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Por que uso o PyCharm ou: uma história sobre complicar para simplificar

O que vou falar aqui não combina muito com o Ano de Simplificar, mas vale a pena ser dito: às vezes, complicar torna a vida mais simples.

O meu trabalho envolve programar muito em Python, como vários outros pesquisadores do mundo. O editor da moda é o Visual Studio Code, que tem um visual mais minimalista e de fato é muito bom.

O problema é que apenas o editor não é suficiente para meu trabalho: eu preciso de um terminal de linha de comando e de ferramentas de controle de versão. O VS Code têm tudo isso, mas aí a sua simplicidade começa a sumir… E é aí que eu resolvi abraçar a complexidade e usar um editor mais profissional, PyCharm.

PyCharm não é um programa simples ou fácil de usar: há inúmeros painéis, menus, caixas de diálogo, atalhos. Mas agora, tudo que eu preciso está em um só programa – e aos poucos, estou aprendendo a navegar nessa complexidade e me tornando mais produtivo e eficiente no meu trabalho.

E no seu trabalho? Que passo adicional em relação à complexidade a leitora pode adotar que vai tornar a vida mais simples, na verdade? Que software/metodologia/ferramenta o leitor está com medo de abraçar pela complexidade, mas que vai facilitar a vida?

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A Regra dos 3

Essa ideia não é minha, não é revolucionária, mas faz muito parte da minha vida e precisa ser compartilhada:

Faça tudo aos três

Este texto explica em mais detalhes, mas foca muito na escrita e em apresentações: quando for fazer uma apresentação, concentre-se na três ideias principais; ou quando for escrever, estruture em introdução, desenvolvimento e conclusão.

Mas há mais exemplos da Regra dos 3:

  1. Toda semana, escolha 3 metas e todo dia, escolha 3 tarefas mais importantes (MIT); se o dia/semana for caótico e você conseguir cumprir as 3 MITs, o dia foi um sucesso (para mergulhar mais nisso, leia Getting Results the Agile Way
  2. Quando você ouvir falar de uma tecnologia/livro/filme pela terceira vez, é sinal de que não apenas um hype e vale a pena ir atrás (eu vi essa dica em algum lugar, mas não consigo de jeito nenhum achar a fonte
  3. Quando for sentar para fazer um lote de atividades mundanas de uma lista enorme, faça 3 itens e deixe o resto para outro dia (3 voltas em um sábado de manhã, 3 contas a agendar o pagamento, 3 emails a mandar).

Experimente a Regra dos 3 e me diga aqui em baixo se isso não mudou a sua vida.

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Dica para desestressar: abrace um prazer sem culpa

Um amigo meu disse uma pérola há alguns dias: “você sabe que está conversando com um millenial quando o tópico da conversa é o endereço do seu terapeuta”.

Saúde mental é importante. Os comentários mais frequentes neste blog são de pessoas que estão desmotivadas com a graduação ou pós-graduação, e não é à toa: a vida acadêmica é difícil.

Aqui vai uma dica: abrace o seu guilty pleasure: aquilo que você não deveria gostar, mas gosta.

Austin Kleon fala que não existem guilty pleasures, mas o seu foco é nisso como fonte de criatividade. Minha dica para essa retomada de trabalho pós-carnaval é: coloque esses “prazeres proibidos” na sua rotina como forma de desestressar – e pare de se sentir culpado.

O meu guilty pleasure? Hoje, enquanto minha esposa estava na rua com a crianças, cozinhei as refeições deste resto de semana assistindo Chicago Fire.

Não me arrependo de nada.

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2023: O Ano de Simplificar

O meu tema para 2023 é O Ano de Simplificar.

Desde que publiquei minha revisão de 2022, mais coisas aconteceram que tornaram aquele ano mais horrível que já era, incluindo brigas políticas com familiares. Política é obviamente um assunto emocional, mas eu não estava mesmo brigando por causa do Bolsonaro – e sim por causa da raiva acumulada dentro de mim contra tudo de ruim que aconteceu em 2022.

Com um novo filho, eu não posso ser uma pessoa com raiva, e a prioridade máxima na minha vida é reduzir os níveis de estresse. Para isso, preciso simplificar minha vida. Em 2022, eu me mudei de cidade e de emprego; tentei criar rotinas (e.g. tocar teclado e ir para a academia) que não vingaram; almejei ler mais livros que conseguia; e nossos gastos saíram do controle. Houve um excesso de coisas que precisa ser cortado.

Neste ano, vou curtir o novo emprego, moradia, configuração familiar, e reduzir a vida ao essencial. Preciso de todos os serviços de streaming? Preciso de tantas assinaturas de apps? Posso vender meu teclado e parar de me preocupar com isso? Posso parar de me preocupar com ir à academia e focar em correr na praça perto de casa? Posso chegar em casa e só montar um quebra-cabeça com meu filho mais velho? Ou, se ele estiver brincando sozinho, sentar e ler um livro, sem metas de números?

E este blog? Ele é essencial para mim? É essencial para minhas leitoras e meus leitores?

Vamos descobrir ao longo desse ano. Por isso, um pedido para começar o ano: se você gosta do que lê aqui, se vê valor, não deixe de comentar aqui embaixo e indicar este blog para alguém. Isso vai me ajudar a direcionar os trabalhos aqui neste ano.

Por um 2023 melhor, mais simples, para todos nós.

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Revisão do meu Ano de Ler e Escrever

O meu tema para 2022 foi Ler e Escrever.

Vou ser sincero: este não foi um dos meus anos favoritos. A mudança de emprego e de cidade adicionou muito estresse na minha vida, do qual ainda não consegui me recuperar. Pelo menos há um novo integrante na família para alegrar as coisas.

A minha prioridade era ler livros, e eu li 34 livros neste ano; nada mal, mas muito abaixo da minha meta de 60 (5 por mês), um número ambicioso inspirado por Cal Newport. Se ele, com 3 filhos e 2 empregos, consegue ler tanto, por que eu não consigo? É sinal de que não priorizei tanto assim. Voltando ao parágrafo anterior: o estresse me fez querer ver mais séries e ler menos livros, o que em teoria é OK; mas eu chego ao final do ano me sentindo não OK com isso. Em 2023, eu quero intensificar ainda mais o hábito de leitura, e baseado nesse ano, já aprendi que isso significa me importar menos em “ler livros físicos” e mais adotar o pragmatismo do Kindle. A leitora pode conferir algumas das minhas resenhas de livros aqui.

Leitura para mim inclui estudo, e nesse ano eu foquei em alguns concursos, todos sem sucesso. Isso me fez refletir também: é isso que quero para minha carreira? Continuar estudando e fazer concursos? Apesar do resultado ter sido um fracasso, o método é um sucesso: reforçar um tema para o ano me ajudou a justamente prestar atenção. Eu priorizei estudar como parte do meu Ano de Ler e Escrever, percebi que não deu certo, mas eu não deixei de seguir o tema. Eu li muitos livros-texto e escrevi muitas notas; missão cumprida.

Por último, o grande resultado da parte de escrita, e a que mais deu certo, foi a minha páginas de notas de aulas, que evoluiu para um segundo blog, em inglês e muito mais técnico que esse aqui, e eu encerro o meu Ano de Ler e Escrever me fazendo esta pergunta: meus blogs estão dando certo? Vale a pena continuar em 2023?

Amanhã vamos saber o meu grande tema para o próximo ano…

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Antônio

A maior notícia do ano, para mim, aconteceu quase no final: há alguns dias, o João Pedro ganhou um irmão, Antônio.

Não é novidade para ninguém que lê este blog que ser católico é parte da minha identidade. Assim, na hora de escolher algo importante como o nome dos meus filhos, não consigo deixar de me voltar para os grandes personagens bíblicos e santos que passaram por este mundo, em busca de inspiração. Que eu saiba, não existe nenhum personagem chamado Antônio na Bíblia, mas houve um grande homem que carregou esse nome.

A escolha deste nome está muito ligada à nossa situação de vida durante grande parte da gravidez do Antônio. Recentemente, eu e minha família nos mudamos para Florianópolis, mas a experiência de esperar o Antônio vai estar sempre muito ligada à nossa antiga cidade, Joinville. Eu amei morar lá, e amei fazer parte da Paróquia Santo Antônio. Indo nas festas do padroeiro, aprendi que Santo Antônio de Pádua, muito além do reducionista “santo casamenteiro”, era um grande professor – justamente a minha profissão durante boa parte da gestação do pequeno Antônio.

E assim, o pequeno Antônio chega para nos lembrar dessa importante fase da nossa vida, e para iluminar o nosso final de ano. E eu começo 2023 aprendendo a ser “pai de dois” – com todos os prazeres e dificuldades que isso traz.

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Resenha: Music: A Subversive History

O que a imagem acima, de um porto em atividade, tem a ver com a resenha de um livro de música? É esse justamente o ponto de Music: A Subversive History, de Ted Gioia.

Eu cheguei a essa obra por conta da excelente newsletter de Gioia e de uma entrevista com ele, que menciona o livro. Ted Gioia é um músico de jazz que, tendo de abandonar o piano por conta de problemas na mão, tornou-se um crítico de música excepcional, ao apontar grandes álbuns que nenhum algoritmo recomendaria (como ele fala repetidamente na sua newsletter – sério, vão lá assinar) e falar de detalhes que parecem adjacentes às músicas, mas que são fundamentais (a sua formação em filosofia provavelmente ajuda).

Liverpool é a terra dos Beatles, obviamente, e New Orleans o berço do jazz. Separadas por milhares de quilômetros de distância, e de culturas bem diferentes, estas cidades pobres e na periferia do poder são também cidades portuárias com um grande vaivém de pessoas, cada uma com sua tradição musical.

É isto que Music quer mostrar: que o desenvolvimento musical não vem de salas de concerto elitizadas, mas dos marginalizados. O que hoje associamos ao poder nasceu revolucionário. Hoje falamos de Mozart como um gênio que ninguém mais ouve, mas no seu tempo ele era uma celebridade que escrevia cartas (para seu pai) reclamando de seu apetite sexual voraz – alguma coincidência com nossa obsessão em acompanhar a vida amorosa dos músicos de hoje?

Gioia põe muita ênfase nos aspectos rituais da música. Como católico, eu posso confirmar com facilidade que a música na Missa faz parte do ritual, e não é um mero acessório (ainda que, para voltar ao mesmo tema, música na igreja era considerada subversiva até pouco tempo atrás). Os rituais das religões antigas envolviam muita percussão e sacrifícios (literais) – e Gioia fecha o livro se perguntando se o comportamento errático de músicos de rock não é também uma forma de auto-sacrifício, de entregar a própria vida pela música.

Acho que deu para entender que o livro é muito interessante. Porém… é longo demais. É muito fácil se cansar na leitura, e dá para perceber que o autor se perdeu no meio de tanta pesquisa e teve dificuldades em cortar detalhes e anedotas, sendo que em vários capítulos o ponto já estava estabelecido.

Assim, por mais que seja um deleite ver um mestre da escrita como esse escrevendo sobre temas verdadeiramente fascinantes, não posso recomendar a leitura do livro a não ser que você esteja realmente preparado, quase para estudar o livro.

Mais uma vez: assine a newsletter, e veja se você quer mergulhar fundos nos tópicos que ele traz.

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Resenha: A História da Ciência para quem tem pressa

Há algum tempo, resenhei um outro livro da série …para quem tem pressa, e os motivos de ler este novo título continua o mesmo (querer leituras leves em meses de muito agito em meio a um emprego novo). A conclusão muda um pouco, porém.

Acho que não preciso explicar o mote da obra: ilustrar o desenvolvimento das ciências em sete capítulos, cada um dedicado a um ramo (astronomia, matemática, física, química, biologia, medicina, geologia). Ao contrário de A história do mundo para quem tem pressa, que se dizia global e era bastante euro-cêntrico, este exemplar sobre a ciência consegue ser mais diverso e chama a atenção para a importância da ciência chinesa, indiana e árabe, diversas vezes salientando como os europeus demoraram para alcançar o desenvolvimento oriental – e a culpada, segundo as autoras Nicola Chalton e Meredith MacArdle, é sempre a Igreja Católica.

Apesar de curto, o livro é denso de informações, sendo várias delas novas para mim. Eu já havia ouvido falar de Ptolomeu (o astrônomo que propôs um sistema geocêntrico que depois foi contestado por Copérnico), mas nunca havia me atentado ao fato de que ele era cidadão romano, e não grego, e ainda por cima viveu depois de Cristo. A leitura em geral é fácil e agradável.

Minha maior crítica é que, em cada capítulo, parece que as autoras supõem que o leitor já domina o tópico, e apenas resumem o conteúdo. Para um leitor que seja completamente leigo e avesso a matemática, a própria explicação do sistema de Ptolomeu, citado acima, fica bem confusa (eu, com Doutorado em Engenharia Mecânica, tive que ler várias vezes até entender – e este é um livro que se pretende popular). As explicações sobre geologia, então, passaram quase batido por mim.

Portanto: leia pelo caráter histórico, para entender onde os grandes nomes se encaixam na linha do tempo, mas não espere aprender de fato sobre ciência.

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Por que deixei meu emprego de professor

Vou fazer um anúncio quase 2 meses atrasado: eu deixei o meu emprego anterior de Professor Substituto em uma universidade estadual, e voltei à minha universidade (e cidade) de origem para trabalhar como pesquisador em um novo projeto.

Os anúncios são vários, mas a base é uma só: eu me sentia sem futuro.

Eu amei ser professor, fui muito feliz no meu ambiente de trabalho, e acho que tenho talento. Não pretendo abandonar o ensino, e um de meus projetos para 2023 é justamente reavivar meu canal de aulas no YouTube, modernizando os vídeos e criando verdadeiramente os meus cursos de Engenharia Mecânica. Mas a vida de professor substituto não é fácil: eu tinha uma caga horária de 17 horas-aula semanais, com 5 disciplinas por semestres, o que exigia mudar o assunto na minha cabeça várias vezes por dia, corrigir dezenas de provas e trabalhos por mês, e estar sempre revisando e preparando aulas.

O sinal de alerta veio quando percebi que, nas aulas, estava falando de tudo no passado: eu estudei, quando eu participei de tal projeto… eu comecei a me sentir perigosamente fora da Engenharia Mecânica como ela está ocorrendo agora. Em outras palavras: como todo bom professor, eu queria praticar e pesquisar em paralelo com o ensino – mas eu só ganhava por hora dentro de uma sala de aula.

Eu também comecei a me sentir desolado com a vida de concursos acadêmicos. Participei de alguns, não fui aprovado em nenhum, nem de perto. Sinceramente, comecei a questionar se era isso mesmo que queria, se estava disposto a caminhar nessa jornada de virar professor efetivo (ainda não tenho essa resposta). O que estava claro é que não era atuando a semana inteira como professor substituto que eu ia conseguir mudar isso.

Eu comecei a planejar a possibilidade de participar de algum projeto de pesquisa, ou mesmo de procurar um emprego de engenheiro, e a sorte me lançou as duas coisas ao mesmo tempo: um anúncio de vaga CLT, de Engenheiro, mas em um ambiente de pesquisa, com meus antigos colegas, com o meu orientador de sempre. Apliquei, e consegui.

Não sei o que é do futuro; minha prioridade agora é fazer um bom trabalho neste projeto e honrar a oportunidade dada. Estou trabalhando muito para me atualizar na Engenharia – que era o que eu queria. Estou feliz e animado com os próximos passos.

E você, leitor, teve alguma grande mudança de emprego e vida nesse ano? Quer promover essa mudança? Comente aqui embaixo!

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Resenha: A história do mundo para quem tem pressa

Não vou negar: eu comecei a ler A história do mundo para quem tem pressa não porque eu tinha pressa de fato, mas porque estava lendo dois outros livros (resenha em breve) muito pesados, e queria uma leitura mais leve. Consegui.

Dividindo em seis capítulos, a obra cobre desde as civilizações da Mesopotâmia até a independência da Nova Zelândia. Se a leitora está surpresa, como eu, em relação a escolher este ponto de finalização, minha hipótese é que a autora Emma Marriott falhou no próprio objetivo: prometeu um livro que vai além dos relatos típicos euro-centristas, mas não conseguiu se desvenchilhar do fato de escolher “o fim da colonização europeia na Oceania” quase como “o fim da história”, como se a Europa não tivesse mais para onde ir. Não nos enganemos: esse livro é totalmente contado do ponto de vista da Europa.

Além dessa falha de querer ser mais diverso que realmente é, acho que o livro assume que o leitor tem pressa demais. O subtítulo, Mais de 5 mil anos de história resumidos em 200 páginas, poderia ser corrigido para …em 250 páginas… e o livro teria muito mais impacto e profundidade.

Sendo raso assim, não há nenhuma grande tese ou argumento ensinado, mas não deixei de esclarecer algumas coisas, principalmente em relação a cronologia. Aprendi, por exemplo, que os astecas são muito posteriores aos maias (minha lembrança escolar das civilizações pré-colombianas fundiu-as em uma massa só, como se fossem todas contemporâneas), e que a habitação da Nova Zelândia pelos seus povos nativos é muito mais recente que a habitação da Austrália (em alguns milhares de anos).

Portanto: não espere de fato aprender muito sobre a história do mundo. No máximo, o leitor pode selecionar alguns tópicos e aprender mais sobre eles. Ou simplesmente encarar como uma leitura de entretenimento superior às redes sociais – o que de fato é.