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Notas do autor

Uma necessidade de escrever

Eu acho que tinha 15 anos quando li esse poema de Paulo Leminski,
onde ele diz que escreve porque precisa. Escreve porque as estrelas no
céu lembram letras no papel.

Bem, meus amigos, eu preciso escrever.

Por acaso, eu me formei em Engenharia Mecânica, uma profissão
frequentemente descrita como “útil”. Você sabe, todo mundo precisa de um
carro, um refrigerador, um eletrodoméstico, entâo você não pode duvidar
da utilidade dos engenheiros mecânicos. E, rapaz, como nos gabamos
disso. Geralmente vemos a sociedade como dividida em dois grupos:
aqueles como nós, necessários (médicos, advogados, arquitetos,
contadores), e os que não são. Estes são os artistas, escritores,
historiadores, filósofos. O problema é que, antes de termos carros,
tínhamos Sócrates. Antes de termos refrigeradores, tínhamos Shakespeare.
Antes de James Watt e da Revolução Industrial, humanos estavam cantando,
e escrevendo, e pintando. E eles fazem isso, nós fazemos isso, porque
nós precisamos. Precisamos nos expressar. O cérebro humano evoluiu tanto
que criou a arte e a ciência. É fascinante que a mesma espécie que
inventou o Cálculo e a Teoria Quântica também preencheu o Louvre.

Ler sempre foi uma parte importante da minha vida. Sabe, eu era um
garoto extremamente tímido. Agora sou só tímido. Eu realmente gosto de
me enterrar naquelas letras que vejo nos livros, aquelas histórias
incríveis, de super-heróis ou advogados comuns. Parecia tão mágico que
alguém, alguém como eu, pudesse ter escrito uma dúzia de palavras, e
então eu pudesse ir a uma livraria e ver um livro com o nome dessa
pessoa na capa. Como disse (melhor, escreveu) Stephen King na sua
maravilhosa auto-biografia, escrever é uma forma de telepatia. Agora
mesmo, você está lendo essas palavras, minhas palavras, e nós
estamos tendo uma conversa sem nem mesmo estar na mesma sala.

Como usual, com a leitura vem o desejo de escrever. Para ser bem franco,
quando criança eu só queria meu nome na capa, e eu orgulhosamente
confesso que entrar numa livraria e ver meu nome na capa de um livro é
presentemente o meu maior sonho. À medida que fui ficando mais velho,
percebi que talvez eu pudesse escrever um pouco também, e que isso é tâo
importante quanto um nome impresso.

A idade trouxe também um aumento no número de interesses. De repente, eu
estava lendo livros sobre ciência, tecnologia, história, finanças
pessoais, produtividade. O que importa não é necessariamento o conteúdo,
mas o poder das palavras escritas. Um história bem tola pode ter uma
mensagem interessante por trás. Um livro sobre complicadas teorias
matemáticas foi escrito por pessoas ordinárias, cujas vidas dariam
premiados romances. Tudo é apenas a expressão da inteligência humana.

Eu escrevi muitas coisas na minha vida, provavelmente nenhuma delas
merecedora de publicação. Entretanto, minhas professoras de Português
pareciam gostar das minhas tarefas. Foi por aí que vi que tinha certa
habilidade com as palavras. Por diversão, escrevi alguma histórias. Eu
sou ótimo em começar histórias e péssimo em terminá-las, então não
guardei nada. Escrevi tambem alguns ensaios, e até já tive um blog, no
qual publiquei todo tipo de texto meu (aqueles que eu consegui
terminar). Nada extraordinário, mas enfim. Chegou o vestibular, e a
falta de tempo, e finalmente a falta de motivação.

Veio a faculdade. Tantas coisas novas, tantas experiências.
Infelizmente, esqueci da alegria de escrever.

Quando estava prester a concluir, eu voltei a ler um bocado.
Naturalmente, o desejo de escever veio junto.

Eu não sou Machado de Assis, nem Jorge Amado, e jamais escreverei
qualquer coisa próxima do pior trabalho de José Saramago e Fernando
Pessoa. Essa gente não é deste mundo. Eu sou, portanto eu escrevo com as
habilidades que tenho. Meus professores, minha mãe (isso não vale), meus
amigos parecem gostar do que eu escrevo. Que diabos, se uma única pessoa
gostar já está valendo.

Eu luto com o constante fluxo de ideias chegando na minha cabeça. Neste
exato momento tenho ideias para meia dúzia de romances (tenha paciência,
serão escritos no momento adequado). E como falei, tenho pensamentos
sobre muitos assuntos diferentes. Esse site é uma tentativa de coletar,
organizar e armazenar essas ideias. Eu já tive um blog, mas agora eu
estou muito mais maduro. Era uma criança quando escrevi aqueles textos
bobinhos, e agora eu sou um homem. E um homem que precisa escrever.

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Por Fábio Fortkamp

Pai do João Pedro, Marido da Maria Elisa, Professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Estado de Santa Catarina, católico devoto, nerd

7 respostas em “Uma necessidade de escrever”

Fantástico, PARABÉNS pela luta, meu AMIGO e muito grato por disponibilizar, abração, professor Antenor – Geografia

Ok, já cliquei em CONFIRMAR ASSINATURA e pode enviar email’s à vontade, leio tudo! Abração do professor Antenor.

Que leitura interessante, vem de encontro a um projeto meu de escrever um livro sobre a história da educação brasileira, valeu Fábio, muito agradecido!

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