Tem havido uma grande quantidade de textos falando do iPad como ferramenta de trabalho, incluindo um livro. O assunto aparece em podcasts também: Alexandre Costa recentemente falou de com usa o apenas o iPad para fazer seus podcasts, o que é um feito considerável.
Um iPad é mais leve, mais portátil, mais barato e quase tão capaz quanto um computador tradicional, mas o ponto principal desse tipo de análise é geralmente o foco. Com uma tela pequena, você só pode se concentrar em um programa por vez, forçando-o a fazer escolhas. Você não pode acomodar do lado da sua janela principal uma janela para o Twitter, ou chat, ou Facebook. Distraction-free é a expressão da moda.
Apesar de não ser sobre o iPad, Matt Gemmell publicou um texto excelente na mesma linha, dizendo que o seu MacBook Air é uma ferramente muito melhor de trabalhar que seu iMac. O segredo é usar a sua tela pequena da maneira certa, criando um arranjo eficiente de janelas e usando bem o teclado (confira também esse texto seu sobre atalhos de teclado no Mac).
Para o meu tipo de uso do computador, porém, foco não quer dizer muita coisa. Como Dr. Drang falou:
Which brings us to the type of writing being done. I don’t write fiction, but I can imagine that a lot of fiction writing can be done without any reference materials whatsoever. Similarly, a lot of editorials and opinion pieces are remarkably fact-free; these also can spring directly from the writer’s head. But the type of writing I typically do—mostly for work, but also here—is loaded with facts. I am constantly referring to photographs, drawings, experimental test results, calculations, reports written by others, textbooks, journal articles, and so on. These are not distractions; they are essential to the writing process.
Meu setup atual (lembrando que trabalho em casa) é um MacBook Pro 13”, sobre um suporte, conectado a um monitor de 24”. É muito espaço de tela, mas não é um convite para distração. Edito minha dissertação com um artigo do lado, para que eu possa fazer uma citação. Escrevo algum programa com uma janela do Safari ao lado para eu consultar alguma documentação. No monitor auxiliar, do próprio MacBook, eu mantenho uma janela do Rdio, para poder controlar minhas músicas, e às vezes uma janela do Finder para eu fazer alguma manipulação de arquivos. O espaço extra que eu tenho tem utilidade. Veja como está minha tela agora mesmo, com esse texto do lado esquerdo (escrito em Markdown) e uma visualização do lado direito:
Para pessoas como eu, um iPad não pode ser uma ferramenta de trabalho. A restrição de um programa por janela é claramente uma desvantagem, uma restição, e não um “convite ao foco”.
Mas não é sobre foco que eu quero falar, e sim sobre dor na coluna.
Durante muito tempo, eu usei meu MacBook exclusivamente puro, sem monitor externo. Há muito o que gostar: a tela é de alta qualidade, o teclado é excelente (tirando que você tem de se acostumar com o padrão americano), já tem câmera e microfone embutido.
O problema é isso:
(Você também pode ver como um engenheiro desenha e porque precisamos de arquitetos e designers.)
Como resultado do conjunto disso e de anos de má postura em geral, eu estou tendo de fazer Reeducação Postural Global. E por isso que hoje eu não abro mão de ter um monitor grande. Eu cheguei a trabalhar com o notebook sobre um suporte apenas; você não precisa manter o pescoço tão inclinado, mas esse setup não é ideal porque uma tela de 13” meio que é feita para você ver de perto.
Quando tenho de levar o MacBook para algum lugar, para algum trabalho temporário, ele é portável. Eu consigo trabalhar por algumas poucas horas na sua tela pequena. Mas no dia-a-dia, trabalhando efetivamente, eu não posso me dar ao luxo de ficar com o pescoço torto o dia inteiro.
Eu ainda uso meu iPad ocasionalmente, para ler os blogs que acompanho, para fazer anotações na minha dissertação, para fazer alguma pesquisa rápida, ou alguma anotação no meu diário, especialmente quando meu computador está desligado, mas são períodos curtos.
Eu fico me perguntando se daqui a alguns anos vamos ter uma nova epidemia de problemas na coluna, em virtude de todas essas pessoas que trabalham com um iPad. Depois de anos de pesquisa, conseguimos criar o setup ideal, e estamos ignorando tudo que aprendemos.
Eu tenho uma obrigação com o meu futuro eu, com a minha saúde, de estar olhando para uma tela grande — e não para perder o foco, mas para ganhar ergonomia.