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Como Usar um Computador

Alex Payne publicou em 2008 um texto excelente sobre o que ele chama
de computing happiness, o que eu traduzo como “felicidade na
computação”. O título pode parecer estranho, já que o pensamento usual é
associar a felicidade a momentos em que estamos longe do computador:
lendo um livro, viajando com a pessoa amada, curtindo com os amigos,
passeando com a família. Concordo com tudo isso, mas, a partir do
momento em que admitimos que precisamos usar um computador, seja como
ferramenta de trabalho e seja como facilitador da nossa vida pessoal, é
melhor que o façamos de uma maneira que seja a mais agradável possível.
É quando “essa merda desse computador não para de travar” se torna menos
frequente que “esse programa é muito bom, como eu só descobri ele
agora?”. Você incorpora o uso mais consciente do computador (um
conceito que se tornou fundamental na minha filosofia de vida) na sua
rotina e fica alegre com isso. O que deveria ser um trabalho acabando se
tornando uma atividade que você faria normalmente, porque você descobriu
programas ou técnicas que facilitam muito a tarefa em mão. Imagino que
seja isso que ele quis dizer com happiness.

O texto é simples e curto mas, sem exagero, é um dos mais marcantes que
li. Desde que tive contato com ele (no começo desse ano), passei a
questionar cada vez mais o meu uso do computador. O que estou fazendo é
necessário? E se é, estou fazendo da melhor maneira possível?

Recomendo fortemente que você leia essa lista e reflita sobre o assunto.
Aqui, agrupei os itens nas suas principais ideias, e dou a minha opinião
sobre as mesmas.

Use o software e o hardware certos para cada tarefa, e não mais que isso

Essa é a ideia central do texto. Você não precisa de milhares de apps e
programas, e os que você precisa, você deve usar para a coisa certa. O
seu browser não é o seu sistema operacional; ele serve para acessar
páginas na Web e alguns web apps. Vejo muita gente com o Chrome ou o
Firefox com mil extensões, que prometem fazer tudo, e fico me
perguntando se essas pessoas sabem que existem outros programas, mais
apropriados para cada tarefa.

E tem aquele programa que é a peça de software que eu mais odeio no
mundo, e que você provavelmente adora, que é o Word. Se você tem de
escrever um documento composto apenas de texto, com formatação básica, e
poucas figuras (três é o limite para manter a sanidade mental), ótimo.
Se você tem de colocar figuras com legendas, referências bibliográficas,
equações, e fez isso no Word… eu sinto muito pelos meses da sua vida
que você perdeu reabrindo o Word depois de ele travar, para logo em
seguida ter de rearrumar todas as figuras e suas legendas.

Na mesma linha, você não precisa de um super computador para ver o
Facebook e escutar músicas. Atualmente, laptops já estão bem mais
poderosos e ainda tem o adicional da portabilidade. E como já falei,
não tente usar o seu smartphone para tudo, porque ele existe para
complementar o seu computador tradicional.

Você também não precisa de milhares de periféricos. Um monitor grande,
para ficar mais confortável, um bom conjunto de teclado e mouse, e um HD
para backups. Se for comprar algo diferente, pense bem se realmente
precisa (como aquele leitor de digitais que é super importante porque
você trabalha no meio de agentes secretos).

Use Mac no seu computador e Linux para servidores

Embora eu concorde, reconheço que é muito dependente do gosto pessoal.
Eu já usei Windows, já usei Linux (no desktop) e uso um Mac, e pela
minha experiência, essa é a ordem de usabilidade, do pior para o melhor.

Tenho certeza absoluta que a grande maioria das pessoas usa Windows por
comodismo. Foi o sistema que elas sempre usaram, já estava instalado
quando compraram o computador e o Office funciona (pirateado, com
certeza). É exatamente essa a estratégia da Microsoft, licenciar para um
grande número de fabricantes de hardware de maneira a dominar o mercado.
E essa é também a maior fonte de problemas: a grande diversificação
produziu computadores ruins, com configurações levemente acima das
mínimas e milhares de programas inúteis pré-instalados. Com isso o
sistema se torna pesado, trava, demora décadas para inicializar.

Já tive minha fase de experimentar com algumas distribuições Linux. É
ótimo: existe uma comunidade ativa de usuários, que adora resolver
problemas; existem uma infinidade de opções de sistemas e programas; e é
quase tudo de graça não porque as pessoas não querem pagar, mas
porque os programas são abertos e todos podem modificá-lo (o pagamento é
o tempo e a disposição de contribuir com o código do programa). Por que
eu não uso mais? Quando voltei para o Windows, estava precisando de
alguns programas específicos (estava no fim da faculdade). Agora, com
toda a sinceridade, tenho certeza que, se eu tiver a disposição, eu
migro do Mac para o Linux de novo. É só uma questão de me acostumar com
novos programas. Talvez eu faça isso.

O que me atrai no Mac? Eu comprei um porque queria testar. E o sistema é
rápido, quase não trava, e o hardware é otimizado para aquele software
(já que a Apple fabrica os dois componentes). Sem contar a opção de
excelentes aplicativos, num mercado de softwares muito vibrante. E
claro, ainda há a integração com iPhones e iPads.

No servidor, não há disputa. Tarefas que exigem grande volume de
configurações precisam da versatilidade de um sistema aberto como o
Linux.

Minha sugestão? Se você está satisfeito com o Windows, ótimo. Se não,
tente identificar os pontos que incomodam e teste os os outros sistemas.
Só assim você pode ter uma opinião formada.

Use softwares que você domina e, se necessário, pague para eles.

Como falei acima, se você tem de usar um software que não é livre (i.e.
um software fechado, que apenas os proprietários podem modificar), deve
pagar por ele (para ajudar a sustentá-lo).
Ao mesmo tempo, pagar por algo que você não conhece é arriscado. A
grande maioria dos softwares (pelo menos aqueles que vale a pena usar)
tem versões demo; use, teste, veja se ele vai acrescentar. O tempo de um
mês da maioria dos demos é suficiente. Se gostar, pague, já que ele vai
realmente acrescentar na sua vida. É melhor que uma calça que você tem
de decidir depois de provar num provador apertado, com o vendedor
dizendo que ela ficou ótima em você.

Quando você decidir comprar e usar o software, ótimo. Agora honre seu
tempo e domine-o. Não seja um analfabeto digital. Explore o máximo,
arrisque, pesquise, seja aquela pessoa para quem todos vão perguntar
“como eu faço isso nesse programa?”.

Use formatos abertos

Muitos programas guardam os dados num formato proprietário, que apenas
aquele programa consegue abrir. Evite isso. Depois, se aparecer alguma
alternativa melhor, você tem de continuar usando só porque todos os seus
arquivos estão naquele formato. É como fotos: elas estão em formatos
padronizados, .jpg, .png etc. Você usa então programas que modificam
esses formatos, ou que organizam as fotos de uma ou outra determinada
maneira. Quando você quiser trocar de programa, as fotos estão mantidas.

O formato mais simples possível é o texto puro, plain text do inglês.
É o que se cria em editores de texto (não processadores) como o Bloco de
Notas (no Windows), TextEdit (no Mac), Notepad++, TextMate, vim, Emacs,
Sublime Text, Byword (onde este texto está sendo escrito). Os programas
se diferenciam então pelo que eles podem fazer com o texto: reconhecer
linguagens de programação, executar comandos avançados de editar
múltiplas linhas, substituir múltiplas ocorrências de uma palavra por
outra, criar macros que transformam o texto (tornando maíscula todas as
iniciais, por exemplo), exportar para formatos de publicação como HTML
ou PDF. Mas por baixo disso está o confiável .txt. Se eu quiser trocar
de programa ou mesmo de computador o arquivo está lá, intacto.

Enquanto isso, você está usando o Word 97, e não consegue abrir aquele
maldito .docx que o seu colega lhe enviou.

Conclusões

Você não precisa seguir essas regras, como Alex diz. O que você precisa
é entender qual o seu uso do computador e se questionar se algo precisa
mudar. E então trabalhar para fazer o computador uma ferramenta, e não
um empecilho ao seu trabalho.

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Por Fábio Fortkamp

Pai do João Pedro, Marido da Maria Elisa, Professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Estado de Santa Catarina, católico devoto, nerd

2 respostas em “Como Usar um Computador”

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