Categorias
Artigos

Simplifique sua vida: compromissos

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta.

Uma vez que você definiu as suas prioridades, é hora de identificar
seus compromissos.

Continuando no exemplo do texto anterior, você decidiu
que fotografia é uma prioridade. O que você precisa fazer, então, para
manter esse hobby? Precisa conservar suas lentes, aprender a usar um
programa de edição, manter a sua coleção organizada…

Pode parecer estranho ter compromissos em algo que deveria ser
simplesmente prazeroso. É uma questão de organização: você sabe que
gosta de sair e tirar fotos, mas para isso é preciso ter as suas lentes
em ordem quando precisar delas. Para aproveitar as partes boas, você
precisa cuidar de alguns detalhes pequenos.

Esse exercício é ótimo para identificar perdas de tempo, principalmente
no seu trabalho. Você sabe que tem o compromisso de escrever relatórios
periódicos, e eles contêm diagramas e gráficos, mas eles não são
responsabilidade sua. Você apenas tem de escrever o relatório (de forma
decente). Então, você conversa com algum desenhista ou projetista da sua
empresa, que esteja na mesma equipe que você, e delega essa tarefa para
ele. O tempo que você gastaria fazendo todos aqueles desenhos, coisa que
você odeia, é gasto buscando mais informações sobre o tema do seu
documento, por exemplo. Mas isso só pôde acontecer quando você
percebeu que tem o compromisso de escrever e não o de desenhar. O seu
chefe não se importa que outra pessoa, mais capacitada, faça esses
desenhos, mas quer que você escreva o documento para poder explicar para
ele depois.

Também funciona para tarefas domésticas. Talvez você more com alguém que
goste de tarefas mais administrativas, como fazer compras, pagar as
contas etc. Você odeia ir ao supermercado, mas não se importa em ligar
uma música e fazer uma faxina geral. Então, vocês conversam, e você
assume o compromisso de manter a casa limpa enquanto seu colega cuida
das compras e das contas. Ir ao banco era algo supérfluo para você, e
você pode usar esse tempo para outras coisas.

Novamente, você só pôde fazer isso porque parou e pensou.

Em ação

Para todas as atividades correntes na sua vida, faça uma lista dos seus
compromissos. Se sua família é uma proridade, o que você precisa fazer
para melhorar sua relação com ela?

É importante que você reconheça que você deve dar atenção às suas
prioridades, mas não deve se esquecer das outras coisas. No meu caso,
por exemplo, eu não vivo obcecado com dinheiro, mas sei que é preciso
dar atenção: fazer um orçamento mensal, anotar meus gastos, cuidar de
poupança e investimentos etc. O objetivo, naturalmente, é gastar o
mínimo de tempo nisso.

E, não custa lembrar, comprometa-se com o mínimo de coisas. Isso é uma
jornada para simplificação..

Publicidade
Categorias
Artigos

Simplifique sua vida: prioridades

Esse é mais um texto da série “Simplifique sua vida”, na qual eu
narro minha jornada para eliminar o máximo possível de complicações,
seguindo as ideias do Simple Living Manifesto de Leo Babauta
.

No primeiro texto da série, eu escrevi que, apesar de ter poucos
compromissos e responsabilidade, eu sinto como a minha vida fosse muito
complicada, o que é um reflexo da maneira errada como conduzimos nossa
vida. Ao menor descuido nosso, o excesso de coisas materiais, tarefas e
informação nos dominam.

Simplificar é eliminar o excesso. É simples: temos uma quantidade finita
de horas por dia e anos de vida. Moramos em casas e apartamentos
finitos. Ganhamos um salário finito (embora alguns jurem que seu salário
seja infinitesimal. Piada de engenheiro). Não podemos ter tudo nem fazer
tudo. Temos que ter prioridades, e esse é o primeiro item do
manifesto.

Certo, você quer eliminar excessos. Quer ter mais tempo para fazer o que
gosta. Então, precisa identificar o supérfluo.

Eu sei que essa etapa parece aquilo que acontece quando você começa a
estudar algum idioma. Você quer logo aprender o equivalente do verbo to
be
e o professor insiste em lhe perguntar por que você quer estudar
aquilo. Como se você já soubesse!

Acredite em mim, sempre achei isso chato, mas nesse caso é necessário.
Vamos começar com um exemplo prático hipotético.

Suponha que você tenha alguns hobbies, digamos fotografia, música, e
corridas. Você se sente estressado porque não consegue dividir o tempo
entre seu trabalho, seus relacionamentos e essas atividades. Aí você
senta, pensa na vida, e descobre que seus relacionamentos são
importantes porque vocês fica rodeado de pessoas boas e que lhe amam.
Seu trabalho é importante, e quanto mais você se dedicar a produzir algo
de qualidade (o que não significa trabalhar mais horas), mais você será
valorizado financeiramente. As corridas que você faz são importantes
porque é o seu momento de desestresse, de superação, e está fazendo
muito bem para sua saúde. A fotografia é importante porque sempre lhe
dizem que você tem um olhar bom, tira retratos excelentes, e você
percebe que adora ler revistas, blogs e livros especializados. E a
música é importante porque… porque… E aí você percebe que ganhou uma
guitarra quando adolescente, você nunca conseguiu avançar nos estudos,
mas como ela está ali, no seu quarto, olhando para você, você se sente
mal por nunca tocar. De repente, você percebe que a música foi um hobby,
mas já passou. Você não arranja tempo para treinar porque você sente que
não vai adiantar, e percebe que quer voltar a tocar mais por obrigação
que por vontade, e que é melhor se dedicar a outras coisas.

Quando você admite para si que não se importa em largar a música, você
se sente libertado. Em vez de ficar com o pensamento de que precisa
treinar, você senta e lê aquele livro novo de fotografia que você
comprou. Em vez de sair e comprar cordas novas, já que você acha que tem
a obrigação, você sai para correr. Sem culpa.

Não quero discutir a minha lista de prioridades por achar que isso é
algo bem pessoal, mas posso dizer que essa parte da música é verdade
para mim. Sem pensar explicitamente nisso, eu percebi que, por mais que
tocar violão seja legal, não é uma prioridade para mim. Eu prefiro sair
com minha namorada, ou com meus amigos, ou ir em uma festa de família
que ficar treinando. Prefiro escrever que ficar aprendendo uma nova
música.

Também percebi, por exemplo, que ler livros é uma absoluta prioridade
para mim, enquanto que ficar vendo TV indefinidamente não é. E isso está
me ajudando a romper o hábito de ligar a televisão à noite,
substituindo-o por um livro (especialmente ficção, que anda meio
negligenciada por mim).

Em ação

Aqui está o que você precisa fazer: sente-se com um caderno ou com algum
app no seu dispositivo de escolha (eu usei o Day One, já que ele é
meu repositório de textos pessoais como esse), e faça uma lista das 5
coisas mais importantes na sua vida.

Não tente mentir para si mesmo. Identifique o que lhe faz feliz ou
acrescenta algo.

Importante: isso não é uma lista de sonhos. O seu trabalho, mesmo que
não seja a maior fonte de felicidade, provavelmente é importante, já que
ele lhe permite fazer tudo o mais. Aliás, se ao fazer esse exercício
você descobrir que não consegue listar aquela atividade na qual você a
passa a maior parte do seu dia entre as cinco coisas mais importantes,
talvez seja hora de procurar alternativas.

Se você eliminar o supérfluo, o que fica?

Categorias
Artigos

Simplifique sua vida: Introdução

Eu tenho uma vida razoavelmente simples. Moro com minha família, faço
mestrado em engenharia, tenho uma vida social razoável, dirijo um carro
simples (embora não goste de dirigir), gosto de ler e de manter este
blog. Não tenho emprego, não preciso sustentar uma casa, tenho poucos
compromissos e quase nenhuma responsabilidade.

Ainda assim, eu me sinto como se minha vida fosse complicada. Meu quarto
frequentemente está bagunçado. Muitas vezes tenho dificuldades de
gerenciar minhas tarefas no mestrado. Quando quero encontrar uma
informação (mesmo algo banal como o nome de um livro que vi e quero
comprar agora), nem sempre sei onde procurar. Perco muito tempo nas
redes sociais. Parece que minha lista de textos no meu leitor RSS não
termina nunca. Compro presentes em cima da hora. Quando tenho algum
compromisso, chego mais atrasado do que gostaria. Demoro muito tempo
entre acordar e sair de casa, pela manhã. De noite, quando sinto que
poderia fazer algo de bom (como escrever algo para este blog), parece
que o tempo voa. Não me sinto informado sobre o Brasil e o mundo.

É claro que muito disso é minha falta de organização, mas meu ponto aqui
é outro. Viver é complicado (e de novo, eu enfatizo que sei que minha
vida é muito menos complicada que a da maioria das pessoas). O excesso
de informação e de coisas para fazer, mesmo as mais mundanas, nos
sobrecarrega e nos tira tempo para fazer o que de fato gostamos ou
precisamos fazer. Por que perco tempo no Twitter e no Facebook em vez de
escrever? Por que, quando estou com minha namorada, fico preocupado com
meu mestrado? Por que fico passivamente lendo textos de blogs em vez de
avançar na minha lista de livros? Por que “não sei onde está aquele
documento” é mais frequente que “claro, está aqui comigo”? Por que
sempre tenho de procurar a mesma informação, em vez de ter um sistema
que organize isso de maneira eficiente? Por que os dias parece que não
rendem?

A matemática é simples: os dias duram 24 horas, em média. Para você ter
tempo de fazer o que quer, precisa eliminar tarefas. De maneira
semelhante, a nossa atenção, a nossa força de vontade, a nossa
concentração são recursos limitados. Para nos concentrarmos naquilo
que interessa, precisamos livrar a nossa cabeça de coisas supérfluas.

Precisamos simplificar nossa vida.

Minimalismo

Não consigo me lembrar de como cheguei ao Zen Habits, o blog sobre
simplicidade e minimalismo. Leo Babauta escreve bem e sobre coisas
relevantes: como simplificar, como ter tempo para as coisas que
importam, como cultivar hábitos bons. Falei há pouco de ter cuidado com
blogs, mas esse vale a pena.

Leo não é um grande teórico. É alguém que tinha seu emprego, sua
família, seus compromissos, e percebeu que sua vida não andava nos
trilhos: acima do peso, fumante, com dívidas, insatisfeito no emprego.
Resolveu mudar, simplificando sua vida ao máximo, e documentar o
processo em um blog. Leo não tenta nos ensinar de maneira autoritária:
ele relata suas experiências e nos propõe uma reflexão. O seu tom casual
com uma escrita simples e correta chamam a atenção.

O blog todo é cheio de textos muitos bons. Tem um, porém que é
imbatível: Simple Living Manifesto, um manifesto de 72 ideias para
simplificar sua vida. À medida que eu lia as ideias, percebi que podia
simplificar muito da minha vida. E percebi que essa lista não é mágica,
é apenas uma seleção de itens que tendem a nos tirar a atenção.

Resolvi tentar, e usar FabioFortkamp.com como canal de relatos.

Anunciando a primeira série de FabioFortkamp.com

A série Simplifique sua vida trará meu relato das tentativas de
simplificar a minha vida, baseado no manifesto de Babauta. Não vou
pegar os itens um a um e copiar aqui. Em vez disso, vou pegar as ideias
principais de Leo, agrupá-las segundo o meu raciocínio, contar a minha
implementação e relatar minhas experiências.

Recomendo ao leitor que leia o texto original (ou a versão
simplificada
, produzida pelo autor depois de críticas a uma lista
“minimalista” de 72 itens).

Aproveita para enfatizar que meus próximos textos não serão apenas sobre
isso. Gosto de tratar de temas variados neste blog.

Vamos simplificar.