Eu tenho uma vida razoavelmente simples. Moro com minha família, faço
mestrado em engenharia, tenho uma vida social razoável, dirijo um carro
simples (embora não goste de dirigir), gosto de ler e de manter este
blog. Não tenho emprego, não preciso sustentar uma casa, tenho poucos
compromissos e quase nenhuma responsabilidade.
Ainda assim, eu me sinto como se minha vida fosse complicada. Meu quarto
frequentemente está bagunçado. Muitas vezes tenho dificuldades de
gerenciar minhas tarefas no mestrado. Quando quero encontrar uma
informação (mesmo algo banal como o nome de um livro que vi e quero
comprar agora), nem sempre sei onde procurar. Perco muito tempo nas
redes sociais. Parece que minha lista de textos no meu leitor RSS não
termina nunca. Compro presentes em cima da hora. Quando tenho algum
compromisso, chego mais atrasado do que gostaria. Demoro muito tempo
entre acordar e sair de casa, pela manhã. De noite, quando sinto que
poderia fazer algo de bom (como escrever algo para este blog), parece
que o tempo voa. Não me sinto informado sobre o Brasil e o mundo.
É claro que muito disso é minha falta de organização, mas meu ponto aqui
é outro. Viver é complicado (e de novo, eu enfatizo que sei que minha
vida é muito menos complicada que a da maioria das pessoas). O excesso
de informação e de coisas para fazer, mesmo as mais mundanas, nos
sobrecarrega e nos tira tempo para fazer o que de fato gostamos ou
precisamos fazer. Por que perco tempo no Twitter e no Facebook em vez de
escrever? Por que, quando estou com minha namorada, fico preocupado com
meu mestrado? Por que fico passivamente lendo textos de blogs em vez de
avançar na minha lista de livros? Por que “não sei onde está aquele
documento” é mais frequente que “claro, está aqui comigo”? Por que
sempre tenho de procurar a mesma informação, em vez de ter um sistema
que organize isso de maneira eficiente? Por que os dias parece que não
rendem?
A matemática é simples: os dias duram 24 horas, em média. Para você ter
tempo de fazer o que quer, precisa eliminar tarefas. De maneira
semelhante, a nossa atenção, a nossa força de vontade, a nossa
concentração são recursos limitados. Para nos concentrarmos naquilo
que interessa, precisamos livrar a nossa cabeça de coisas supérfluas.
Precisamos simplificar nossa vida.
Minimalismo
Não consigo me lembrar de como cheguei ao Zen Habits, o blog sobre
simplicidade e minimalismo. Leo Babauta escreve bem e sobre coisas
relevantes: como simplificar, como ter tempo para as coisas que
importam, como cultivar hábitos bons. Falei há pouco de ter cuidado com
blogs, mas esse vale a pena.
Leo não é um grande teórico. É alguém que tinha seu emprego, sua
família, seus compromissos, e percebeu que sua vida não andava nos
trilhos: acima do peso, fumante, com dívidas, insatisfeito no emprego.
Resolveu mudar, simplificando sua vida ao máximo, e documentar o
processo em um blog. Leo não tenta nos ensinar de maneira autoritária:
ele relata suas experiências e nos propõe uma reflexão. O seu tom casual
com uma escrita simples e correta chamam a atenção.
O blog todo é cheio de textos muitos bons. Tem um, porém que é
imbatível: Simple Living Manifesto, um manifesto de 72 ideias para
simplificar sua vida. À medida que eu lia as ideias, percebi que podia
simplificar muito da minha vida. E percebi que essa lista não é mágica,
é apenas uma seleção de itens que tendem a nos tirar a atenção.
Resolvi tentar, e usar FabioFortkamp.com como canal de relatos.
Anunciando a primeira série de FabioFortkamp.com
A série Simplifique sua vida trará meu relato das tentativas de
simplificar a minha vida, baseado no manifesto de Babauta. Não vou
pegar os itens um a um e copiar aqui. Em vez disso, vou pegar as ideias
principais de Leo, agrupá-las segundo o meu raciocínio, contar a minha
implementação e relatar minhas experiências.
Recomendo ao leitor que leia o texto original (ou a versão
simplificada, produzida pelo autor depois de críticas a uma lista
“minimalista” de 72 itens).
Aproveita para enfatizar que meus próximos textos não serão apenas sobre
isso. Gosto de tratar de temas variados neste blog.
Vamos simplificar.
Uma resposta em “Simplifique sua vida: Introdução”
[…] primeiro texto da série, eu escrevi que, apesar de ter poucos compromissos e responsabilidade, eu sinto como a minha vida […]