Era uma vez dois amigos, o João e o José. O João era popular, querido e
carinhoso. Todos gostavam dele, e por um motivo: ele sabia tratar as
pessoas. Era educado sempre, era um bom conversador, elogiava
constantemente.
O José era o contrário. Reclamava de todos, arranjava brigas e não
escapava de uma boa discussão. Não por acaso, ninguém queria ficar por
perto.
Havia também o Fábio, que achava que era parecido com o João mas na
verdade era mais como o José.
Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, é para os
Fábios que querem ser menos José e mais João.
Essa obra é um clássico — a primeira edição é de 1936. O estilo do texto
e algumas histórias apresentadas pelo autor deixam claro a idade do
livro, mas isso não significa a sua irrevelância. Mesmo com a nova
realidade de hoje, onde a tecnologia guia muitas formas de comunicação,
ainda precisamos lidar com pessoas no cotidiano – e precisamos fazê-lo
com tato.
Como Fazer Amigos … não é um tratado teórico sobre relacionamentos. O
autor não tem formação em psicologia ou filosofia. É um livro prático,
de alguém que sempre trabalhou com pessoas (principalmente na parte de
vendas) e começou a observar o que dava certo e o que não dava.
Ministrou cursos então sobre a arte de lidar com pessoas, coletou
histórias de participantes e as reuniu em um livro. É um tratado
empírico, por assim dizer.
À medida que eu lia, sentia-me constantemente surpreendido pela
quantidade de verdades óbvias que eu ignorava. Coisas como “não critique
e não julgue” — quem sou eu para achar que eu sou melhor que outras
pessoas (o primeiro capítulo, sobre esse tema, é um verdadeiro soco na
cara)? Ou então “você não pode ganhar uma discussão”; se você é aquela
pessoa que adora corrigir erros de português e provar que as outras
pessoas estão erradas, então você nunca terá muitos amigos. O segredo
fundamental de ser um João e não um José é nunca dizer: “você está
enganado”.
Outro ponto interessantíssimo é como ter uma conversa: muitas pessoas
simplesmente conversam sobre o que está acontecendo na sua vida,
atraindo sempre a conversa para si. Como diz o autor, é claro que você
se interessa pelos assuntos que dizem respeito a você, mas, para fazer
amigos, é preciso se interessar pelos outros. Quando alguém conta alguma
coisa, o José sempre diz “ah é? Isso me lembra uma história minha” e o
João provoca: “é mesmo? Conte-me mais.”
O leitor desse texto já deve ter percebido qual o segredo de fazer
amigos e influenciar pessoas: o outro. Se quiser ter sucesso ao lidar
com pessoas, precisa se interessar genuinamente pelas outras pessoas.
Precisa saber quais assuntos lhes interessam, precisa elogiar
constantemente, precisa parar de dizer que os outros estão errados,
precisa sorrir sempre, precisa deixar as outras pessoas falarem e se
sentirem importantes.
O livro tem alguns defeitos, como a taxonomia desnecessária (alguns
capítulos são técnicas, outros são princípios) mas não se engane.
Como Fazer Amigos… é maravilhoso.
3 respostas em “Resenha: Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”
[…] as pessoas me viam lendo Como Evitar Preocupações e Começar a Viver, de Dale Carnegie (autor de Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas), logo brincavam: “começou a ler livros de auto-ajuda, Fábio?”. Pessoalmente, não […]
[…] para interpretar a mensagem do autor. Com livros mais práticos, como A Arte de Fazer Acontecer ou Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, eu posso experimentar as sugestões do autor na minha vida e dar minha […]
Um resenha muito boa capaz de despertar o desejo pela leitura do livro. Parabéns!