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Lidando com Depressão

“Eu não tenho dúvidas de que você é uma pessoa doente.”

Quando você vai a um médico, até espera ouvir que está doente , posto que ir ao médico com a certeza de não ter nada é uma perda de tempo. Mesmo assim, ouvir essa frase, e de um médico psiquiatra ainda por cima, causa certo impacto. Estava acostumado a lidar com gripes, infecções, inflamações. Tudo isso é palpável, cotidiano, fácil de lidar. Mas quando você descobre que seu cérebro está doente, que a sua própria maneira de pensar está desajustada, o que fazer?

Os sintomas foram se acumulando: crises de choro, pensamentos negativos intrusivos (sem conseguir pensar em outra coisa que não morte e doenças), irritabilidade em excesso, insônia, tensão muscular, pessimismo exarcebado.

De repente, frente àquela pergunta do médico se eu sentia prazer na vida, a resposta vinha rápida: Não. Eu mesmo já tinha pensado que se eu morresse, não seria a pior coisa do mundo.

Ainda bem que eu estava ali.


O diagnóstico: Transtorno de Ansiedade Generalizada e Depressão.

A causa? Difícil precisar. Através da Terapia Cognitiva, aprendi a me conhecer melhor e a evitar gatilhos para a ansiedade. Eu percebi que, durante toda a minha vida, acostumei-me a ser cobrado a sempre fazer mais; adquiri a mentalidade de que erros são catastróficos e vergonhosos, e é melhor sempre guardá-los para mim; e incorporei a visão de que, se algo não sai como eu planejava, é porque tinha dado muito errado.

Tudo isso foi se formando na minha mentalidade, ao longo da minha infância, sob influência do meu ambiente familiar e das várias pessoas que conviviam comigo. E agora, aos 30 anos, é hora de consertar a minha visão de mundo.


Agora estou bem. Estou medicado, estou fazendo terapia, casei-me com o amor da minha vida, e nunca larguei da mão de Jesus para me ajudar a passar por isso. Para mim, esses são os quatro pilares fundamentais para lidar com depressão:

  1. Tratamento clínico
  2. Terapia
  3. Apoio da família
  4. Vivência da espiritualidade

Se você se identifica com essa história, ou conhece alguém assim, eu vou ser mais um que fala: a depressão não é chatice, não é tristeza, não é uma fase — é uma doença.

Vejo que é comum ter preconceitos contra remédios psiquiátricos, como se fosse uma solução mágica. Eu gosto de pensar nos anti-depressivos como “desengatar o freio de estacionamento”. Antes de ir no psiquiatra, eu já estava fazendo terapia, orava constantemente, tinha ajuda da família. Mas era como um carro com o freio de mão engatado; por mais que empurrasse, não ia para frente. Começar um tratamento com medicamentos me libertou; agora, eu posso usar todos esses apoios e retomar o controle da minha vida. Com o tempo, vou também aprender a manejar eu mesmo o freio de mão.

Meu maior conselho: não hesite em procurar ajuda. Vá num posto de saúde e procure encaminhamento. Procure psiquiatras que atendam pelo seu plano de saúde; e se ele não estiver ajudando, procure outro (foi o que fiz). Em último caso, procure um psiquiatra particular e tire dinheiro de outra fonte — tire da poupança, pare por um tempo com algum gasto recorrente. Se você perdeu o ânimo para viver, isso é uma emergência.

Não é normal se sentir miserável o tempo todo. Não é normal viver numa correria eterna. Não é normal passar o dia de hoje preocupado com o amanhã. Não é normal tratar os outros com raiva.

O normal é ser feliz.

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Por Fábio Fortkamp

Pai do João Pedro, Marido da Maria Elisa, Professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Estado de Santa Catarina, católico devoto, nerd

11 respostas em “Lidando com Depressão”

Que bom que está bem! Adoro seus textos. O importante é ser feliz! Parabéns pelo casório! =)

Tem uma música que eu acho bem legal que fala “mas há de vir tempo bom aliviando essa dor, pois quem cultiva a esperança rega em seu peito uma flor”.

Que bom que esse tempo bom tá chegando pra você, te trazendo mais saúde, equilíbrio e felicidade! Fé e esperança sempre e força pra continuar batalhando e colhendo flores pelo caminho. Tu é um cara que eu admiro e, de alguma forma, me inspira.

Oi Fabio! Parabéns pela coragem e força (e pelo casamento). Eu diria que o normal é ser feliz. E triste. E ter um pouquinho de raiva. E dai ser feliz de novo. E daí ficar com um pouco de medo. E depois… (hehehe, já viu DivertidaMente?É um filme muito bacana sobre isso). Muito bacana a foto no rio. Abraço,

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