Quando ele não tem valor para você.
Valor é uma dessas expressões que de tão repetidas, em toda parte, perdem um pouco o sentido. No submundo da gestão, fala-se muito em definição de valor, sem precisamente explicar o que é (em termos simples, pelo menos). Para mim, valor é simplesmente o que importa.
Neste último final de semana, minha esposa e eu estivemos envolvidos em um acidente de carro. Nada grave, ninguém se machucou, mas o nosso carro estragou um pouco. E aí vem aquela sequência de processos: ir atrás de seguro, fazer orçamentos, tirar tempo de outras coisas para lidar com essa emergência. Como o estrago foi mais que um simples amassado, fui primeiramente na Concessionária fazer um orçamento. Quando veio o valor, muito maior que o esperado, na hora resolvi pagar de modo particular e resolver isso. Por quê?
Porque o carro não tem valor para mim. É só um objeto, que precisa ser arrumado. Apesar de ser Engenheiro Mecânico, eu não me interesso por carros, não gosto de dirigir, e encaro tudo relacionado a isso como mera utilidade.
Eu poderia fazer diferente. Poderia rodar toda a cidade atrás de mais oficinas, poderia voltar para casa com aquele orçamento e verificar como pagar através do seguro. Poderia otimizar minuciosamente o custo.
Mas o que se passou na minha cabeça naquele minuto depois que o vendedor entregou-me o orçamento foi o seguinte raciocínio: minha vida é bem boa. Eu e minha esposa temos um estilo de vida saudável. Vamos a pé para nossos trabalhos. Eu amo cozinhar, e preparo refeições quase todo dia para que tenhamos uma alimentação boa sem precisar pedir comida ou ir a restaurantes. Como lazer, vamos à praia ou a algum show ocasionalmente. Recebemos amigos e nos encontramos com nossa família. Minha vida já está otimizada em muitos aspectos; para esse problema em questão, do carro necessitando de conserto, já que eu não dou valor a ele, e já que graças a Deus temos reservas muito maiores que o valor do conserto, eu vou abrir mão da otimização e optar pela conveniência. Vou deixar o carro aqui, agora, e vê-lo arrumado ao fim da semana.
E esse é mais um capítulo do meu ano da intencionalidade. Uma decisão baseada não em apreensões e ansiedades, mas com reflexão, ponderando o que é importante para mim.
O leitor acha que fiz errado?