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Estudando para concursos de Professor Universitário (sem ter muito tempo, já que já sou Professor Universitário)

O título ridiculamente longo expõe um problema complexo e que muitos doutores enfrentam: como ter tempo para estudar para um concurso de Professor Efetivo de Ensino Superior, enquanto você já é Professor ou Professora (em alguma posição ou universidade da qual você queira ou precise sair por motivos de contrato) e dá muitas aulas e tem todos os compromissos relacionados.

Eu nunca fui aprovado em um concurso para professor efetivo, então não tenho uma receita do sucesso, mas só quero compartilhar como eu estou fazendo: tentar mesclar a rotina de estudo e de preparação de aulas ao máximo.

Por exemplo: enquanto escrevo isto, amanhã tenho de ministrar uma aula de Refrigeração sobre o assunto de trocadores de calor. Estou incrito em um concurso onde o tópico “trocadores de calor” não está presente, mas onde “escoamento em tubos”, uma parte importante de entender o funcionamento de trocadores de calor, é um dos pontos da prova escrita. Então, em vez de simplesmente preparar um PowerPoint para a aula, posso aproveitar para revisar o livro-texto apropriado e me aprofundar mais na teoria e na matemática, mesmo que isso não seja necessário para a aula em si. Com isso, a minha aula fica mais completa e bastante back to basics (na minha experiência, nunca é demais tomar os minutos iniciais para revisar o “básico”…). O estudo alimenta a preparação de aulas. A cada aula, eu reflito: o que posso estudar que vai me ajudar?

O processo é reversível: ao preparar uma aula sem pensar explicitamente nos concursos, eu me dou conta de aplicações de alguns dos pontos, ou encontro uma nova maneira de falar isso em uma Prova Didática; ao ministrar as aulas, eu percebo as dificuldades comuns. Todas essas impressões são anotadas no meu BuJo.

Professores que lêem este blog: como foi/é a preparação de vocês para concursos?

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Risco e recompensa ao escolher um livro de Engenharia

Em The Millionaire Fastlane, MJ DeMarco faz um paralelo entre três abordagens para enriquecer. Não vou detalhá-las aqui, e o livro é de leitura interessante (embora algumas partes me irritem), mas a ideia é que, ao passar de um nível para outro, seu risco cresce um pouco mas as recompensas crescem de maneira acelerada, de maneira que não faz muito sentido outra coisa a não ser escolher a “via rápida de se tornar milionário” (na visão do autor).

Eu estou, no momento, estudando bastante para um concurso para Professor na área de Mecânica dos Fluidos, e ao comparar 3 opções clássicas de bibliografia fiquei pensando que essa analogia, esta comparação entre risco e recompensa, serve para escolher um livro adequado.

Eu já falei aqui do meu amor pelos livros do Çengel. Para mim, são os livros melhor produzidos do mercado, e o de Mecânica dos Fluidos é assim: o texto é fluido, as imagens são muito didáticas e de qualidade, a quantidade de informações disponíveis é ampla… mas são livros fáceis, que não me forçam a navegar no desconhecido.

O outro extremo é o livro provavelmente mais famoso da área, de Fox et al. É um livro difícil, chato de ler, confuso na explicação, com exercícios que fritam o cérebro. Eu nunca gostei.

Pessoalmente, tenho estudo pelo livro do White. Embora talvez não seja tão profundo e desafiador quanto o do Fox, é imensamente mais didático, de maneira que não faz sentido; você consegue de fato avançar na leitura e nos exercícios. O pequeno aumento do risco de não ser tão completo quanto o outro é mais que compensado pela sua didática.

A leitora também tem de lidar com escolher livros de níveis diferentes para uma mesma área?

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Acompanhando a evolução de franquias de mídia (ou: se importando com o que não parece importante)

Não vai surpreender ninguém que me conhece que dois dos projetos no meu Trello são esses:

Eu me propus a assinar o Disney+ e assistir os filmes do Marvel Cinematic Universe na Timeline Order, i.e. na ordem da história e não de lançamento. Por exemplo, o segundo filme é Capitã Marvel (que eu achei mediano), que foi lançada há poucos anos mas se passa na década de 90. Eu encaro isso com seriedade e sob a ótica da “produtividade”justamente para escapar de pensar sobre engenharia e aprendizado de máquina. Meu psiquiatra dizia que uma vida saudável requer hobbies, e que um hobby é diferente de lazer; você precisa de fato mergulhar e se importar com as coisas.

Quando se mergulha numa franquia assim, é interessante observar como se dá a sua evolução. Os primeiros filmes para mim são claramente sobre salvar a Terra e a humanidade, com a formação dos Vingadores e sua batalha contra Thanos. Depois de Vingadores: Ultimato, porém, essa história cessou e passou a ser sobre consequências. Os Eternos mudaram a história da Terra e agora têm responsabilidade sobre o estado atual. Os filmes novos do Homem-Aranha são sobre ser jovem demais e poderoso demais. um arco narrativo.

Outra franquia que consumo bastante, principalmente cozinhando como ruído de fundo é Two and a Half Men. As primeiras temporadas são uma comédia clichê sobre ser um (mau) homem, envolvendo carreira, mulheres, família, sucesso, mas a partir da 6a temporada é simplesmente uma série sobre sexo.

Não quero me fingir de crítico de cinema, e quero deixar claro que quando sento deito para assistir um filme (em pedaços de 40 minutos, já que sou pai) não tento analisá-lo intelectualmente ; só quero apontar que, quando você de fato presta atenção, acaba descobrindo coisas que não aparecem se você não se importa.

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Lendo livros de que você discorda

Talvez seja a inflação, mas ando obcecado por livros sobre carreira e finanças, e estou praticamente lutando contra três livros de contextos muito diferentes – e quando eu digo lutando, eu estou quase no ponto de gritar sozinho bem alto para ver se os autores ouvem.

Como estudar para concursos:você deve deixar uma foto de algo que você queira comprar quando passar no concurso dos sonhos; eu tinha uma foto de um carro”

Eu: “passar em um concurso = vencer na vida = ter um carro esportivo? É isso a vida?”

The Millionaire Fastlane: “trabalhar e ir para a faculdade é coisa de idiota. Todos são idiotas. Você, leitor, provavelmente é um idiota que investe em ações. Eu sou rico porque não trabalho, não me importo se esse livro não vender nada porque não preciso, só quero saber de dirigir meus carros esportivos”.

Eu: “mas que diabo de masculinidade é essa que diz que certificado de sucesso é carro adesivado? Se eu ganhasse muito dinheiro, eu compraria todos os gadgets possíveis alguma coisa racional e estável, como uma casa para ver minha família crescer.”

Your Money or Your Life: “você precisa contabilizar cada centavo que você já ganhou na vida para ter um retrato preciso da sua riqueza; precisão é honestidade“.

Eu: “por favor, eu sou engenheiro; precisão demais é trabalho, tempo e dinheiro desperdiçados”.


Mesmo assim, eu sigo lendo os livros, justamente porque eles me forçam a pensar, mesmo sobre o que eu discordo. Eu estou estudando para alguns concursos, mas encaro como um degrau na carreira e não como a linha de chegada, e se eu melhorar em 1% minha técnica de estudos está ótimo. Eu sei que trabalhar e investir não é receita de sucesso, é preciso empreender, e eu quero aprender a fazer isso. E eu não quero contar os centavos que ganhei no passado, mas quero sim ser mais intencional sobre os que eu ganho e gasto no presente e no futuro.

Há muitos anos li algum artigo em alguma revista (provavelmente a Veja) uma opinião de algum intelectual que à época devia ser famoso no Brasil, reclamando da popularização do mercado de livros de auto-ajuda, porque “livros são para causar desconforto”. A leitora concorda?

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Melhorando minhas aulas em 1 %

Como posso deixar minhas aulas 1% melhor a cada semestre?

Cada disciplina tem sua realidade. No meu curso de Transferência de Calor e Massa I, por exemplo, estou decidido a mostrar como poder resolver problemas usando Python, pensando de maneira inteligente sobre a computação:

Em 2022 eu estou, na medida do possível, colocando minhas notas de aula online; aqui está por exemplo a página onde resolvemos os problemas de convecção acima. Trazer ferramentas computacionais modernas para o curso de Engenharia Mecânica e deixar isso documentado.

A leitora acha que isso é uma melhoria suficiente? O que o leitor acha de ter uma “página de notas de aula assim”? Os leitores querem saber como construo essas páginas?