Não posso deixar de usar o meu blog para linkar para este fantástico ensaio com um breve histórico das equações de Maxwell.
Para os totalmente leigos, as Equações de Maxwell são um conjunto de equações que decreve o comportamento de campos elétricos e magnéticos. Junto com algumas relações auxiliares, como as relações constitutivas (que descrevem a propriedade de materiais) e a Lei de Lorentz (que explica as forças elétricas e magnéticas), a teoria de Maxwell descreve como a corrente sai da tomada e alimenta a sua televisão e também por que o ímã gruda na sua geladeira (mas não na esquadria de alumínio).
Desde 2015, minha vida profissional é dedicada a estudar a resolver as Equações de Maxwell. A todos os acadêmicos que lêem este blog, um conselho: não tenham medo de se debruçar profundamente sobre uma teoria. Sim, eu tive de voltar a estudar muito cálculo vetorial, revisar métodos de soluções de equações diferenciais, ler artigos e livros, e nada disso foi “perda de tempo”. Hoje meu trabalho envolve muito mais simulações numéricas que soluções analíticas de equações, mas as Equações de Maxwell continuam presentes — apenas é um computador que está resolvendo-as. E todo o trabalho gasto na teoria rende dividendos agora, porque quando eu vejo o resultado da simulação eu sei como ele deveria se comportar, e tenho uma ideia do que é preciso fazer se quero que o resultado seja de um determinado jeito. Nunca dêem ouvidos àquelas pessoas que dizem que não é preciso estudar Cálculo ou Física porque as simulações de computador fazem tudo por você.
O que me chama a atenção também é o esforço de Oliver Heaviside em transformar as Equações de Maxwell na forma vetorial; que belo exemplo de trabalho profundo e de como a disposição em “se isolar do mundo e atacar uma atividade intelectual realmente difícil quando necessário” (como falei no outro texto) pode causar um impacto muito grande.