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Ben Brooks:

The bookkeeper at my company used to (she is now retired) have this
routine — it was something like this:

  • Sit down at her desk with coffee in hand.
  • Grab a stack of recycled paper bits that are about 2/3 the size of
    a full page of paper — all unlined — held together with a binder
    clip.
  • With her half-chewed Bic in hand she would then proceed to write
    down her todos for the day.

Quando você mergulha no mundo da produtividade, é fácil se enrolar no
mar de apps que prometem fazer suas tarefas por você. Brooks ajudou a
produzir um app que tenta simplificar ao máximo o gerenciamento de
pendências – ou você seleciona algo para fazer hoje, ou deixa para
amanhã.

Eu não estou interessado em testar mais um app, mas sempre gosto
quando alguém diz que é a tecnologia que deve nos servir, e não o
contrário.

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Artigos

Por que o Rdio é a melhor maneira de escutar músicas

Estou aqui, escrevendo no meu diário, fazendo um completo
descarregamento das ideias na minha cabeça, e estou escutando o
Rdio. Especificamente, escutando a rádio personalizada do Tulio
Jarocki
 (que escrevia um blog muito bom e parece que infelizmente
parou). Muita música boa, de muitos artistas que eu não conheço, e tudo
que fiz para descobrir essa gente foi procurar meus amigos e apertar um
“play”. Não tive de procurar nada. Eu simplesmente já seguia o Tulio no
Twitter, puxei os contatos no Rdio e estou escutando várias rádios. E
estou pensando no quanto adoro esse serviço.

Eu cresci em meio ao Napster, e em meio à cultura de que, se um arquivo
.mp3 está na rede, qual o problema em escutá-lo? Não fui eu que
coloquei-o lá! E, além disso, se todo mundo está fazendo isso, por que
eu vou pagar por um CD? Otário é a gíria que eu ouvia quando
adolescente, aparentemente em desuso.

Vamos ser diretos: esse tipo de pensamento é pirataria da mais pura e eu
me envergonho de ter passado por isso. Eu não faço mais isso, e recuso a
ajudar pessoas quando eles me pedem para “baixar o CD da novela”. Eu
compro minha música, e, se eu não tenho dinheiro, eu espero até ter.
Complicado, não? Eu li as biografias de gente como Eric Clapton e Paul
McCartney e eles tinham essa mania, de trabalhar ou pedir dinheiro para
os pais para conseguir comprar os discos. E bem, eles são Clapton e
McCartney.

Eu comprei alguns álbuns e singles na iTunes Store e, se querem saber,
acho barato. O mais caro que já paguei por uma única música foi 2
dólares, ou 5 reais. Um lanche assado (geralmente queimado) nas
lanchonetes da UFSC custa 3. Dois dólares, incluindo o trabalho de
produção da música, a propriedade intelectual do artista e os custo de
download é bem justo, na minha opinião. E eles são exceção. A grande
maioria custa um dólar.

Ultimamente, no entanto, tenho consumido música de uma forma diferente.
Eu não compro mais a música em si, mas o direito de escutá-la. Com o
Rdio, você paga uma taxa e tem acesso a todo o catálogo. O problema é
que, quando se deixa de pagar, você não fica com nenhuma música.
Lembre-se você não comprou nada.

Esse tipo de pensamento provoca revolta em algumas pessoas, pois parece
roubo. Como pude pagar tanto tempo e agora não ganho nada? É preciso
ajustar essa mentalidade. Nós estávamos pagando pelo serviço de
escutar músicas. É como pagar academia: você pode pagar por dez anos e
mesmo assim não vai sair de lá com uma esteira, quando deixar de ser
cliente.

O Rdio se adequa a pessoas que, como eu, tem gosto muito variávies. Em
um mês só ouço Paul McCartney e Queen, no outro só escuto pop brasileiro
tipo Skank e Capital Inicial. No seguinte escuto um samba de raiz, no
outro vicio no último álbum de John Mayer. O Rdio me permite essa
alternância, sem ter de comprar todos esses álbuns. Muitas daqueles
singles que comprei na iTunes e dos CDS que ganhei quando adolescente
estão parados, sem ser ouvidos. Ter a posse deles não tem muita
utilidade prática, para mim.

E, como falei, temos o aspecto social, e o Rdio, na minha opinião faz
isso da maneira certa. Sendo um serviço pago, eles não te forçam a
compartilhar o que você está ouvindo a toda hora (deixando-me livre para
escutar Kid Abelha sem vergonha); mas é fácil, se você quiser. E a
integração com o Twitter (e Facebook) significa que eu, se quiser, posso
escutar o que meus amigos estão escutando. Sem ninguém forçar.

Deixei de pagar e usar o Netflix há algum tempo por achar que o catálogo
deixa a desejar. O Rdio, ao contrário, está sempre com o catálogo
atualizado (apesar de não haver nenhum disco dos Beatles, AC/DC, Led
Zeppelin etc, provavelmente por serem de direitos autorais mais
complicados) e o serviço está cada vez melhor.

Você pode escutar as músicas por streaming no seu navegador e com
programas para OS X e Windows, e pode sincronizar com seu smartphone e
escutar em modo offline. Experimente (e me siga, se quiser).

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Notas do autor

Corrigindo um erro em FabioFortkamp.com

No último mês, quando chegou minha conta do cartão, tive uma pequena
surpresa. Com a alta do dólar, muitos serviços que eu usava, incluindo o
que sustentava este blog, estão pesando cada vez mais no orçamento. Ao
mesmo tempo, dei-me conta de que estava perdendo muito da motivação e
inspitação para escrever. Esses dois fatos me fizeram refletir sobre o
estado de FabioFortkamp.com. Está valendo a pena gastar dinheiro em
algo que não acho tempo para aproveitar?

Agora, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que cometi um
erro. Saí de uma plataforma (Squarespace), por me sentir incomodado
com falta de recursos, e resolvi adotar a máxima flexibilidade, usando o
Jekyll em um servidor. Teoricamente, seria muito simples, como
falei: o blog é uma pasta sincronizada entre o computador e o servidor.
Na prática, problemas aparecem. Misteriosamente, o site gerado no meu
computador e no servidor não coincidem. Instalar o Dropbox no servidor
pode ser um trabalho imenso. Tive de ficar procurando documentações de
muitas bibliotecas para consertar erros  na geração do site. Na pressa
de fazer a migração o mais rápido possível, não testei o novo sistema de
maneira suficiente, e os problemas estavam me tomando muito tempo. De
repente, eu não queria mais escrever porque queria resolver um erro, e
depois mais outro…

FabioFortkamp.com estava se tornando algo muito complexo. É hora de
consertar esse erro.

WordPress

FabioFortkamp.com agora está hospedado no WordPress.com. Não é a
plataforma mais poderosa, nem a mais simples, nem a mais flexível, mas é
a que permite o mínimo de fricção possível na hora de escrever. Existem
muitos apps que se integram, muita documentação, muitas maneiras de
publicar.

O que eu estou perdendo é um pouco de portabiliade (meus posts não são
mais apenas arquivos no computador), mas estou abrindo mão disso em prol
de recursos melhores. Não existe um sistema de blogs perfeito.

O resultado o leitor já pode conferir: depois de cada post existem
muitas opções de compartilhamento e um campo de comentários; na barra ao
lado existem também recursos para facilitar a navegação e opções para o
leitor assinar este blog por RSS e por email. E tudo isso é automático.
Novamente, eu perco um pouco do controle sobre a aparência e o
posicionamento destes elementos, mas estou bastante satisfeito com a
configuração atual.

Não quero ter de carregar todos os meus textos antigos um por um para o
novo site, e estou pesquisando alternativas de fazer de maneira mais
automática. Enquanto isso, o arquivo está incompleto, e espero que o
leitor me compreenda.

Temas

FabioFortkamp.com agora também está explicitamente marcado como um
blog sobre tecnologia, produtividade e ciência. Já publiquei diversos
textos sobre esses assuntos, então não deveria haver muitas surpresas.
Essa identificação é para melhor informar novos leitores sobre o
propósito do site e para me guiar na produção de novos textos. Um blog
sobre tudo é um blog sobre nada.

Deixe-me ser claro: este não é um blog de notícias e rumores. Embora eu
possa comentar  algum acontecimento, estou me lixando para o preço do
novo iPhone, o fato do Android agora ter nome de chocolate ou a compra
da Nokia pela Microsoft. Minha grande paixão intelectual é a combinação
de ciência e tecnologia (não por acaso, sou engenheiro mecânico cursando
mestrado), com foco na resolução de problemas e na interpretação do
mundo
. Acho que podemos sempre procurar trabalhar melhor (e não
mais) para fazermos diferença no mundo e para termos tempo para
estarmos com pessoas que amamos. E que, sempre que não entendemos algo,
saímos perdendo.

FabioFortkamp.com, assim, é um espaço de discussão desses assuntos.
Quero escrever minha opinião sobre o nosso uso da tecnologia. Quero
recomendar livros sobre ciência. Quero indicar textos interessantes que
encontro na internet. Quero mostrar aplicativos que me ajudaram a fazer
alguma tarefa. Quero experimentar como podemos melhorar nosso cotidiano
e relatar essas experiências. Quero poder desenvolver minhas ideias e
compartilhar com vocês (e esse processo é o principal benefício de se
manter um blog).

Propagandas

Como mencionei no início, o mercado de tecnologia está sujeito à cotação
do dólar, e, por mais que este blog seja um excelente hobby, quero
manter o orçamento sob controle.

O WordPress.com permite a você criar um blog absolutamente de graça e
pagar por recursos adicionais. Um que, para mim, é absolutamente
essencial, é ter meu domínio próprio. Outro que é importante é a
eliminação de anúncios no blog, mas isto é mais caro. Assim, sinto
informar que o leitor pode ter de ver algum anúncio em meio aos textos.
Isso é para me dar mais foco para escrever e manter o blog mais simples
possível. Aos poucos, conforme o blog for crescendo (agora numa
plataforma mais profissional e com um propósito mais claro), eu posso ir
adicionando recursos, entre eles o fim dos anúncios. Espero sinceramente
que o leitor entenda. O que não quero é daqui a tempo cogitar cancelar o
blog por estar muito caro.

A seguir

O foco agora vai ser em migrar os textos antigos e produzir novos, com
resenhas de aplicativos e algumas reflexões sobre nossos hábitos. Não
quero me comprometer com uma agenda específica, por agora, mas pretendo
escrever pelo menos uma vez por semana.

E, mais uma vez, obrigado por ler FabioFortkamp.com.

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Resenhas de livros

Resenha: Subliminar

Há algum tempo, resenhei aqui O Poder do Hábito, um livro que
tenta mostrar como hábitos, ações automáticas que não envolvem nosso
pensamento, regem nossa vida. O livro é bom, mas eu reclamei da falta de
explicações científicas. O Poder do Hábito não é um livro que discute
o inconsciente, preocupando-se apenas em mostrar histórias.

Mas existe um livro científico sobre o inconsciente, e esse é
Subliminar, de Leonard Mlodinow.

Mlodinow também dá exemplos, mas eles são apenas argumentos em favor de
ideias científicas. Aprendemos, por exemplo, que pessoas praticamente
cegas são capazes de detectar emoções nos rostos das pessoas; a evolução
nos treinou a usar o máximo poder cognitivo para processar rostos de
outros humanos, uma habilidade imprecindível numa espécie social.
Aprendemos também que, para poupar energia, o cérebro “fabrica” imagens
e lembranças; com o rápido movimento dos olhos produzindo imagens
borradas, restam lacunas que o cérebro tem de preencher. Fato semelhante
acontece com a memória, que não é, segundo pesquisas recentes, um
arquivo de computador intacto dentro de nossa cabeça. Memórias podem ser
plantadas, e vítimas de estupro podem reconhecer o algoz errado. Nem
tudo de que nos lembramos aconteceu.

A premissa do livro é clara: o inconsciente nos domina. Grande parte das
nossas ações não são controladas por nós. Mlodinow, um cientista por
formação, faz questão de provar cada ponto, e exibir seus argumentos com
claridade. Além disso, o fato do autor ter formação em Física, uma área
estrangeira ao tema do livro, nos faz pensar que estamos aprendendo
neurobiologia com ele.

(Mlodinow ter sido colaborador no roteiro de MacGyver também
não é ruim.)

O livro tem duas partes; na primeira, mais curta, o autor discute a
alternância de ações conscientes e inconscientes (e como, afinal, se dá
essa troca). A colaboração entre mecanismos é que governa nossa
complicada atividade cerebral.

A segunda parte tem foco no aspecto social: como vivemos em sociedade de
maneira subliminar. Um dos exemplos sensacionais envolve uma pesquisa de
Harvard onde um grupo de mulheres asiáticas fez um teste de matemática,
depois de responder um questionário. Um grupo respondeu perguntas sobre
sua origem, enfatizando o fato de serem asiáticas (e portanto “boas em
matemática”), outro respondeu perguntas sobre temas femininos (e
mulheres, segundo o estereótipo, são “ruins em matemáticas”), e um
terceiro grupo, de controle, respondeu perguntas neutras. Surpresa: as
mulheres que foram induzidas a se ver como asiáticas foram melhores que
o grupo de controle, que foi melhor que o grupo que se indentificou
apenas como “mulheres”. Conclusão: mulheres que vivem numa sociedade que
diz que ciências exatas é coisa de homem inconscientemente são afetadas
pelo preconceito.

Subliminar é muito bem escrito, tem muitas histórias interessantes (e
com referências) e faz você pensar. Você deve ler.

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Artigos

Simplifique sua vida: Introdução

Eu tenho uma vida razoavelmente simples. Moro com minha família, faço
mestrado em engenharia, tenho uma vida social razoável, dirijo um carro
simples (embora não goste de dirigir), gosto de ler e de manter este
blog. Não tenho emprego, não preciso sustentar uma casa, tenho poucos
compromissos e quase nenhuma responsabilidade.

Ainda assim, eu me sinto como se minha vida fosse complicada. Meu quarto
frequentemente está bagunçado. Muitas vezes tenho dificuldades de
gerenciar minhas tarefas no mestrado. Quando quero encontrar uma
informação (mesmo algo banal como o nome de um livro que vi e quero
comprar agora), nem sempre sei onde procurar. Perco muito tempo nas
redes sociais. Parece que minha lista de textos no meu leitor RSS não
termina nunca. Compro presentes em cima da hora. Quando tenho algum
compromisso, chego mais atrasado do que gostaria. Demoro muito tempo
entre acordar e sair de casa, pela manhã. De noite, quando sinto que
poderia fazer algo de bom (como escrever algo para este blog), parece
que o tempo voa. Não me sinto informado sobre o Brasil e o mundo.

É claro que muito disso é minha falta de organização, mas meu ponto aqui
é outro. Viver é complicado (e de novo, eu enfatizo que sei que minha
vida é muito menos complicada que a da maioria das pessoas). O excesso
de informação e de coisas para fazer, mesmo as mais mundanas, nos
sobrecarrega e nos tira tempo para fazer o que de fato gostamos ou
precisamos fazer. Por que perco tempo no Twitter e no Facebook em vez de
escrever? Por que, quando estou com minha namorada, fico preocupado com
meu mestrado? Por que fico passivamente lendo textos de blogs em vez de
avançar na minha lista de livros? Por que “não sei onde está aquele
documento” é mais frequente que “claro, está aqui comigo”? Por que
sempre tenho de procurar a mesma informação, em vez de ter um sistema
que organize isso de maneira eficiente? Por que os dias parece que não
rendem?

A matemática é simples: os dias duram 24 horas, em média. Para você ter
tempo de fazer o que quer, precisa eliminar tarefas. De maneira
semelhante, a nossa atenção, a nossa força de vontade, a nossa
concentração são recursos limitados. Para nos concentrarmos naquilo
que interessa, precisamos livrar a nossa cabeça de coisas supérfluas.

Precisamos simplificar nossa vida.

Minimalismo

Não consigo me lembrar de como cheguei ao Zen Habits, o blog sobre
simplicidade e minimalismo. Leo Babauta escreve bem e sobre coisas
relevantes: como simplificar, como ter tempo para as coisas que
importam, como cultivar hábitos bons. Falei há pouco de ter cuidado com
blogs, mas esse vale a pena.

Leo não é um grande teórico. É alguém que tinha seu emprego, sua
família, seus compromissos, e percebeu que sua vida não andava nos
trilhos: acima do peso, fumante, com dívidas, insatisfeito no emprego.
Resolveu mudar, simplificando sua vida ao máximo, e documentar o
processo em um blog. Leo não tenta nos ensinar de maneira autoritária:
ele relata suas experiências e nos propõe uma reflexão. O seu tom casual
com uma escrita simples e correta chamam a atenção.

O blog todo é cheio de textos muitos bons. Tem um, porém que é
imbatível: Simple Living Manifesto, um manifesto de 72 ideias para
simplificar sua vida. À medida que eu lia as ideias, percebi que podia
simplificar muito da minha vida. E percebi que essa lista não é mágica,
é apenas uma seleção de itens que tendem a nos tirar a atenção.

Resolvi tentar, e usar FabioFortkamp.com como canal de relatos.

Anunciando a primeira série de FabioFortkamp.com

A série Simplifique sua vida trará meu relato das tentativas de
simplificar a minha vida, baseado no manifesto de Babauta. Não vou
pegar os itens um a um e copiar aqui. Em vez disso, vou pegar as ideias
principais de Leo, agrupá-las segundo o meu raciocínio, contar a minha
implementação e relatar minhas experiências.

Recomendo ao leitor que leia o texto original (ou a versão
simplificada
, produzida pelo autor depois de críticas a uma lista
“minimalista” de 72 itens).

Aproveita para enfatizar que meus próximos textos não serão apenas sobre
isso. Gosto de tratar de temas variados neste blog.

Vamos simplificar.

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Notas do autor

FabioFortkamp.com 2.0

Bem-vindos à segunda iteração de FabioFortkamp.com!

O blog está completamente reformulado, tanto interna quando visualmente.
Esta mudança vai ser melhor tanto para mim quanto para os leitores.

Por que mudar?

O blog estava hospedado na plataforma Squarespace, que é descrita
como uma maneira fácil e rápida de construir sites bonitos – o que é
verdade. Você entra, paga uma taxa mensal, escolhe um template (e todos
são muito bonitos), e usa as interfaces para configurar o visual.

Qual o problema então? Falta de controle e de flexibilidade. O
Squarespace permite você mudar rapidamente a cor e a fonte dos textos,
adicionar páginas e posts, inserir imagens e vídeos. Porém, mudar a
estrutura interna é mais complicado.

Por exemplo, eu não conseguia mudar o idioma, convertar o “share” para
“compartilhar”. Da mesma forma, não conseguia mudar o formato da data
(que também estava em inglês). A mensagem do número de comentários era
impressa numa fonte muito maior – e eu não conseguia mudar. São pequenos
detalhes, mas que começam a me irritar.

Outro problema era na hora de publicar os textos. O Squarespace não tem
nenhuma API, nada que permita a algum serviço ou app se conectar a ele.
Então eu tinha que escrever o texto no meu computador, entrar no site,
logar, clicar no botão de “Add Post“, copiar o texto, escrever o
título, configurar o compartilhamento nas redes sociais. Esse processo
todo estava começando a me tirar a vontade de escrever.

“Por que você não escreve diretamente no site?”. Boa pergunta. Primeiro,
porque assim cada vez que eu quisesse escrever, eu estaria dependente de
internet. E segundo, que o editor online é lento, trava, e tem bugs
inexplicáveis (eu apago uma palavra e a linha inteira some).

Enfim, o Squarespace é bom para alguém que quer um site bonito, em
inglês, e só quer mudar coisas superficiais. Eu faço questão de ter mais
controle.

As alternativas

Eu procurei. Muito. A alternativa padrão é o WordPress, que vêm em duas
versões, uma já pronta, hosted, similar ao Squarespace (por
hosted eu quero dizer que toda a hospedagem é gerenciada pela própria
companhia), e outra para você instalar no seu servidor. Usando a
primeira, eu cheguei à conclusão de que acabaria com as mesmas
reclamações (falta de controle); a praticidade é grande, mas na hora de
mudar demais… Quanto à segunda, eu cheguei a instalar e estudar, mas
logo desisti. O sistema em si é uma bagunça; para mudar um detalhe tive
de mergulhar num mar de arquivos PHP. O WordPress, depois de muito
evoluir, é grande demais.

Procurei por sistemas mais novos (como o Statamic e o Kirby) e
mais tradicionais como o Typepad. Por algum motivo ou outro, ficava
insatisfeito.

Depois de muito filosofar, percebi que eu tinha duas prioridades:

  • um sistema simples de gerenciar
  • um sistema que me dê controle

Essas duas características são geralmente conflitantes e não é fácil
encontrar um balanço. Mas eu acho que consegui.

Powered by Jekyll

FabioFortkamp.com usa o sistema Jekyll. Como funciona? De
maneira muito complicada:

Este blog é uma pasta no meu computador, sincronizada com um servidor.

É isso que eu sempre quis. O Jekyll toma alguns arquivos de entrada,
especificando as características do site e os textos, e gera um conjunto
de arquivos HTML (a linguagem que os browsers usam). Essa pasta final é
então copiada para um servidor.

(Jekyll é o médico de O Médico e o Monstro, e ele suposta
transforma seu texto num monstro).

Qual o truque? É preciso entender de programação, para escrever os
arquivos de entrada e para fazer a transformação. Não existe nenhuma
interface onde você “clica para adicionar uma foto”, como em sistemas
maiores. Mas isso não é problema para mim. Embora eu não educação formal
em ciências da computação, em tive algumas disciplinas na faculdade,
sempre trabalhei com programação em projetos de Iniciação Científica,
trabalhei como programador na Alemanha, e trabalho com programação
todo dia para o meu mestrado. O modo de pensamento de Jekyll, de você
escrever alguns comandos e ele gerar o site, funciona para mim. No fim,
o custo de operar esse site, comparado com os benefícios de simplicidade
e controle, é muito baixo.

Para o leitor também tem um lado positivo. O Squarespace e o WordPress
guardam os textos num banco de dados, e geram páginas dinamicamente; a
cada vez que o leitor visita um post, o sistema pega o texto do banco de
dados e gera a página para visualização. O Jekyll é estático; quando o
leitor visita uma página, ela já está pronta (foi gerada por mim). Em
resumo: o blog tende a ficar muito mais rápido e leve de carregar.

Acima de tudo, é um desafio intelectual interessante manter um site
assim. O Jekyll é um sistema totalmente aberto e é possível entender de
fato como ele funciona. Vou aprender muito.

O tema que estou usando é o Scribble, com algumas mudanças minhas.
Em breve, colocarei minha versão disponível, se alguém quiser se
arriscar.

Mais mudanças

Já foi prometido, mas logo vou adicionar RSS e a opção dos leitores
receberem os posts por email. Também quero adicionar um campo de busca.
Aos poucos, esse site vai sendo construído (e totalmente por mim, o que
é melhor).

E, mais importante, publicar um texto se resumo a abrir um editor de
texto e dar um comando. Não seria surpresa se minha vontade de publicar
aqui aumentar.

Mais uma vez, caro leitor, obrigado por ler FabioFortkamp.com. O
leitor pode me contatar pelo Twitter e por email.

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Miscelânea

Querido Arthur

Querido Arthur,

Você e eu nos conhecemos tão pouco, mas talvez seja por causa da sua
pouca idade. Você mal fez nove meses; como esperar que me conheça?

Você, quando crescer, talvez não vai lembrar do domingo passado, Dia dos
Pais, 2013. Talvez agora já não lembre do domingo passado (eu realmente
não sei como é a memória de um bebê, Arthur). Mas eu me lembro. Você
estava no colo de alguém, e quando eu fui brincar com você, você quis ir
para o meu colo, e dali não quis mais sair. Passamos uma meia hora
juntos, talvez um pouco mais. E assim nos conectamos.

Veja, você é filho do meu primo, mas é mais que isso. Vamos centrar uma
árvore genealógica em mim. No topo estão meus avós, depois os seus
filhos (meus pais e tios), depois os netos, nível no qual eu e seu pai
estamos. Na próxima linha, só existe você. Ou seja: num universo
centrado em mim, você é a Próxima Geração. É o primeiro filho de um
primo meu, o primeiro sobrinho-neto do meu pai, o primeiro bisneto dos
meus avós. Você tem responsabilidade, Arthur, mas você dá conta.

No dia anterior ao Dia dos Pais, perdemos alguém muito próximo à nossa
família, uma pessoa muito querida que vai fazer falta. Ficamos todos
tristes. Mas quando você chegou… todos riram. Você faz todos rirem.
Você faz os seus bisavós (meus avós paternos) rirem como eu nunca vi.
Você despertou um lado no seu bisavô que eu não conhecia; no meu colo,
você brincou com ele, riu quando ele se escondeu atrás de mim (e logo em
seguida reapareceu). No meu colo, você sorriu quando a sua bisavó falava
com você, e fez ela sorrir também, um sorriso de felicidade pura, de ver
a Próxima Geração (a quarta, a partir dela). Você tem esse efeito.

Juntos, passeamos pela casa na qual seu avô (meu tio) e seu tio-avô (meu
pai) cresceram. Nós tocamos as folhas do jardim, cheiramos as flores,
observamos a terra. Você fazia uma cara de espanto a cada nova sensação,
e, claro, queria tocar tudo! Subimos no segundo andar da casa e vimos o
quintal de cima (será que você já viu o mundo de tão alto, Arthur?).
Exploramos a coleção de discos da sua bisavó (que pena que não chegamos
nos livros.) Eu lhe segurei para você tentar andar pela casa.

Pode parecer tolo, Arthur, mas acho que lhe ajudei a explorar o mundo.

Muito já se fala no seu futuro (claro, porque, como falei, você é o
futuro da nossa família). Querem saber o que você vai ser, como vai ser.
Não se preocupe com nada disso, Arthur. Apenas seja. Continue fazendo o
que você já faz, trazendo alegria. Nós sempre precisamos.

Um beijo,

-Fábio

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Resenhas de livros

Resenha: O Poder do Hábito

Por que você escova os dentes todo dia?

Você gostaria de pensar algo do tipo: “eu me preocupe com minha saúde
bucal, por isso assim que saio da mesa eu ponho um pouco de pasta de
dente na escova e escovo do jeito que o dentista ensinou”. Para você, é
uma ação completamente racional.

Não funciona assim. Você acaba de comer e vai escovar os dentes sem
pensar
. É um hábito, uma ação já programada no seu cérebro, nas regiões
mais primitivas; você não tem controle.

O jornalista Charles Duhigg investiga essas ações automáticas em O
Poder do Hábito
, um relato de casos famosos que contribuem para
nosso entendimento do assunto.

Do tabagismo aos protestos

A grande ideia do livro é conectar três diferentes níveis de agrupamento
(um indivíduo, uma organização e uma sociedade) sob uma mesma ideia; o
livro em si segue essa divisão em três partes. Todos já ouvimos falar de
pessoas que pararam de fumar voluntariamente, de empresas que quase
foram à falência e de protestos que começam “do nada”; o grande ponto de
Duhigg é dizer que todas estas situações são frutos de hábitos.

Na primeira parte, vemos exemplos individuais, com o objetivo de explicar
a estrutura do hábito. O modelo proposto é o do loop do hábito,
composto de uma deixa, uma rotina, uma recompensa e um anseio. O
autor nos mostra exemplos de pessoas que tiveram danos cerebrais, e
ainda assim mantém os hábitos básicos (um paciente era incapaz de
indicar o caminho da cozinha de casa, segundos antes de ir lá buscar um
pote de biscoitos). Fala dos Alcóolicos Anônimos e seu programa de
mudança de rotinas. De como publicitários com conhecimentos de
psicologia (e do loop do hábito) estão nos fazendo ter o hábito de usar
pasta de dente (e como ainda não conseguiram fazer o mesmo com protetor
solar).

A segunda e a terceira parte são mais interessantes. Num capítulo de
leitura obrigatória, fala de como as empresas estão monitorando nossas
tendências de compras (spoiler alert para as mulheres: algumas
empresas estão estimando o seu ciclo menstrual para enviar os anúncios
certos no período certo). De como os médicos renomados ainda falham nas
cirurgias mais triviais, porque o hospital adquiriu maus hábitos de
falta de controle. De como a Starbucks se tornou o que é ao treinar os
funcionários a tratarem os clientes automaticamente, mimando os que
estão de bom humor e lidando com os desagradáveis.

No capítulo final e dedicado a polêmicas, Duhigg nos questiona o que
fazer quando os hábitos (ações inconscientes) de alguém leva ao
assassinato.

Uma grande reportagem

O livro é bom, não vou negar. A minha decepção particular é que, talvez
por falta de pesquisa, eu esperava um livro científico, um guia de
como mudar hábitos. O Poder do Hábito é uma grande reportagem, um
livro de história. Embora haja explicações científicas e um apêndice com
dicas sobre mudança de comportamento, esse não é o foco.

Porém, como falei, isso não desqualifica o livro, é apenas fruto de uma
concepção minha. Duhigg, sendo jornalista, escreve muito bem e sabe
conectar as histórias. Portanto, mesmo que você não aprenda nada de
prático, há muita informação interessante (e você pelo menos vai
questionar os seus hábitos).

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Artigos

Como a tecnologia ajuda

Deixe eu contar aos leitores uma pequena história.

Quando eu estava na Alemanha, trabalhando em um instituto de pesquisa em
Refrigeração, um certo dia meu chefe me pediu ajuda para carregar um
refrigerador para fora do prédio. Um caminhão o levaria de volta à
fábrica, depois de ser testado em laboratório. O refrigerador era pesado
e alto, o que fez com precisássemos sustentar o seu peso inclinado, e o
nosso instituto tinhas muitos corredores. Nós (e não éramos apenas eu e
meu chefe) suamos para conseguir levar para fora.

Quando chegamos lá, o motorista do caminhão posicionou os braços de um
robô embaixo do refrigerados, apertou um botão, e o robô tirou o
aparelho do chão e o posicionou no lugar certo. O motorista não suou
nada e provavelmente riu da nossa cara de cansaço. A cena toda durou
meia hora (a parte do robô durou uns 30 segundos) e aconteceu em 2011.
Ainda assim, ela não sai da memória, como um perfeito lembrete do papel
da tecnologia do mundo.

Acostumamo-nos a falar da tecnologia de forma superlativa. Falamos de
como a tecnologia mata, dos milhões de dólares gastos em desenvolvimento
de armas, de como os engenheiros estão destruindo a natureza (apesar de,
na formatura, jurarmos defendê-la), dos milhares de desempregados
produzidos pela industrialização.

Ou então falamos das maravilhas do mundo moderno, de processadores
várias ordens de grandeza mais rápidos que os de uma década atrás, da
mágica da computação gráfica que vemos no cinema, de como viagens aéreas
se tornaram banais, de como trocamos mensagens instantâneas com alguém
em outro país.

O que não vejo ninguém falar é de como a tecnologia nos ajuda no dia a
dia. Ninguém se lembra da equipe de engenheiros e designers que criou um
simples dispositivo que levanta cargas, e ainda assim eles resolveram
um problema
. Ou quando falamos da “tecnologia” como muitas pessoas as
vêem – como apps, carros, filmes – é sempre com uma lista de features
e adjetivos que as propagandas nos empurram: é mágico, é incrível, é de
última geração, é de design italiano. É ótimo, mas isso faz o quê?

Nem luxo nem lixo

Os smartphones estão sempre em voga e por isso não posso deixar de
usá-los como exemplo. Quando vejo alguém discutir a compra de
smartphone, eu vejo 3 conclusões principais:

  1. Eu quero o mais barato, porque celular é para falar
  2. Eu quero um iPhone, porque todos os outros são uma bosta
  3. Eu quero um Galaxy, porque Apple é muito coisa de filhinho de papai

Se você não se interessa por tecnologia, ou não tem dinheiro, ou
realmente só quer um telefone, não vejo porque não comprar um mais
barato. Mas um smartphone não necessariamente é um luxo supérfluo; ele
permite a você tirar fotos e imediatamente mandar para alguém
(melhorando as comunicações), poder responder um email ou ler um livro
na fila do supermercado, ter todo o mapa detalhado de um país no seu
bolso etc. Se você tem dinheiro disponível, compre um, mas não faça a
sua escolha de maneira leviana; deixe a briga Apple-Samsung para os
tribunais. Veja as especificações de cada aparelho, a oferta de
aplicativos, o design que mais lhe agrada. Imagine como ele vai lhe
ajudar.

De que adianta uma tela retina, com resolução infinita, em um tablet
usado para acessar o Facebook?

E aquela geladeira nova, é um completo desperdício de dinheiro? Ou a sua
atual não está gastando tanta energia que a compra na verdade vai ser
uma economia?

E aquela máquina de lavar que tem secadora embutida? Bem, ela é bem mais
cara que todas as outras, mas você lava a roupa de toda a sua família e
está gastanto mais tempo fazendo isso que vivendo a sua vida.

Isso é o que penso da tecnologia. Nem luxo e nem lixo, mas com um
propósito.

E você, leitor? Como a tecnologia ajuda no cotidiano?

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Miscelânea

A vida deles com Alice

Vivemos num mundo intolerante. Nós, brancos, de classe média,
heterossexuais, odiamos aqueles que são diferentes por perturbarem o
nosso mundo. Odiamos os gays por “tentarem destruir a família
brasileira”, os religiosos por “enganarem a população”, os ateus por
“pregarem o mal”, os pobres por “sugarem os nossos impostos com o
Bolsa-Família”, os ricos por “explorarem a classe trabalhista”, os
negros por… não sei por quê, mas tem gente que ainda os odeia.

É um mundo de ódio e de hipocrisia. E parece que estamos piorando.

Mas nada se compara à situação de pessoas com necessidades especiais.

São pessoas que nasceram com alguma diferença genética, ou que sofreram
algum tipo de acidente. Na maior parte das vezes, não é culpa deles, e
ainda assim os odiamos. Reclamamos do excesso de vagas reservada para
eles no shopping. Tiramos sarro da menina que usa a linguagem de sinais
nas propagandas oficiais. Sentimos vontade de enganar o cego. Reclamamos
quando o ônibus demora muito tempo para que algum cadeirante possa
subir. Chamamos alguém de autista como xingamento.

E sentimos pena quando algum amigo tem um filho com necessidades
especiais.

Eu nunca tive nenhuma experiência desse tipo, nem com pessoas próximas
de mim, então não consigo nem imaginar o que é ter de lidar com isso. É
um desafio duplo: você tem de lidar com a situação em si e com a reação
das pessoas a ela. Da cara de pena, da cara de nojo disfarçada, da cara
de “ainda bem que não foi comigo”.

Quando alguém passa por isso e opta por compartilhar coisas boas, só
podemos sentir alívio. Alívio de que ainda existam pessoas assim.

Num mundo tão intolerante, é iluminador ler algo como o Nossa Vida com
Alice
.

Eu cheguei a esses blogs (o que eu indiquei e o que vocês estão lendo
agora) por causa da avó da Alice. A Soninha, além de ser provavelmente a
melhor professora de literatura do Brasil, foi a pessoa que mais elogiou
e incentivou a minha escrita. Constante e continuamente. Chegou um ponto
em que eu queria escrever apenas para mostrar para ela (e ela
provavelmente não sabe disso).

Sem o elogio de alguém que estuda os melhores livros por profissão,
talvez FabioFortkamp.com não tivesse nascido.

Não tenho medo de dizer: foi um choque descobrir que a neta dela (e
claro que ela falava das filhas nas aulas) nasceu com Síndrome de Down.
Quem não se espantou?

Aos poucos, porém, acompanhamos a luta. Sejamos realistas: ter um filho
com Síndrome de Down é difícil. Logo a Carol (a mãe da Alice, e filha da
Soninha) resolveu começar a compartilhar suas experiências. Ler aquele
blog me dá um senso de realidade, um senso de tamanho dos meus
problemas, um senso de alegria.

Não é querer se mostrar. É querer enfrentar o preconceito. É muito fácil
dizer que lutamos sem fazermos algo de fato. E ela faz. A escrita dela
clarifica, sem borboletas voando e arco-íris permanente. Ela escreve
sobre o desfio diário, o acompanhamento médico, a rejeição das escolas,
as alegrias de ser mãe, as risadas do bebê, os choros da mãe.

Você deveria acompanhar. No mínimo, para ter menos preconceito.

Boa sorte, Carol.