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Uma regra básica de etiqueta em anexos de email

Um dia desses, o Vladimir Campos postou uma questão interessante
no App.net: por que algumas pessoas insistem em mandar arquivos .rar em
email, muitas vezes quando ele é desnecessário — e impede a visualização
em smartphones?

Esse problema leva a uma questão ainda maior. Poucas coisas me irritam
mais que receber um arquivo de um programa que eu não tenho, e que de
repente sou obrigado a ter porque ele se tornou supostamente “um
padrão”. Então deixem-me clarificar uma coisa.

Eu uso um Mac, por opção pessoal (sim, eu sou milionário sarcasm
detected
). No meu Mac, existem os programas que eu uso: as ferramentas
de programação para meu mestrado, um editor de texto geral, o Safari, o
YNAB, o Day One. Periodicamente, eu vou deletando tudo o que não
preciso. E tenho uma política de só instalar aquilo que acho realmente
que vou usar. E é por isso eu não tenho o Office instalado no meu
computador.

Como?

Sim, eu não tenho no meu computador pessoal nem o Word, nem o Excel, nem
o Powerpoint. Sim, eles existem para Mac. Mas, antes de ter um Mac,
eles não estavam instalados no meu computador Windows. E há um tempo eu
usei Linux por mais de um ano e, claro, não usava Office.

Eu odeio o Office com todo o ódio que meu coração é capaz de conter — é
lento, a interface é um lixo, é complicado de usar, não é confiável, é
um inferno para tratar arquivos antigos. Mas isso não importa. Eu não
uso o Office principalmente porque eu não preciso dele, e tenho certeza
que muita gente odeia-o mais ainda mas usa por necessidade.

Deixem-me então propor uma regra básica de etiqueta de anexos de email:
não mande arquivos por email se você não tem a absoluta certeza de que a
outra pessoa vai conseguir abri-lo.

Para os leigos, existem formatos de arquivos que são proprietários e que
são abertos. Por exemplo, arquivos de texto puro, geralmente com
extensão .txt (ou formatos de programação: .c, .cc, .m, .f, .html),
podem ser abertos por milhares de programa. Fotos em formatos JPG e PNG
e documentos PDF podem ser visualizados e editados em muitas opções. O
código por trás desses formatos, as instruções para seu computador
transformar 0s e 1s em fotos e documentos (por exemplo), está disponível
para todos, e assim os programadores podem criar programas que os
interpretem. Isso gera um corolário interessante: como os programas não
podem se diferenciar no formato final, eles competem pela qualidade das
ferramentas. Um arquivo .pdf é universal, mas determinado programa pode
ser mais rápido na hora de abri-lo, outro pode focar no reconhecimento
de caracteres, outro na edição. Mas repito: um arquivo editado por um
programa pode ser aberto e reeditado com muita facilidade por outro, já
que o tipo de arquivo é independente do aplicativo.

Formatos proprietários não têm a sua especificação aberta. Outros
programas até conseguem abrir, mas o resultado final é ruim porque
alguém teve de fazer uma espécie de “engenharia reversa” para descobrir
como os arquivos são codificados. Um arquivo DOCX foi feito
especialmente para ser aberto com o Word. A consequência é obvia: não
existe exatamente pressão para a Microsoft melhorar o programa; qual a
opção? Será que as pessoas estão dispostas a migrar todos os seus
documentos antigos?

Se algum dia eu for trabalhar num ambiente que exija usar o Office, eu o
farei sem problemas. Mas eu jamais enviarei um arquivo do Office para
alguém de fora da empresa a não ser que seja previamente combinado.

Ah, uma palavra sobre compactação: como o Vladimir falou, com as
velocidades de internet disponíveis, geralmente ela não é necessária.
Além de gerar suspeitas sobre o conteúdo, ainda exige um programa
adicional só para visualizar. Formatos mais “populares” como o .zip
ainda são extraídos automaticamente e tratados nativamente pela maioria
dos sistemas, então devem ser priorizados. Se você usa o Dropbox, ainda
é possível mandar um link para a pessoa baixar – o que não ocupa nem
espaço no email.

O tempo passa e as tecnologias avançam — vamos usar isso a nosso favor.

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Por Fábio Fortkamp

Pai do João Pedro, Marido da Maria Elisa, Professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Estado de Santa Catarina, católico devoto, nerd

5 respostas em “Uma regra básica de etiqueta em anexos de email”

Meu computador também é um Mac, mas fui obrigada a instalar o office (que vive travando) porque na minha faculdade os trabalhos precisavam ser entregues em .docx ou as apresentações em .ppt. Na prática, fazíamos trabalhos em grupo no google docs e depois fazíamos as edições no word. Que programa você utiliza para estas edições, na sua produção para o mestrado?
Atualmente meus textos se limitam ao Evernote e o Day One, mas ainda não encontrei um bom substituto para o excel.

Oi Bruna! Escrevo meus trabalhos em LaTeX, conhece? É uma “linguagem de formatação”, onde você mistura textos e comandos. Na engenharia é muito usado pelo suporte espetacular a equações e gráficos.

Eu estava usando o Sublime Text, que é um editor de texto bastante genérico, com suporte a diversas linguagens, incluindo o LaTeX. Mas ele é poderoso e por isso caro demais, por isso não comprei. Estou querendo comprar o Texpad, que é especializado em LaTeX.

Como falei, o Word é padrão no mundo, mas escrever documentos com muitas equações é bastante ruim. Como trabalho com programação, tendo a fazer as coisas num nível mais técnico.

Fábio, você usa qual editor de texto?! Quando manda pros “normais” (rs) esse texto ele se mandem na formataçao original de envio?! Pergunto porque uso windows e todos dos programas de pós e revistas pra submissão tambem! Com você isso vai bem?! Abraço

Fellipe, eu escrevo meus textos em LaTeX, mas não sei na psicologia é usado. O LaTeX não é um programa, mas uma linguagem, e tem vários editores. Quando eu usava Windows eu usava o Emacs, mas ele é bem técnico.

Como as revistas de psicologia recebem os textos? Qual formato elas usam?

Para textos não técnicos (como o currículo), eu escrevo em Markdown e uso o Marked para fazer a formatação fina (ajustando tamanho de fonte, negrito etc). Exige um pouco de CSS.

Como falei, cada pessoa tem suas necessidades na hora de escrever. Como sempre trabalhei com programação, fui ficando acostumado a essas ferramentas mais baixo nível, onde você tem que configurar tudo. Eu realmente peguei um desgosto por processadores de texto.

Olá Fábio. Pois é, as revistas usam o .doc mesmo. Eu acabo usando o word, não só porque nao tenho um Mac, como tambem acho mais fácil passar os texto entre colegas co-autores e orientadores dessa forma. Esse ano estamos usando o dropbox as vezes para irmos atualizando o texto sem aqueles e-mail interminaveis, MAS você sabe… Velhos habitos são difíceis de mudar, entao… é isso!..P.S.: Eu nao entendo de CSS.

Nas verdade já to tomando uma coça do WordPress, aquilo ali pra mim já é difícil, lidar com servidor, FTP, cpanel…essas coisas! kkk

Grande abraço,
Fellipe

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