Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.
Na nossa caminhada para simplificar nossa vida, chegamos a uma etapa que é
crítica para mim e para todos que tendem a se viciar em tecnologia.
Temos que simplificar nossa vida digital.
No manifesto, Leo se concentra em dois
tópicos da área de tecnologia: usar a nuvem, para evitar os problemas de
sincronizar múltiplos dispositivos e poupar espaço no computador (ele se
refere principalmente ao Google Docs), e simplificar o número de coisas
que você guarda ou acessa no computador – menos fotos, menos emails,
menos arquivos.
Aqui vou tomar um ponto de vista mais direcionado: quero simplificar o
meu uso de computadores e outros gadgets.
É normal usar um computador (claro, se a tarefa pede isso), mas há
alguns problemas. É normal querer um smartphone por achar que ele vai
acrescentar, mas não é normal se desesperar se o seu smartphone estraga.
É normal gastar dinheiro em algum app que você vai usar, é um problema
gastar dinheiro demais comprando aplicativos só porque todo mundo usa. É
normal você bater uma foto do encontro com os amigos e compartilhar no
Instagram, mas registrar cada garfada (e a cor do seu esmalte) é
ridículo.
Sempre que você gasta tempo demais com tecnologia em detrimento das suas
prioridades, é preciso simplificar.
Para mim, simplificar a vida digital tem três etapas.
Simplifique os seus dispositivos
Algumas pessoas têm um notebook, um computador de mesa, um smatphone, um
tablet, um e-reader, um tocador de mp3 e sabe-se lá o que mais.
Em primeiro lugar, veja se você não pode reduzir esse número. O
propósito de se ter um dispositivo poderosos (como o iPhone) é ele poder
executar várias funções ao menos tempo. Ter menos dispositivos significa
menos gastos com manutenção, menos chance de roubo e ter de carregar
menos coisas.
Existe um limite, porém. Dependendo das suas necessidades, ter um
dispositivo dedicado pode ser um grande ganho de experiência. Por
exemplo, um tablet pode servir para ler livros digitais, mas um e-reader
especializado (como o Kindle ou o Kobo) é mais leve, tem bateria muito
mais durável, não induz à distração e tem tela menos cansativa aos
olhos. Repito: depende da sua frequência de uso. Se você praticamente só
usa o tablet para ler livros (no app do Kindle ou no iBooks, por
exemplo), pense em vender e comprar um leitor digital — muito
provavelmente você vai ganhar dinheiro.
Outro ponto é algo sobre o qual já falei: use o dispositivo certo
para a coisa certa. Não tente ter todos os aplicativos no seu
computador, no tablet e no seu smartphone. Isso é caro e inútil. Observe
o seu uso e instale aquilo que é pertinente.
E não se esqueça: talvez você não precise de um smartphone, muito menos
de uma tela Retina.
Simplifique os seus programas
Isso é uma extensão da seção anterior. Você não precisa ter os melhores
e mais caros aplicativos, e nem os que todo mundo usa.
Um exemplo prático e pessoal: Evernote. É um bom serviço com bons
aplicativos, mas simplesmente não se adapta a mim. Para os leigos,
Evernote é serviço de armazenamento de notas, e suporta texto, PDFs,
fotos, websites. É um gerenciador de informações universal, mas a minha
filosofia é usar apps que fazem a sua tarefa bem feita. Guardo minhas
notas de texto, meus PDFS e minhas fotos em pastas sincronizadas pelo
Dropbox. Já falei do 1Password, que gerencia minhas informações
mais sensíveis. Os sites e tudo que acho de interessante na Web estão no
Pinboard.
Eu poderia usar o Evernote porque muitos usam (e quem acompanha blogs
tech sabe o quanto ele é popular na blogosfera e no Twitter). Mas não é
bom para mim.
Outra coisa que faço é desinstalar programas sem remorso. Se eu
realmente precisar deles, posso instalar de novo, mas até lá eles não
ficam ocupando memória e espaço na tela.
Uma dica de ouro que roubei do Brett Terspstra e do Michael
Schechter foi criar um arquivo de texto contendo todo as funções que
realizo no computador, seguido do programa que uso, e sugiro fortemente
que o leitor faça isso. Sente e defina o que você faz em um computador:
organiza suas fotos, vê filmes, escreve, processa emails ou qualquqer
tarefa especializada. Para cada item, faça uma pesquisa breve sobre as
opções de apps e serviços, decida por uma e aprenda a usá-la — e não
fique mudando. Revisite essa nota mensalmente, para ter um documento
atualizado de auto-avaliação.
Simplifique seus arquivos
É fácil inundar nosso computador com arquivos em uma estrutura bagunçada
e depois perder tempo demais tentando encontrar informação.
Novamente, não existe receita para isso, e você deve ver a estrutura que
mais se adapta a você. Minha sugestão: comece com pastas abrangentes:
documentos, fotos, músicas, videos. A partir daí, vá especializando,
conforme seu uso. Eu, dentro da pasta de documentos, tenho uma pasta
para rascunhos de textos para FabioFortkamp.com, um pasta para a
faculdade, uma para meu mestrado… dentro desta, por exemplo, tenho uma
para os desenhos, outra para a dissertação, uma para manuais dos
equipamentos. Vá adaptando aos poucos.
O importante, enfatizo, é não perder tempo procurando. Se a sua
estrutura não se adapta ao seu pensamento, mude.
Como mencionei, a dica do Leo é para usar ferramentar online, como o
Google Docs, porque isso o permite trabalhar de qualquer lugar e não se
preocupar com organização de arquivos. Como abomino ter de depender do
Google, acho que com uma estrutura bem feita e com serviços como o
Dropbox você pode alcançar esses objetivos.
Em resumo
Computadores são ferramentas poderosas, mas não podem roubar atenção das
outras coisas. E, se você usar o computador como uma ferramenta de
trabalho, não deve perder tempo com coisas inúteis, para poder se
concentrar em fazer algo.
Simplificar a minha vida digital é uma tarefa contínua. As dicas que dei
aqui são as que me permitem fazer um uso mais racional da tecnologia,
usando os programas certos, organizando a informação para quando eu
preciso, evitar preocupações decorrentes disso. Espero que elas possam
ajudar o leitor também.