Eu gosto de Friends. Gosto também de The Big Bang Theory, de Two and a Half Men (antes de Ashton Kutcher, naturalmente), da nova série da Warner Mom. Como diz minha mãe, gosto de todas essas séries com aquelas risadas de fundo (irritantes, na opinião dela).
Às vezes eu estou cansado mentalmente, depois de ler ou escrever muito. Ligo inocentemente a televisão do meu quarto, em um horário que sei que está passando algumas destas séries. Apenas um relaxada básica, antes de continuar o que eu estava fazendo, antes de terminar aquele capítulo. Dez minutinhos e deu. Sério! Não acredita em mim?
Nem eu acredito em mim.
Os poucos minutos em que eu paro para assistir se transformam em horas, episódios inteiros. Eu fico sentado, olhando para a televisão como um zumbi, e o tempo voa. De repente, eu me dou conta do que tenho para fazer, desligo a televisão, grito um palavrão qualquer e volto ao trabalho.
Eu nunca fui muito de assistir televisão. Lembre-se, eu era o garoto esquisito que gostava de ler. Hoje em dia eu assito bem mais, principalmente em companhia, assistindo ao jornal ou vendo algum filme. Isto não é o problema, e sim aquelas escapas durante o dia, para dar a tal da “relaxada”. A minha força de vontade não é suficiente para acabar com esse hábito.
O que eu fiz então foi tirar a TV da tomada.
Muito do que se fala sobre produtividade envolve eliminar barreiras. Como falei há pouco tempo, um aplicativo como o Drafts pode ser um aliado importante na organização, ao eliminar a barreira de tempo e ferramentas para anotar o que vem na sua cabeça. Você pega o celular, desbloqueia-o, abre o Drafts e pronto: pode anotar — com o tempo, até o movimento dos dedos para digitar e localizar o ícone se tornam automáticos. Ou veja o caso do meu ambiente agora: eu uso um programa de notas chamado nvAlt, que está sempre aberto no meu computador. Quando estou sentado em frente ao computador, e quero escrever, a barreira entre vontade e ação é muito pequena: um atalho de teclado me leva ao programa, onde tenho uma lista de todos os meus textos, incluindo rascunhos. Um exemplo agora fora do computador: eu deixo todas as roupas destinadas a praticar esporte separadas num canto. Quando quero andar de bicicleta, ou caminhar, não existe a dificuldade de ir pegar uma camiseta num lugar e a bermuda em outro. Abro meu armário e está tudo lá.
Mas um outro aspecto importante de produtividade menos mencionado é impor barreiras onde é preciso. Como no caso da TV, desligo da tomada. Se eu realmente quero assistir TV, quero rir um pouco, já terminei meu trabalho, eu posso facilmente esticar o braço e ligar na tomada. Mas essa pequena dificuldade já serve como ponto de parada nas pequenas pausas. Faz-me pensar se eu realmente quero assistir, se não é melhor fazer outra coisa. Uma barreira articial, imposta pelo meu eu sensato, age sobre o meu eu imprudente.
Outra dica que funciona muito bem para mim é mover aplicativos da tela inicial do iPhone. Ultimamente vendo tentando adquirir o hábito de escutar mais podcasts e menos músicas enquanto faço exercício. O simples fato de mover o app do Rdio da tela inicial tem sido de grande ajuda; ter de navegar até a segunda tela, mesmo que envolva arrastar o dedo por um segundo, já é um gatilho psicológico importante.
Funciona muito bem com comidas, também. Por algum motivo obscuro, eu guardei os ovos de páscoa no meu quarto. Claro, um convite perfeito para aquele “pedacinho” inocente. Não cometa esse erro. Deixe comida na cozinha, e se dê ao trabalho de ir até lá.
Assim, se o leitor está tendo dificuldade com algum hábito que gostaria de largar, experimente agir para torná-lo difícil. Hábitos são coisas tão naturais que quando se foge do cenário habitual a sua mente tem dificuldades de se adaptar, forçando-o a pensar de maneira mais deliberada.
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