— Fábio, deixa eu te apresentar o Fulano, acho que vocês podem ser bons
amigos.
— Olá, tudo bem? Eu sou o Fábio.
— Prazer, Fábio, eu sou o Fulano. Fale-me mais de você.
Se eu fosse “normal” como a grande parte da população, eu poderia
responder:
— Eu sou engenheiro mecânico.
Ou então, de maneira um pouco mais realista:
— Eu sou estudante de mestrado.
Uma vez, li em algum lugar (e infelizmente vai ser impossível achar a
fonte) que definir quem você é pela sua profissão é querer se
rebaixar. Sim, eu tenho um diploma de engenharia, e sim, eu faço
Mestrado e um dia (espero) ser Mestre em Engenharia. Mas isso não me
define, e nem é o que eu faço da vida. Eu não sou “Fábio,
engenheiro”. Eu sou “Fábio, aquele cara que… E ah! Além de tudo tenho
um diploma de engenheiro”. É apenas uma das minhas atividades atuais.
Daqui a alguns anos, quando eu não for mais estudante, como vou me
explicar? Vou ter de mudar de história? No momento em que eu receber o
diploma de Mestre vou mudar completamente? Vou de “Fábio, estudante”
para “Fábio, desempregado”?
Não sei explicar por quê, mas, ultimamente, ando eu mesmo me fazendo
essa pergunta. Eu estou fazendo mestrado em engenharia. Tenho uma
namorada, tenho amigos, tenho uma família.
E além disso, quem sou eu?.
Quando eu morrer, como as pessoas vão se lembrar de mim? Se for como
“Fábio, engenheiro”, observe quão pequeno foi meu impacto na vida das
pessoas.
Imagine o seguinte: você está com a vida social perfeita. Casou-se com a
pessoa amada, tem filhos maravilhosos, a família vem visitar sempre, os
amigos estão por perto. Aos 20 anos, você ganhou na loteria, ou herdou
um bom dinheiro, fez investimentos certeiros, algo do tipo. Ou seja,
você não precisa se preocupar em ter um emprego. O que você faz?
Você quer passar os dias vendo novela?
Ou vai se dedicar a uma caridade?
Ou vai realizar um sonho?
(Por falar nisso, qual o seu sonho mesmo?)
Ou vai comemorar de poder oficialmente matar o dia no Facebook?
Ou vai viajar até morrer?
Ou vai abrir um restaurante?
Ou vai escrever um livro?
Pense nisso. O que você realmente gosta de fazer? O que lhe define? Qual
o assunto sobre o qual as pessoas conversam e automaticamente lembram de
você? Algo do tipo “vi um filme e lembrei do João porque ele sempre
conversa sobre isso”.
Eu? Sinceramente não sei.
O que eu sei é que, sem isso, de nada adianta discutirmos muitos
assuntos que já apareceram por aqui. Sim, já falei da necessidade de
estudar produtividade; mas estudar produtividade para alcançar o
quê? É necessário discutir o uso de um computador, para que ele nos
ajude a fazer o quê?
Vou continuar em busca da resposta a “quem sou eu?”.
Enquanto isso, fale-me mais de você.