ensinam nas oficinas, a mais transformadora (para mim, pessoalmente) é a Oração do Abandono, cuja ideia é tão simples quanto difícil: para um dado problema, aja até onde conseguir agir, mas aceite que a partir você não pode fazer mais nada, e se entregue (abandone-se) nas mãos do Pai.

O fundador das Oficinas, Frei Ignácio Larrañaga, dá o perfeito exemplo de Maria de Nazaré: quando o anjo anunciou que ela, uma pobre jovem que nem casada era, ficaria grávida por ação de Deus, que respondeu ela? “Faça-se a Tua vontade. De acordo.” (parafraseando Frei Ignácio em um de seus brilhantes textos)1. Trinta e três anos depois, ao pé da Cruz, não se vê em nenhum dos Quatro Evangelhos a cena de Maria desesperada, ou tentando lutar com os soldados romanos. Ela simplesmente aceitou o inevitável.

Exemplo mais mundano e prático, relacionado à minha vida: uma das etapas mais estressantes da organização do Doutorado Sanduíche foi a busca por moradia. O mercado de imóveis na Dinamarca, eu logo aprendi, é extremamente desbalanceado para o lado dos proprietários: é muito mais fácil para um senhorio achar inquilinos que para inquilinos acharem moradia. Os meses de preparação para a viagem envolveram então muitos emails sem resposta sobre anúncios em sites de classificados, a tal ponto que a duas semanas da viagem ainda não tínhamos onde morar. Mas o que eu podia fazer? Posso mandar mais alguns emails. E o que mais? Posso contratar um serviço de relocação para estrangeiros, para que eles ajudem na procura (pagando por isso, naturalmente). E o que mais? Posso solicitar ajuda da Universidade lá. E o que mais? Posso contactar meus futuros colegas para ver se eles sabem de alguma coisa. E o que mais? Posso procurar em grupos do Facebook se alguém está anunciando alguma coisa. E o que mais? Nada — e é a partir daí que eu me abandono. Eu já fiz tudo que podia fazer, tudo que estava ao meu alcance, agora só posso depositar minha esperança no Pai e esperar por uma resposta positiva. E Ele cumpre; na última sexta-feira finalmente assinei o contrato de aluguel para nossa futura residência em terras nórdicas.

Um erro de percepção comum na Oração do Abandono é achar que é pura desistência, mas observe no exemplo do parágrafo anterior a quantidade de ações que podem ser tomadas antes de se abandonar. Não é um ato de acomodação, mas de humildade; fazer tudo ao alcance, mas reconhecer que a partir daí nós não temos mais poder. Falei há pouco do falecimento da minha avó; afora ir gritar aos médicos para fazerem alguma coisa, não havia nada a fazer para a salvar a vida dela. Minha querida avó tinha simplesmente chego ao fim da caminhada na Terra, e não há nada ao meu alcance que possa mudar isso. E isso não traz sofrimento, mas paz.


Nos seus textos sobre o Abandono, Frei Ignácio fala que a falta dessa prática leva à loucura. Quantas vezes o leitor se pegou remoendo um episódio passado, pensando “eu não devia ter falado aquilo”, ou “se eu fosse mais organizado, não teria perdido aquele prazo”, ou “deveria ter estudado mais”, ou “que desperdício de dinheiro essa compra”? Agora pare para pensar, e reflita: não é mesmo uma loucura? Se você sai de uma reunião estressado e arrependido de uma frase ruim, já aconteceu, e nada vai mudar isso.

Agora, essas experiências podem ser usadas para o bem, se você transforma esses erros num aprendizado. E é aí que a ajuda psicológica que mencionei me ajudou a me acalmar. Sim, por relaxamento eu perdi a chance de alugar um aparamento e que poderia ter resolvido essa questão há muito tempo; e sim, por desconhecer o processo de visto, minha esposa ainda está esperando o resultado do processo dela dela. Mas como falei, é loucura ficar remoendo isso. É melhor perguntar: que aprendi disso? Resposta: aprendi a ser mais ágil na hora de reservar o apartamento, e a correr mais riscos controlados sem ter 100% de certeza de que o local é bom. Aprendi a ser sempre o mais conservador possível quando se trata de imigração, e que se há um motivo para um país frear a entrada de imigrantes eles vão usá-lo. E muitos outros aprendizados que tento registrar no meu diário para futura referência.

Mas veja como isso se conecta com a Oração do Abandono. Esses “aprendizados” que a minha terapeuta sugeriu enxergar valem apenas para ações futuras, e eu continuo sem poder alterar o passado. Mas o ato de refletir sobre as coisas ruins que acontecem pode ajudar na parte de “fazer o que posso fazer” do Abandono, para que no futuro eu preciso recorrer menos a Deus nas horas de desespero, e possa agradecê-Lo mais pelas coisas boas.


O Abandono tem duas partes, portanto. Diante de um problema, você precisa analisar se ele tem solução. Caso negativo, já disse, não há o que fazer, a não ser aprender o que pode ser feito diferente da próxima vez, e entregar-se à vontade de Deus. Mas caso positivo, é hora de agir.

Já mencionei em um post anterior que essa mesma experiência de ir para a Dinamarca, com muitos prazos interrelacionados, fez-me questionar o meu sistema de produtividade. A terceira parte da busca por ajuda que mencionei no começo do texto foi então justamente tentar aprender como posso melhorar, perder menos prazos e ficar mais relaxado. E achei que uma boa maneira seria ler analiticamente a nova edição de um livro que já resenhei aqui, A Arte de Fazer Acontecer. E logo no primeiro capítulo já notei um paralelo muito forte entre o método GTD (tema do livro) e o Abandono, que é a pergunta do título desse texto: o que você pode fazer?

Neste primeiro capítulo de A Arte de Fazer Acontecer, aprendi que o método tem um cerne básico:

  1. identificar o que você quer fazer ou alcançar
  2. definir o que você poder fazer, de imediato
  3. tirar essas coisas da sua cabeça e organizar num sistema que você possa consultar

O segundo passo é a chave. Um dos conceitos mais brilhantes do método é o da próxima ação, que é definir a próxima coisa concreta que você pode fazer em direção a um resultado. No caso da busca por moradia que citei antes, “mandar emails sobre moradia” é certamente muito abstrato (por onde começo?), mas “entrar no site X e ver os novos anúncios de moradia” é algo bem mais palpável. E de fato, uma mudança que tomei nas últimas semanas foi definir ações mais granulares, tanto nos meus cartões no Trello quanto nas minhas listas no Todoist, de maneira que a cada vez que eu consultar esses aplicativos eu tenha uma visão muito clara de todas as coisa que eu posso fazer. E não por acaso, nessas últimas semanas os preparativos para viagem aceleraram, ao mesmo tempo em que meus projetos pendentes aqui no Brasil foram sendo concluídos.


A grande moral da história é que, por mais responsabilidades e interesses que tenhamos, cada um de nós é uma pessoa, individual, e não “múltiplos eus”. Eu não sou cristão apenas aos domingos das 18:00 às 19:00, quando vou à Missa. E também não sou um estudante de doutorado de segunda à sexta durante o horário comercial, e estudante de produtividade aos fins de semana. Tudo está interligado. Eu tento aprender a me organizar melhor para que a minha vida seja mais suave e eu consigo cumprir meus objetivos. Se acontece algo de ruim, eu peço ajuda a Deus ou simplesmente me abandono n’Ele. Se acontece de bom, eu Lhe agradeço. Se é uma semana cheia de compromissos na Igreja, como no caso da Semana Santa, eu uso da organização para garantir que haja tempo para eu ir aos serviços.

Esse é um daqueles textos que eu escrevo porque precisam ser escritos. Essas coisas de que falei aqui me ajudam, e espero que possam ajudar mais gente.


  1. Se a essa altura o leitor já estiver interessado pelas Oficinas, procure a sua paróquia e veja se as Oficinas já se instalaram aí.